Lucas Saraiva Braga Brito* Ana Beatriz Lima de Moura*, Deuziana Alves de Sousa* e Bruno Edson Chaves** (Alunos (*) e professor (**) da Universidade Estadual do Ceará)
“O que é fungo?” Talvez o que primeiro venha a cabeça sejam bolores, micoses e mofo. Mas estes organismos vão muito além disso, afinal quem não já viu um cogumelo ou uma orelha de pau no meio de um jardim? Esses organismos desempenham um papel importante na questão da reciclagem, de modo que junto com as bactérias, são os principais decompositores da matéria orgânica.
Dentre os diversos tipos de fungos, destacam-se os Basidiomicetos (ex.: cogumelos e orelha de pau), organismos macroscópicos (podem ser visto a olho nu) capazes de decompor a lignina (uma molécula encontrada nas plantas terrestres). Esta particularidade os tornam uma solução de baixo custo para o problema ambiental, como também uma atividade viável e autossustentável.
O Brasil apresenta rica diversidade desse grupo de fungos, sendo registrado mais de 3000 espécies, destas 95 ocorrem no Ceará. Em nosso estado um dos fungos mais comuns é o Urupê (Pycnoporus sanguineus), um tipo de orelha de pau, facilmente reconhecível por crescer sempre em madeira e pela sua cor laranja chamativa. Esta coloração vibrante é responsável pelo seu nome popular (do guarani “sangue de madeira”).
Esse grupo de fungos podem ser utilizados de várias formas, trazendo inúmeros benefícios para o homem, em destaque principalmente nas categorias alimentícia, mística e medicinal.
Cogumelos são consumidos desses as primeiras civilizações, algumas espécies (ex.: Shiitake, Champignon, Shimeji, Trufa, Morchella e Maitake) são amplamente utilizadas na culinária moderna e apresentam qualidades nutricionais comprovadas. De modo que, a cada ano, seu consumo vem crescendo, inclusive no Brasil, país que não tem tradição neste tipo de alimento.
O emprego do fungo em rituais religiosos também é uma prática antiga que ainda é vista nos dias atuais, e muitas vezes está associado a um escape da realidade e busca de algo superior e até místico. Na área médica, esse grupo desperta grande interesse como possíveis fontes de metabólitos bioativos, devido à atividade antibiótica, propriedades antifúngicas, antivirais, analgésicas e outras propriedades. Algumas espécies também são reconhecidas por seu uso médico popular, é o caso do Urupê que os Guaranis o utilizavam para tratar hemorragias.
Desse modo, podemos observar os inúmeros empregos e benefícios deste grupo de fungos. Portanto, é de extrema importância a continuidade dos estudos e pesquisas na área de Micologia (área da ciência que se preocupa em estudar os fungos), em especial a Etnomicologia (área responsável pelo estudo dos usos históricos e impacto social dos fungos); somente com o contínuo estudo podemos conservar a diversidade fúngica existente no Brasil, sem deixar de lado a compreensão de seu papel ecológico, econômico e social.
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