Mesmo em tempos de pandemia, os garis se desdobram para manter coleta de lixo e varrição em dia. Enquanto grande parte da população está em casa respeitando decreto do governo e mantendo o isolamento social, para os bravos trabalhadores da limpeza pública ficar em casa só mesmo nos dias de folga do trabalho diário.
Por dia são retiradas dezenas de carregamento de lixo recolhido nas ruas, bairros, vilas e distritos do município, por uma equipe de garis formada por homens e mulheres que se revezam em turnos de trabalho durante o dia e parte da noite. Um trabalho árduo, cansativo e desgastante, por causa da rotina diária, que, muitas vezes, leva o trabalhador à exaustão.
A empresa Braz Limp, terceirizada responsável pela limpeza pública, através da mão-de-obra dos garis, recolhe das áreas atendidas em média 72 toneladas de lixo por dia. Atualmente são 4 caminhões coletores, cada um recolhendo 18 toneladas divididas em duas viagens de 9 toneladas cada. Ou seja, cada caminhão leva dois carregamentos (18 toneladas de lixo) por dia para o lixão do bairro Chapadinha. Em cada caminhão coletor trabalham 4 garis, além do motorista. Fora os garis da coleta, existem também os trabalhadores da varrição que varrem e recolhem o lixo das ruas colocando em carrinhos e depósitos menores destinado aos pontos de coleta.
Para cobrir todas as áreas a empresa faz uma divisão imaginária da cidade, pela linha férrea. Num dia todas as equipes e veículos trabalham do lado de cima que vai da ferrovia até o distrito de Barro Alto. No dia seguinte, parte de baixo que vai até o bairro Varjota, na CE-060, saída para Acopiara.
Não estão inclusas as podas de árvore, que são recolhidas por outros caminhões e outras equipes.
Personagens
Mas apesar da fadiga e um pouquinho de falta de reconhecimento por parte de quem produz o lixo, os trabalhadores da limpeza seguem executando a tarefa de manter a cidade limpa, indiretamente zelando pela saúde e bem-estar da população. Saber que as pessoas estão em suas casas e poder oferecer a elas um pouco de qualidade de vida com a cidade limpa é motivo de orgulho para o gari José Cristiano Gomes, 33. Ele disse que sai de casa todo dia para trabalhar e sempre retorna orgulhoso do que consegue fazer, porque sabe que está ajudando a deixar a cidade mais saudável e bonita. Cristiano mora no bairro Chapadinha e quando conversou com a reportagem estava trabalho num turno da noite.
O reconhecimento da sociedade, pelo trabalho feito diariamente, é o mínimo que essa turma merece. Mas nem sempre isso acontece. Os garis se queixam de ofensas verbais, xingamentos, preconceito e discriminação. Todavia, afirmam também que isso vem de uma minoria. “Não são as pessoas humildes que nos atacam, são as pessoas ricas”, afirmou um dos trabalhadores que pediu discrição em sua identidade.
José Barreto de Lucena, 56, motorista de carro coletor, se orgulha do que faz. O trabalho dele é primordial, porque é o profissional que opera duas máquinas ao mesmo tempo, o caminhão que recebe o lixo e o equipamento acoplado que vai prensando o material até completar uma carga de 9 toneladas, capacidade máxima do carro. “A gente começa cedo, trabalha em toda cidade, e é preciso trabalhar com muita atenção, porque é um carro pesado, o deslocamento é lento e ainda tem que estar atento ao trânsito e aos garis que vão recolhendo o lixo”, relatou.
Arleudo Viana, 29, é um dos garis recém-contratado para a limpeza pública. Trabalha num dos carros coletores há pouco mais de um ano. Em sua missão diária de cooperar para manter a cidade limpa ele afirma que o mais gratificante é quando ouve um elogio de um morador. “Quando as pessoas dizem obrigado, a gente fica contente, porque sabe que aquela pessoa está agradecendo pelo trabalho”, disse.
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