Georgy Xavier Secretário de Saúde de Iguatu

11/04/2020

Numa das fases mais difíceis para a saúde pública de Iguatu, quando o município poderá entrar numa inevitável epidemia por causa do coronavírus, mediante as previsões do Governo do Estado, pelos órgãos oficiais e autoridades, o A Praça publica nesta edição entrevista exclusiva com o secretário de Saúde do município, o enfermeiro Georgy Xavier. Na abordagem feita por toda a equipe do jornal, o secretário falou sobre os casos de mortes ocorridas, a paciente recuperada, a estrutura montada para enfrentar uma possível epidemia, o tratamento de pacientes de casos confirmados e as medidas adotadas para inibir as aglomerações, fator considerado vital para diminuir os riscos de transmissão do vírus

A Praça – Secretário, na quinta-feira, 09, foram duas notícias distintas repassadas à população pela gestão: uma da paciente que morreu e uma da paciente recuperada da doença. Quais as sensações vividas nessas duas situações?

Georgy – Em relação à morte, é um acontecimento que, independentemente da causa, nos comove e principalmente os familiares. Nesses casos de Covid-19, a situação torna-se mais difícil para toda sociedade e familiares devido às recomendações de sepultamento/cremação. Em contrapartida, é uma alegria imensa para toda a equipe que presta assistência hospitalar o momento que a paciente apresenta melhora clínica e recebe alta hospitalar. É muito gratificante o momento de comunicar para a paciente que ela está melhor de uma doença que nos últimos meses está presente em todos os noticiários e é temida em consequência de suas possíveis complicações. Com muito esforço da nossa equipe do HRI e ajuda divina, conseguimos obter êxito na melhora da dela e devolvê-la para seu domicílio, com as devidas recomendações e orientações.

A Praça – Mediante tantas polêmicas sobre os medicamentos usados para tratar pacientes acometidos do Covid-19, que medicamentos são usados nos procedimentos aqui em Iguatu visando a controlar as infecções e restaurar a saúde dos pacientes?

Georgy – Quanto ao tratamento, utilizamos antimicrobianos por apresentar pneumonia bacteriana associada à infecção viral por Covid-19, e iniciamos um antiviral empírico após coleta do swab até o resultado chegar. Nos primeiros dias, houve necessidade de suporte com oxigênio em baixo fluxo para auxiliar a respiração da paciente e manter. Seguimos o protocolo preconizado pela Secretaria do Estado e Ministério da Saúde.

A Praça – No caso do resultado positivo para a Covid-19 do bebê de três meses. A família contesta o resultado. Os pais acreditam que ela faleceu de outros problemas de saúde que apresentava desde quando nasceu. Entre esses a síndrome de Bartter, que prejudica o funcionamento dos rins. Qual posicionamento da pasta em relação a esse caso especificamente?

Georgy – O resultado do LACEN foi entregue à família, no qual constatava a detecção do vírus no organismo, mas não quer dizer que a causa da morte foi o Covid-19 e sim que o vírus estava em seu organismo, mas entendemos e nos solidarizamos com a dor do luto da família.

A Praça – Secretário, o maior risco de transmissão do vírus, teoricamente, continua sendo pelas aglomerações. Imagens postadas nas redes sociais repercutem com filas e aglomerações no centro. Que medidas o município está usando para coibir isso?

Georgy – Criamos um Comitê de Vigilância, com algumas entidades como o Ministério Público, comando da Polícia Militar, Polícia Civil, Demutran e Vigilância Sanitária, para fiscalizar, orientar e fazer cumprir os decretos estaduais e municipal. Falando com todos os estabelecimentos para uma melhor forma de conduzir esse isolamento social.

A Praça – Pesquisadores e estudiosos afirmam que não atingimos ainda o pico da curva de transmissões. A previsão é para as próximas duas semanas. Se isso se confirmar, como o município está se preparando para atender os casos de pacientes graves?

Georgy – O município possui o seguinte fluxo: paciente com sintomatologia gripal é passado por uma triagem seja no Hospital Regional, UPA ou ESF, caso o caso seja assintomático para o Covid-19, orientamos para o isolamento domiciliar e acompanhamos esse paciente por meio da Vigilância Epidemiológica; o paciente que apresenta os sintomas será notificado e colhido o exame e continua a Vigilância Epidemiológica acompanhando, caso o paciente esteja com estado moderado ou grave, ele fica em isolamento hospitalar até sair o resultado do exame, confirmando o caso este será referenciado ou para o Hospital Agenor Araújo, que firmamos parceria para 25 leitos de isolamento ou fica no Hospital Regional onde temos mais 16 leitos de isolamento. Se o paciente for grave, precisa de UTI, onde estamos reformando e adaptando a antiga UTU, para recebermos 10 leitos de UTI nesses próximos 15 dias, firmamos a parceira com o Hospital São Vicente, para receber os pacientes nos 10 leitos de UTI de lá, para atender pacientes do SUS, que nesta semana é a previsão de funcionar e temos também em construção o Hospital de Campana da parceria do Estado/Federal e Município para nos próximos 30 dias estar em funcionamento mais 10 leitos de UTI, enquanto as UTIs não estão prontas, a nossa referência é o Hospital Regional do Cariri que tem disponível 60 leitos de UTI para a Região Cariri.

A Praça – A triagem para os pacientes com quadro assintomático é muito questionada. Quais são os parâmetros para a pasta considerar um caso suspeito?

Georgy – Os parâmetros para realizar um pré-diagnóstico, se o paciente apresentar um quadro gripal, com tosse, coriza, febre e principalmente a dificuldade para respirar, esse paciente é um paciente suspeito para o Covid-19. A previsão é esse número de casos na Região Centro-Sul, sendo que dos 420 casos, 85% deles serão leves, com isso, apenas o isolamento domiciliar será necessário, 10% precisará de internamento, o isolamento hospitalar, e 5% precisará de um tratamento mais intensivo no caso na UTI.

A Praça – Como o senhor observa essa demora por parte do LACEN em emitir o laudo do teste dos pacientes?

Georgy – A demora para os resultados saírem é muito angustiante, tanto para nós da gestão, pois ficamos sempre buscando novas estratégias de ação para o combate, e principalmente para o paciente para amenizar o tratamento, mas tudo isso se dá devido à grande quantidade de exames que chegam diariamente no LACEN, e a capacidade instalada não está é suficiente para dar os resultados.

A Praça – Secretário, como está sendo o critério para comunicação dos casos confirmados e suspeitos aos familiares dos acometidos ou não.  Há relatos que houve prioridade na comunicação à população em geral e pouca assistência emocional médica à família dos envolvidos. Como observa esse tipo de opinião?

Georgy – Ao sair o resultado, entramos primeiro em contato com o telefone do familiar que nos foi fornecido no dia da notificação, em seguida enviamos para a família ou para o hospital o resultado impresso ou via mídia conforme a autorização da família e todos esses são levados pelos profissionais da Saúde, só aí que divulgamos os números dos casos. Quanto ao depoimento, não temos nada a declarar e sim trabalhar. Estamos à disposição para receber ajuda e propostas de ações sejam por quem for. O momento é de união e buscarmos estratégias para minimizar a circulação do vírus e o sofrimento da nossa população.

A Praça – Além do coronavírus também temos neste período aumento dos casos de dengue, H1N1 e outras viroses. Como o município vai socorrer essa demanda, visto que os equipamentos de saúde local podem atingir o colapso devido à pandemia de Covid-19?

Georgy – Além do Covid-19, estamos realizando a campanha contra a gripe, H1N1, montamos a estratégia da vacinação no público alvo deste momento, os idosos, a ser feita em domicílio e tivemos uma aceitação maravilhosa, pois os nosso idosos são grupo de risco para o coronavírus, com isso atingimos quase 93% deles e o outro público da campanha é os profissionais da Saúde que também atingimos quase 94%. Quanto à dengue, os Agentes de Endemias estão divididos, uma turma está trabalhando a prevenção do Covid-19 e a outra nas ações contra a dengue. Pedimos a todos nesse isolamento social, onde todos estamos em nossas residências, que tenhamos cuidamos com a água parada e o lixo para que não tenhamos outra epidemia em nossa cidade.

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