Relojoeiro é o ourives dos relógios. O profissional se firma no mercado a cada dia e sua relação com os clientes está longe de acabar. Quem é dono de relógio e tem o acessório como objeto sentimental sabe da importância do relojoeiro. Só ele é capaz de pegar um relógio totalmente desativado e colocar para funcionar.
Genivaldo Oliveira dos Santos, 60, é relojoeiro profissional. Começou a mexer com os marcadores de hora aos 8 anos de idade. Foi inspirado por seu pai, o baiano João Francisco dos Santos, ‘João Relojoeiro’, saudoso. Atualmente, ‘Gil Relojoeiro’, como é conhecido, trabalha em sua banca, na Rua Floriano Peixoto, próximo do cruzamento com a Santos Dumont.
Há dez anos Gil mora em Iguatu. Casado com uma iguatuense, a cidade o acolheu e daqui ele não saiu mais. Antes de migrar para o Nordeste morou por 35 anos em São Paulo, onde fez cursos de aperfeiçoamento em manutenção de relógios. Ele já sabia na prática, o que aprendeu com o pai, mas queria muito aprender também na teoria e conseguiu.
Trabalhar com relojoeiro para Gil é um sacerdócio. É tão apaixonado pela profissão como é pelo time do coração Flamengo. Futebol é outra paixão deste mestre na restauração dos relógios. Só o futebol tirou o relojoeiro da profissão que ele é especialista, para os gramados. Habilidoso com a bola nos pés e tendo o talento reconhecido por ídolos do futebol, como Magu, ex-Corinthians, Gil ficou por dois anos e meio jogando nas categorias de base do Corinthians. Foi da época de outro grande líder do time paulista, Casagrande. Jogava como meia e ponta de lança, mas foi num jogo da Copa São Paulo quando ele entrou para jogar que foi traído pelo joelho. Uma torção no osso frontal excluiu para sempre do futebol.
Habilidade
Trabalhando como relojoeiro, Gil consegue pagar seus boletos e viver bem. Trabalha para ele mesmo, tem clientela fidelizada e relógio para consertar é o que não falta. Tem até um assistente, seu fiel escudeiro Adriano.
Gil está provando que para ser um bom relojoeiro precisa também está antenado com a tecnologia. Toda a manutenção nos relógios faz manualmente como um artesão. Usa a lupa, pinça, alicate, pincel, benzina, álcool, chave fenda, prensa e outros instrumentos. Mas para receber os pagamentos dos clientes, criou seu próprio QR-Code, tem chave pix e até maquininha de cartão.
Gil garante que conhece bem de relógio. É capaz de abrir um desses, até os mais modernos, depois montar novamente sem dificuldades. Para lidar com fragmentos tão pequenos, peças minúsculas o relojoeiro usa a lupa, um acessório colocado num dos olhos, preso pelo próprio músculo da pálpebra que amplia a imagem e auxilia o olho para manipular as pequenas peças da engrenagem do relógio. E assim o ourives das horas vai seguindo seu trabalho, ajudando aos mais diferentes anônimos restaurar os objetos de estimação, às vezes até peças que são relíquias, herança de família, presente de aniversário ou casamento. Para o relojoeiro Gil, o que importa é receber o relógio parado e devolver funcionando.
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