Caput mulieris, insolitum tellus. Cabeça de mulher, terreno estranho. Muitas, muitas vezes a Lógica, a velha Prudência e a boa Razão não explicam certos comportamentos do belo e frágil sexo. Reparai bem, conspícuo leitor, nestas duas historietas ocorridas na época imperial romana. Por certo havereis de concordar com o antigo lema dos monges medievais: Cave Feminam! Cuidado com a mulher!
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Insana Femina
Os gladiadores eram considerados a escória da sociedade romana. Criminosos condenados a morrer lutando na arena para o divertimento dos bons romanos. Eram cruéis, bárbaros, sem qualquer trato ou cultura. Pois pasme o leitor: no século I AD uma jovem chamada Épia, de ilustre família senatorial, rica, bela, apaixonou-se ensandecidamente por um abjeto gladiador chamado Sergíolus. E mais: abandonou a família, o status de romana e tudo o mais para fugir com o tal criminoso. Conta o poeta satírico Juvenal que o lutador era muito feio, tinha o nariz quebrado e não apresentava nenhum encanto. Não sabemos mais sobre o bizarro casal e sobre seu destino. Provavelmente devem ter conhecido a total ruína em algum canto obscuro do Império. O que teria levado uma jovem nobre romana a tal insanidade? Feminae saepe amentes! As mulheres às vezes parecem não ter cérebros!
Ímpia Faustina
A segunda história ocorreu no palácio imperial, também datada do I século de nossa era. Escândalos e atrocidades, com efeito, aconteceram frequentemente nas famílias de muitos imperadores. Causa espécie, todavia, tal evento ter ocorrido com o Imperador filósofo estoico Marco Aurélio. Ele foi homem austero, sensato, inimigo de crendices e de excessos. Mas a culpa, como sempre, foi da esposa. Contam os historiadores que a imperatriz Faustina assistia, ao lado do marido, a um desfile de gladiadores. Então, intempestiva e loucamente tomou-se de amores por um deles e queria desesperadamente ter sexo com ele. Estava totalmente desequilibrada e contou a Marco Aurélio sobre seus desejos adúlteros pelo gladiador. De resto, um criminoso comum e desprezível. O imperador, contrariando totalmente a sua boa índole, consultou os magos caldeus que lhe aconselharam uma bizarra receita. Era necessário matar esse gladiador e depois fazer a imperatriz banhar-se no sangue dele. Depois faria sexo com o imperador e estaria curada do sortilégio. E assim se fez! A que extremos, vede, pode chegar a volúvel e traiçoeira natureza da mulher!!!
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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