O agricultor José Bezerra Honorato, 40, é morador do sítio Caldeirões, Zona Rural de Jucás. Ele tenta há 15 dias fazer o saque do benefício de R$ 600,00 que está sendo repassado pelo Governo Federal por conta da pandemia do novo coronavírus. “Baixei o aplicativo, foi autorizado, o dinheiro está na conta, mas não dá certo sacar. Já vim aqui várias vezes atrás, e se não der certo hoje, vou voltar de novo, porque preciso desse dinheiro”.
Já o autônomo Jaeferson Paulino enfrentou a fila para fazer um favor. Ele chegou cedo à frente da Agência da Caixa Econômica, na Praça Gonçalves de Carvalho, no Centro de Iguatu, por volta das 20h do dia anterior. “Cheguei mais cedo pra guardar um lugar para meu cunhado. Ele tem que tirar leite às 3h da manhã. Eu vou ficar até ele terminar o serviço. Trouxe café, lençol para passar o frio e aguentar a noite”, disse.
Desde quando foi liberado o recebimento do Auxílio Emergencial, além do pagamento do benefício do Bolsa Família, que longas filas se formam nas casas lotéricas e agências bancárias, principalmente na Caixa Econômica. É preciso chegar à noite no dia anterior. “Cheguei às 6h da noite, o cartão do bolsa família tá bloqueado. Esse dinheiro ajuda no sustento de casa, esposa, duas filhas e duas netas. Vim pra fila porque minha mulher tem problema de saúde e não pode vir. O dinheiro, tenho que pegar lá dentro no caixa”, contou.
Medo, risco, necessidade
Durante esse período, muitas pessoas dormem sentadas em calçadas, outras no chão mesmo em frente às lojas, no entorno da agência bancária. Apesar do medo de se contaminar com o coronavírus, a maioria afirma que não pode ficar em casa sem emprego e sem dinheiro. É caso da dona de casa Francisca Gomes, 46, moradora do bairro João Paulo II. Ela tem quatro filhos e não recebe nenhum auxílio do Governo Federal. “Medo, a gente tem. A recomendação é ficar em casa. Mas a gente tem que se arriscar. Vim resolver como faço pra receber esses R$ 600. É um dinheiro que vai ajudar muito a pagar conta de água e luz que estão atrasadas, comprar alguma comida pra dentro de casa. E economizar o máximo, porque ninguém sabe até quando vai durar essa pandemia, e se ainda vamos receber esse dinheiro. Por isso temos que vir pra cá”, disse.
Em meio à paralisia econômica causada pela pandemia do coronavírus, mais de 33 milhões de pessoas já receberam em abril o auxílio emergencial de R$ 600,00 do governo, de acordo a Caixa Econômica Federal.
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