No mesmo mês em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher, a cidade de Iguatu teve mais um motivo para celebrar a força feminina como propulsora do desenvolvimento local. No dia 23 de março de 1955, a educadora Elze Lima Verde iniciou, em uma casa simples, o curso de extensão de Economia Rural. Seu projeto de educação se expandiu e foi inaugurado o Colégio de Economia Rural Doméstica Elza Barreto, que posteriormente se tornou a Escola Agrotécnica Federal de Iguatu (EAFI). A partir de 2008, a EAFI passou a integrar a rede de Institutos Federais, e a instituição passou a se chamar IFCE-campus Iguatu.
Por se tratar de uma instituição com mais de seis décadas na região, diversas pessoas que passaram pelas salas de aula se tornaram servidores ou colaboradores do Instituto. É o caso de Maria Nélgima Vitor, servidora aposentada que estudou na EAFI em 1984 e trabalhou por 35 anos no cargo de técnica-administrativa do campus. “Durante esses anos, essa instituição passou a ser a minha segunda casa. Testemunhei a transformação na vida de muitos jovens que por ali passaram. Construí muitas amizades que levarei para a vida”, ressalta.
O estudante egresso Antônio Gomes Souza Filho lembra com carinho de sua época na EAFI e diz que a instituição proporcionou experiências importantes para seu crescimento pessoal e profissional. “Primeiro, a EAFI representou pra mim a única oportunidade que eu tinha de fazer nível médio naquela época. Então foi lá que eu descobri realmente um novo mundo que ia além do horizonte que eu habitava”, recorda. Hoje, Antônio é professor pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O IFCE-campus Iguatu possui atualmente duas unidades (Areias e Cajazeiras), contando com cinco cursos de graduação (Bacharelado em Serviço Social, Tecnologia em Irrigação e Drenagem, Licenciatura em Química, Licenciatura em Geografia e Engenharia Agrícola); dez cursos técnicos, sendo seis na modalidade subsequente (Informática, Nutrição e Dietética, Comércio, Agroindústria, Agropecuária e Zootecnia), e quatro na modalidade Integrado ao Ensino Médio (Informática, Agroindústria, Agropecuária e Nutrição e Dietética), além de duas pós-graduações (Especialização em Educação Profissional e Tecnológica e pós-graduação em Gestão de Micro, Pequenas e Médias Empresas), totalizando 17 cursos inteiramente gratuitos.
Para celebrar a data de aniversário, foi realizada uma live comemorativa com depoimentos de servidores, estudante egresso e apresentações culturais. A ocasião também contou com a participação do gestor do campus Iguatu durante o período de 2013 – 2021, Dijauma Honório Nogueira, do atual diretor do campus Iguatu, Francisco Heber da Silva; e o reitor do IFCE, Wally Menezes. O vídeo completo pode ser acessado no canal do YouTube do campus: youtube.com/IFCEcampusIguatu.
Elze Lima Verde: o legado de uma educadora iguatuense
O filho de Elze, Helder Montenegro, comenta sobre a lembrança de sua mãe. “Não sei de onde vinha tanta garra, tanta disposição para trabalhar e para enfrentar as adversidades, sem falar da esposa, da mãe de seis filhos e da dona de casa. Não existia tempo ruim. Para tudo ela tinha uma saída inteligente e sempre com argumentos otimistas e bem-humorados”, diz, e completa “Lutou por muitas causas e conquistou várias outras para o Iguatu. Representou a força da mulher em tempos de preconceitos extremos, mas alcançou o respeito e admiração pelo que se propôs”, finaliza.
Para falar mais sobre a história dessa grande mulher, convidamos para uma entrevista a educadora e filha de Elze, Virgínia Maria Montenegro Ribeiro.
Sabemos que dona Elze foi uma mulher à frente do seu tempo, que contribuiu com o fortalecimento da Educação do município e com o desenvolvimento da região. Como foi para você acompanhar esse processo?
Virgínia – Quem conviveu no dia a dia com dona Elze (não somente eu como filha, mas outras pessoas que trabalharam com ela na Escola de Economia Doméstica, incluindo não apenas professores e funcionários, mas principalmente os alunos), tiveram a sorte de receber inúmeros ensinamentos de uma educadora nata, que respirava educação em todos os sentidos de sua vida, seja no trabalho, tentando sempre elevar e honrar o nome da Instituição, seja como cidadã, responsável e ciente do seu papel na sociedade ou também como esposa e mãe de seis filhos. Por trabalhar com tantos jovens, muitos vindos da zona rural, ela procurava sempre passar ensinamentos que eles pudessem levar para a vida toda, essa era a sua verdadeira paixão, iluminar e transformar vidas.
Quais lembranças de sua mãe à frente da Escola de Economia Doméstica lhe inspiram até hoje?
Virgínia – A firmeza dela sempre me inspirou muito, porque a minha mãe não se deixava abater diante das adversidades, dos problemas que surgiam, por pior que eles fossem. Para ela sempre havia uma solução para tudo. Dona Elze era uma pessoa que possuía uma energia positiva muito grande e não gostava de ter por perto pessoas com pensamentos negativos, que costumam sempre dizer “isso não vai dar certo” ou “eu não consigo fazer tal coisa”. Esses foram ensinamentos aprendidos dentro de casa, mas também como aluna dela, na época em que a escola possuía o nome de Escola Agrotécnica Federal de Iguatu.
Enquanto educadora, como você enxerga a contribuição do Instituto Federal do Ceará IFCE-campus Iguatu, no Ensino da região?
Virgínia – Falo não apenas como educadora, mas como ex-aluna, porque os melhores anos de minha vida como estudante foram vividos dentro dessa memorável Instituição. O Instituto Federal, ao longo dos seus 66 anos de existência, vem tendo um papel de suma importância para a educação de toda a Região Centro-Sul. Foram muitos os cidadãos que passaram por essa casa de educação e que puderam aprimorar os seus conhecimentos em várias áreas, através de todos os cursos técnicos nela oferecidos. Acredito que o fato de ter sempre à frente, em suas sucessivas administrações, pessoas responsáveis, competentes e comprometidas com o progresso educacional da região, o IFCE de Iguatu conseguiu se transformar muito ao longo desses anos em uma grande Instituição de Ensino Básico Técnico e Tecnológico, criando valores importantes para a formação de cidadãos de bem. É inegável o fato de que, com tamanha competência, o Instituto tenha deixado um grande legado de muita positividade e infindáveis contribuições à educação de nossa região. Esse reconhecimento é fruto de um trabalho feito com maestria e muito amor.
0 comentários