Iguatu se destaca com a produção de 60 milhões de litros de leite

14/10/2023

Segundo dados de uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (Pesquisa da Pecuária Municipal), Iguatu, com a produção anual de 60,3 milhões de litros de leite, ficou em segundo lugar, atrás de Morada Nova, que se mantém na liderança com 96 milhões de litros. Seguindo a pesquisa, Quixeramobim, com 54,4 milhões de litros, está em terceiro lugar.

Ainda de acordo com a pesquisa, o Ceará foi o estado do Nordeste que mais se destacou na pecuária leiteira e disparou 10,7% em 2022, na comparação com 2021. No ano passado, foram produzidos 1,1 bilhão de litros de leite. Esses dados refletem bem a realidade no campo, na zona rural de Iguatu, o produtor Mairton Palácio é um dos bons exemplos de resistência e crescimento produtivo. Com 17 vacas em lactação, produz em média 500 litros de leite/dia. “Esses números são bem dentro da nossa realidade. Algumas pessoas contestam, mas é o que é apresentado mesmo. A nossa região vem crescendo muito na produção e o principal fator que impulsionou esse crescimento foi a necessidade. A necessidade de nos adaptarmos às culturas de nossa região que podem produzir em nossos sistemas como a palma, a mandioca, a moringa. Tudo isso são culturas que são adaptáveis ao nosso solo, nosso clima e que produzem alimentos para os animais. Hoje a maioria dos produtores de leite da nossa região deixaram de ser tiradores de leite, passaram a ser produtores mesmo porque é uma necessidade da nossa região. O leite hoje representa quase que unicamente a fonte de renda das famílias. O leite hoje tem uma função social muito grande na nossa região. Por isso os produtores têm procurado se adaptar à realidade. Nós vivemos numa região de seca, não temos invernos constantes”, disse, ressaltando que os investimentos feitos anteriormente em pasto irrigado, pastejo rotacionado, não são seguras por conta da escassez hídrica em um período do ano.

“Com os anos de dificuldades que passei, eu aprendi a trabalhar com sofrimento. Comecei com pastejo rotacionado, na década passada, sofri aqui uns três anos de muito sufoco e por falta de água partir para palma, para mandioca e tem garantido uma sustentabilidade aqui na minha produção e assim outros vários produtores da região”, pontuou Palácio.

Genética e tecnologias

O melhoramento genético e o uso de novas tecnologias no campo contribuem para o avanço da produção. “Quando se diminuem as áreas de aproveitamento territoriais, tem que se melhorar a qualidade dos animais para que compense a falta. É a transformação da criação intensiva para extensiva. Quando você passa a criar o animal confinado ou semiconfinado, você tem que melhorar a genética. O animal tem que responder aquilo que ela come financeiramente. E para isso tem que melhorar muito a produtividade do animal e aqui a gente tem conseguido melhorar. O que tem melhorado a genética dos animais de Iguatu e região é uma coisa fora de sério. Hoje se traz muitos reprodutores do Paraná, se faz também muita inseminação artificial e a transferência de embrião”, acrescentou Palácio, ressaltando também a importância que os gestores municipais passaram a apoiar e investir mais no campo. “Eles compreenderam que necessitam da renda. A falta de renda no campo vai faltar no comércio da cidade. Por isso vem incentivando e espero que continuem cada vez mais incentivando a produção, apoiando os produtores nas suas atividades”, disse.

Produzir leite custa caro, mas, segundo produtores, tem melhorado pela otimização de custos. “Na verdade, o preço do leite caiu muito, mas também caiu o preço dos insumos, milho, soja baixou. A gente tem aprendido a produzir dentro das fazendas a própria alimentação. Mas, o nosso problema atualmente é essa importação de leite. A gente está concorrendo com outros países que têm subsídios, outras coisas que é desleal. Mas, as margens são curtas, sempre foram, mas apesar de todas as dificuldades, o leite, eu acho que ainda seja a melhor saída, que dá mais retorno”, afirmou Mairton Palácio.

Assistência técnica

Através da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, Iguatu conta com programas e incentivos para os produtores, além da assistência técnica, implantação do Programa Leite Saudável contribuem para o aumento da produção. Segundo o secretário Venâncio Vieira, “É uma representatividade da realidade que a gente vive no momento aqui. Já foi dito em um passado recente que o Ceará iria chegar a 100% da sua produção, a 1 bilhão de litros. Existia uma projeção da FAEC (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará) que era de chegar a esses números. O que está acontecendo é justamente o que foi projetado. Claro que passamos por 2, 3 anos de chuvas que ajudaram no campo. Mas, como é a realidade da fazenda do Mairton, que faz parte da Unidade Pecuária Iguatuense – UPECI, que envolve mais de 30 produtores, que juntos produzem mais de 30 mil litros de leite por dia. Tem produtores aqui que só produzem mais de 10 mil litros de litros de leite por dia na nossa região: Iguatu, Jucás, Quixelô, Mombaça, Acopiara, por exemplo. Esses municípios compreendem uma região muito forte na produção de leite. E quando se fala que Iguatu chegou a esse patamar produtivo é justamente por causa disso. Os produtores estão atentos à melhoria tecnológica, avançando no melhoramento genético, tentando implementar alternativas de alimentação. A alimentação suplementar, a proteína que faz parte da cadeia produtiva do leite. A gente sabe que a soja é necessária, mas existe um custo muito alto para o produtor. Vêm se implementando alternativas através de políticas públicas que vem inserindo a palma forrageira, a mandioca, a moringa, entre outros tipos de produtos que vem dando sustentabilidade à produção animal. Além da importância do manejo sanitário e da assistência técnica”.

Venâncio exemplifica ainda que “Iguatu, por exemplo, tem muitos produtores produzindo leite, tem entidades organizadas na cadeia produtiva. Iguatu tem um programa de apoio de assistência técnica, assim como outros municípios estão implantando. Além também da realização de feiras e exposições que incentivam cada vez mais os pequenos produtores, estimulando a produção de leite. Como temos aqui o programa Leite Saudável, que é desenvolvido em parceria com o Governo do Estado e Conafer. E os resultados são obtidos em números”.

 

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