Iguatu sedia encontro nacional de formação política de mulheres travestis, transexuais, homens trans negras e negros

05/11/2022

Iguatu sedia desde quarta-feira, 3, o Encontro Nacional de Formação Política de Mulheres Travestis, Transexuais, Homens Trans Negras e Negros. O evento, que consta com uma vasta programação, é realizado pela Associação de Travestis, Transexuais e Homossexuais de Iguatu – ATTRAHI, com o FONATRANS – Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros em parceria com a entidade internacional Ellas e apoio da Unific.

Durante o encontro acontecem mesas redondas, com foco na discussão sobre o racismo estrutural, o mercado de trabalho e oportunidades para o público trans, educação, além de relatos de vida, histórias de lutas, conquistas e também retrocessos dentro dessas lutas que buscam como objetivo viver em uma sociedade sem preconceitos e com respeito, além dos direitos e deveres sendo respeitados.

“O primeiro fórum nacional, como batizamos esse realizado em Iguatu, se encontra hoje com a participação de lideranças de todos os estados brasileiros. O objetivo é debater pautas de políticas públicas de fortalecimento, de empoderamento político das instituições e das pessoas travestis, transexuais negras e negros do Brasil”, ressaltou Butterfly Silva, presidente da Associação de Travestis, Transexuais e Homossexuais de Iguatu – ATTRAHI.

O encontro acontece até hoje, sábado, durante todo o dia. “A pauta do nosso debate é focar na empregabilidade dessas pessoas, focar na questão da educação, com a implementação de políticas públicas para que a sociedade possa perceber que nós precisamos estudar, ocupar os espaços que é nosso por direito”, apontou Butterfly.

O encontro também conta a presença da Jovanna Cardoso da Silva, (Jovanna Baby), considerada a fundadora do Movimento Organizado de Travestis e Transexuais no Brasil, representante do FONATRANS. Segundo Jovanna, Iguatu deu um pontapé inicial trazendo discussões para o estado tendo como foco pauta da negritude para dentro do movimento LGBT como um todo. “O movimento de travestis, transexuais, e o LGBT como um todo apagou por vários anos, a pauta da negritude, da pretitude, nunca defendeu o racismo. Nós temos uma contribuição importante da saudosa Tina, aqui do Ceará, que era lutadora dessa vontade de transformar e dizer que precisamos fazer um Ceará livre de todas as opressões, livre do racismo. Ela contribuiu muito nessa luta nacional. Infelizmente, foi vítima da Covid-19, mas chegamos a mais de 450 municípios do Brasil com essa proposta de combater o racismo que é estrutural”, afirmou.

“As crianças, por exemplo, não nascem racistas, não nascem lgbtfóbica, os pais que ensinam seus filhos a serem preconceituosos. Se as crianças fossem educadas para a diferença, para o respeito, não tinha assassinato, não tinha discriminação. Todas as religiões seriam respeitadas. Mas, somos um país que discriminamos pela cor da pele, pela condição social, pela religião… nenhuma criança nasce preconceituosa. E o nosso objetivo é combater, enfrentar e trazer para a sociedade essa discussão que não precisa ser preto para lutar contra o racismo, não precisa ser homo para lutar contra homofobia… a luta de inclusão e o apagamento do segregramento são uma luta de toda sociedade, nós todas, todos e todxs, temos que irmanar em uma só luta para todo mundo viver em uma sociedade humanitária para o fim preconceito”, ponderou Jovanna.

Luta pela vida das pessoas trans

O FONATRANS é um espaço nacional de inclusão e de unificação da militância de travestis e transexuais negras e negros, e visa a articulação com o poder público, com o terceiro setor e a iniciativa privada, com o objetivo de propor a criação políticas públicas específicas e estratégicas e a ampliação das já existentes. “Ele é reconhecido nacionalmente como parte do Movimento Social Político Organizado LGBTs, e tem como prioridade a promoção da cidadania plena e a luta contra o racismo, preconceito e discriminação sofridos por esta população, motivados exclusivamente por sua identidade de gênero, raça e cor”, explicou Jovanna Cardoso da Silva.

A articulação para lutar por direitos, por parte do FONATRANS, acontece em contato com todas as regiões do Brasil. Sua organização é composta e dirigida exclusivamente por travestis e transexuais negros e negras e tem atualmente 422 membros. A sede do Fórum está localizada na cidade de Picos, no Piauí, uma das únicas cidades do estado a ter legislação específica de proteção aos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

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