As chuvas verificadas em novembro passado e agora no começo de dezembro já mudam a vegetação do Centro-Sul cearense, com predominância do verde em substituição ao cinza da Caatinga. A transformação em Iguatu é fruto do mês passado, em específico, quando os acumulados que banharam a área fez do mês de novembro o mais chuvoso dos últimos 48 anos, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia (FUNCEME).
No maior município do Centro-Sul, novembro registrou uma média de 109mm, ou seja, choveu 962.4% a mais do que a média para o período. Os dados comparativos apontam que é o melhor novembro de toda a série histórica registrada pela FUNCEME, desde 1973.
Em um período que historicamente não é comum acumulados de chuva, o órgão contabilizou chuvas em nove dias. O maior volume do período ocorreu no dia 10 de novembro cerca de 80mm foram contabilizados na época.
Por quê?
As chuvas verificadas neste mês decorreram do posicionamento da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que contribuiu para aumentar a convergência dos ventos sobre o interior do Nordeste. A condição esteve atrelada às elevadas temperaturas das águas do Atlântico Tropical Sul, com anomalias positivas para esta época do ano, o que, combinado com os padrões de ventos, favoreceram o aumento da convecção sobre o Nordeste.
Os meses pré-estação chuvosa no sertão são dezembro e janeiro. Entre fevereiro e maio ocorre a estação chuvosa, em que o sistema principal de chuva é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Quadra chuvosa
A FUNCEME somente divulga previsão para a quadra chuvosa – fevereiro a maio – na segunda quinzena de janeiro. Se a partir de janeiro e fevereiro as águas do Oceano Atlântico Sul Tropical estiverem mais aquecidas em relação à porção Norte, favorece a aproximação da ZCIT, trazendo chuvas para o sertão cearense. “Vamos aguardar até a segunda quinzena de janeiro para termos um prognóstico sobre as chuvas em 2021”, disse Meiry Sakamoto, meteorologista da FUNCEME.
Outro quadro favorável é que nos próximos quatro meses há atuação de La Niña, quando a temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico na costa do Peru está fria. O contrário, ou seja, a formação de El Niño, aquecimento, é desfavorável à formação de nuvens de chuva sobre o sertão nordestino.
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