Por Fabrício Moreira da Costa (Advogado, contista e o mais novo filho de Iguatu)
Nesta quinta-feira (11), por unanimidade, a Câmara de Vereadores de Iguatu aprovou título de cidadania a este contador de histórias.
O Grande Arquiteto do Universo nos deu uma terra para nascer. Nos deu um chão para enterrar o umbigo. Um leito para o sono. Um céu para nos lembrar de casa quando fora dela e no meu caso, um rio que passa na minha porta e me traz esperanças e me leva os desenganos.
E meu deu pai, mãe, irmãos, tios, primos, família e com eles mulher e filhos, a continuidade a espécie, as gerações que nos ouvirão e passarão adiante, com o tempero de seus tempos, os ensinamentos que amealhamos na liça, na pedra, na estrada, nas veredas e nos sertões da vida.
Tudo isso vem de Deus que nos prepara para existir entre as colunas do entendimento, daí a generosidade do Pai, a grandeza de sua obra, a infinita sabedoria onipresente a nos mostrar todo dia, a cada instante, o bem e o mal, o bom e o mau, o laço que nos ameaça a alma desatenta.
Os homens, os filhos do Pai, como eu, fazem agora, de mim, um dos seus. Os homens, como deuses de suas almas generosas, me dão uma nova terra, um novo travesseiro para acolher meu sono, um novo tempo para eu viver por mais tempo, o tempo que já vivi aqui.
E como poderia eu ser mais feliz? Feliz é o homem que outros homens acolhem como irmãos. Feliz é o homem que por terras alheias tem a honra de, por bondade de seus iguais, fazer-se cântico de uma ode, versos de uma saga, história de outras vidas que lhe alegram o coração.
Recebo genuflexo, alma em oração, sua cidadania, me dada pelo carinho do dr. Ronald Bezerra – ilustre vereador desta Casa e valoroso advogado -, com a unanimidade de seus honrados pares e subscrito pelos edis Bandeira Júnior, Rafael Gadelha, Pedro Lavor, João Lázaro e Louro da Barra.
Isso faz de mim devedor eterno, operário por toda a vida, da nova terra, no novo lar, na construção do amanhã da terra e de seus filhos, agora meus irmãos…!
Quanta honra ser um de cada. Quanta honra pelos versos de Evaldo Gouveia. Quanta alegria pela poesia de Humberto Teixeira. Quanta honra pelos ensinamentos e cultura aqui deixados por um vizinho, também acolhido como eu, Padre Antônio Vieira, Dr. José Ilo Dantas. Quanta honra por Zé Ferreira de Iguatu, Eleazar de Carvalho e outros tantos maravilhosos e inspirados poetas, escritores, literatos, advogados, médicos, empresários abnegados desta terra.
A gramatura do papel deste diploma, pesa tanto como o que me cai nos ombros, uma carga de responsabilidades de um velho vizinho, um antigo serviçal, hoje um filho lavrado na pena de seus homens, no bico de seus pássaros canoros.
Eu creio em Deus! Creio nos homens!
Creio na fé e, principalmente, creio em que é possível ser feliz com novos iguais. Eu acredito em Iguatu, no seu passado, no seu presente e no seu futuro!
E como agradecimento pelo que agora fazem de mim conto-lhes uma história.
– Certa feita, reuniram cientistas, médicos, poetas, arquitetos, desenhistas, homens e mulheres de toda sorte, de todas as profissões, para um grande colóquio. Esse enorme grupo foi convidado para descobrir o voo de um besouro.
Um besouro, aquele besouro redondo, totalmente desprovido de uma arquitetura que lhe propunha voar.
Entre os pesquisadores, alguém até lembrou: reverenciados como deuses na cultura egípcia, os besouros são capazes de viver em qualquer tipo de ecossistema, seja muito árido ou muito úmido. Também conseguem sobreviver em áreas montanhosas a mais de 5.000 metros de altitude.
E muita coisa se descobriu sobre o besouro. Intrigante, porém, era porque o besouro voa. Como ninguém chegou a uma conclusão lógica, uma técnica compreensível, um determinado modo de operar, uma criança, que como eu, brincava com besouro na infância simplesmente acabou com as dúvidas.
Muito obrigado por me fazerem irmão de vocês.
Sim, estavam esperando o que o menino disse, não é?
O besouro voa porque acredita!
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