“Um povo sem conhecimento de sua história,
origem e cultura é como uma árvore sem raízes”.
Marcus Garvey
Começo a nossa coluna de hoje com essa frase que para nós, Iguatuenses, não poderá jamais ser confortante. Não é dos tempos presentes que Iguatu tem abandonado por total a sua memória histórica, cultural, artística e todas as demais que se possa imaginar.
A cidade como alguns sabem é berço de personagens de renome nacional como o cantor Evaldo Gouveia, o maestro Eleazar de Carvalho e o poeta Humberto Teixeira, além de outros contemporâneos como o escritor Giovani Oliveira, que nos traz histórias engraçadas de personagens iguatuenses em suas edições do livro DIREITO DE RIR, José Hilton Lima Verde Montenegro que escreve sobre temas importantes, como os 100 anos da estrada de ferro de Iguatu e sobre Fenelon Lima grande personagem de nossa cidade, Emmanuel Montenegro que descreveu a vida do Dr. Raimundo Vieira inesquecível médico de nossa cidade, Gardevânia Farias que em sua obra escreveu sobre o patrimônio histórico e arquitetônico de Iguatu, dentre outros que se dedicaram à poesia, os quais cito Ivam Holanda de Souza, Maria Lopes de Araújo, Everton Alencar e Anna Rosina Lavor. Além disso é uma cidade de grande contribuição na cultura do algodão, tendo sido um dos maiores produtores, sem esquecer as gloriosas festas da rainha do algodão, dentre outras como os carnavais do CRI, e os tão esperados desfiles cívicos.
Diante de tantas grandezas no nosso cenário cultural onde podemos encontrar os seus registros? Talvez nos álbuns de pessoas comuns que tiveram a preocupação de guardar recordações. Desta forma, o desenvolvimento urbano precisa de suas raízes, suas histórias, afinal se não sabemos de onde viemos certamente não saberemos para onde ir, e é essa parte que mais nos preocupa. A cidade possui um patrimônio imobiliário histórico riquíssimo, estando esse sendo destruído pelo tempo e pelas pessoas. Na praça da matriz certamente encontramos os imóveis mais antigos e mais conservados de nossa história, mas não somente lá como é o caso do hospital Santo Antônio dos Pobres, a capela dos redentoristas, os prédios hoje abandonados da REFESA, os galpões da COIGUATU, os prédios de armazéns nas proximidades do bairro Veneza, algumas casas da Rua José de Alencar entre outras.
O patrimônio histórico imobiliário possui um valor sem igual para uma cidade, não apenas em razão de seu valor numerário, mas pela grandeza que eles podem apresentar nas questões históricas e turísticas, onde os nossos visitantes possam estabelecer uma relação entre passado, presente e futuro.
Essa semana recebi a visita do jovem Renê Filho, estudante de Arquitetura da Faculdade São Francisco do Ceará – FASC, aqui de Iguatu, momento no qual ele apresentou um belíssimo trabalho sobre alguns prédios antigos da cidade em forma de trabalho de conclusão de curso. Um trabalho muito interessante e que nos faz pensar como abandonamos as nossas raízes. Naquela peça técnica ele recria fachadas, ambientes internos e mostra como a arquitetura é belíssima, deixando aqui já como sugestão que a FASC possa apresentar esses trabalhos para a sociedade iguatuense, como forma de divulgação dos projetos de conclusão de curso de seus alunos.
Por fim, é importante destacar que há tempos o poder público encontra-se em débito com os seus munícipes, passando da hora de o nosso povo poder conhecer a sua história, os desafios vencidos, os momentos vividos, sendo a criação de um museu histórico em uma dessas edificações uma grande iniciativa, que também será uma forma de valorizar o patrimônio imobiliário, incentivando os proprietários para que o mesmo possa ser preservado, criando assim dentro do nosso desenvolvimento urbano, aspectos históricos que são importantíssimos para uma cidade no seu desenvolvimento.
Na próxima semana falaremos sobre a inteligência artificial no mercado imobiliário.
Bom fim de semana!
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