Partiu de Iguatu a coragem de agregar ideias e características de sabores com iguarias genuinamente nordestinas. Transformar a carne de galinha caipira em ‘Jerked Beef’ que na tradução literal do inglês trata-se de ‘carne-seca’, rendeu curiosidade e reconhecimento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A instituição premiou a universitária iguatuense Deyse Alves Pereira, 23, no 28º Encontro de Iniciação Científica (Enic) da unidade acadêmica paraibana no último mês de outubro.
A jovem do 7º semestre do curso de Engenharia de Alimentos em João Pessoa, espera que sua pesquisa seja mais um objeto de estudo na valorização dos produtos regionais da agricultura familiar, como o frango caipira e o urucum, contribuindo para uma alimentação mais saudável e mais acessível a todos. “Espero que ocorra o incentivo da indústria de alimentos a pesquisas e ao desenvolvimento para a produção de alimentos mais saudáveis, como também inspirar e incentivar outras meninas a serem cientistas, assim como fui inspirada pelos meus professores”, disse Deyse.
A transformação do tradicional sabor da galinha caipira, dando a ela características de desidratação, ao que os nordestinos assemelham com a charque, em nada faz perder o valor nutricional. E o principal, mesmo com a estranheza do processamento, a estudante garante que o alimento é saboroso. “É um produto cárneo, com elevado teor proteico. É gostoso, sim. Pode ser o mesmo preparo da carne seca. A análise sensorial (preferência do consumidor) ainda será realizada, fomos interrompidos pela pandemia, mas logo que puder realizar essa análise, faremos”, afirmou.
O ‘Jerked Beef’ de galinha caipira, por passar por processo de salga, dá uma perecibilidade baixa ao produto, ou seja, não se estraga com facilidade. Quando comparada à carne seca, a diferença de durabilidade do produtor é maior, pois ela passa por embalagem a vácuo, que dá uso de parâmetro de conservação superior ao charque. “Outra camada de conservação foi a adição do urucum, que como aditivo alimentar na elaboração do produto substitui o nitrito de sódio, pois ele é aditivo sintético que em altas doses causa malefícios à saúde do consumidor. O “jerked beef” e a carne seca são semelhantes, a diferença é o uso das embalagens a vácuo e nitrito de sódio na composição”, explicou.
Esforço, cansaço e gratidão
Filha do agricultor Antônio Alves e da diarista Maria do Socorro, a jovem Deyse usou em seu experimento as galinhas do criatório que seu pai mantém no Sítio Regalo, zona rural de Iguatu. “Assim como o urucum, usei produtos verdadeiramente da minha cidade”, brincou.
Ela sempre estudou em escolas particulares, graças às bolsas de estudos, e ao esforço de seus pais que enxergaram o seu potencial. No ensino regular dos colégios Ruy Barbosa e Escola Modelo, ela teve seu primeiro contato com a ciência de fato, após aulas práticas de Biologia, como a extração de DNA. “O sentimento é de gratidão aos que me ajudaram até aqui, vem sendo muito esforço de dias e noites trabalhando intensamente, muito café para conseguir suprir o cansaço e assim dar o melhor a essa pesquisa, e ela gera bons frutos. A palavra é apenas gratidão”, finalizou Deyse.
O Prêmio Jovem Pesquisador 2020, além da Dayse, reconheceu outros 50 trabalhos dentre os 1,5 mil que concorreram. O prêmio rendeu à estudante até o momento o reconhecimento, mas é aguardada a divulgação e estudo de mais dados, para gerar uma patente, e assim concorrer a novas premiações.
0 comentários