Em tempos de crise econômica e com o preço da gasolina nas alturas, cada um se vira como pode para driblar os efeitos da política desastrosa econômica que o país atravessa e contra-ataca criando seus próprios meios de transporte para sobreviver.

Foi o que fez o catador José Nilson Jesus da Cruz, 61. Ele montou seu próprio transporte aproveitando peças de moto e bicicleta. No final, a engrenagem que ele usa para se deslocar e juntar seu material reciclável virou uma ‘bicimoto’. É algo remediável para o catador. Se ele tivesse que sair garimpando seus materiais para vender usando carro ou moto, com o preço de combustível como está, ficaria devendo todo dia.

Para montar a geringonça, Nilson usou a estrutura de uma bicicleta de bagageiro, mandou construir uma caixa de metal que fica na parte dianteira, acoplada com o guidão de uma moto. A parte de trás é de moto também com banco, para-lama e até sinaleira. A caixa fica na frente do carro, onde ele acondiciona os recicláveis que vai encontrando pelo caminho, e leva para vender e comprar o que comer em casa. Seu transporte está precisando de manutenção e alguns consertos, mas o catador alega que agora não está podendo fazer.

José Nilson vive fazendo ‘bicos’ para sobreviver. Ele mora no bairro Lagoa Parque, por trás da igreja de Santo Expedito. É um cara comunicativo e interativo, mas carrega um trauma emocional recente, quando teve que sepultar a esposa e o pai no mesmo dia. Sua esposa morreu vítima de câncer e o pai de infarto, tragédias que ele gostaria de ter evitado, mas não conseguiu.

No bairro Vila Moura, um casal chama atenção pela criatividade também. Eles adquiriram uma espécie de carro triciclo todo feito numa estrutura de aro de ferro para funcionar movido a pedal. Arnaldo e a esposa Rozicleide chamam a atenção por onde passam. Algumas vezes eles circulam no triciclo artesanal levando o filho Isaías, sentado na frente. Arnaldo comprou o triciclo por R$ 4.600. Com o equipamento percorre a cidade e até já circulou pela região. É uma invenção econômica.