Iguatuenses que estão vivendo no exterior acompanham apreensivos a evolução dos casos de coronavírus no município de Iguatu, mesmo em confinamento em outros países. Seja nas principais cidades dos EUA ou no continente europeu, eles se preocupam com os parentes e amigos que ficaram na cidade, refazem planos e tentam se adaptar aos desafios que a crise mundial de saúde trouxe para a humanidade. Essa é a segunda oportunidade que os entrevistamos. Agora trazemos aos leitores uma realidade atualizada, após passados quase dois meses da primeira abordagem jornalística.
Desde a primeira entrevista passaram exatos 1 mês e 26 dias. Na época, Iguatu tinha 14 casos confirmados e 4 óbitos. Em última atualização na sexta-feira, 05, o município tem contabilizados 17 óbitos e 272 diagnósticos positivados. Do primeiro caso confirmado em Iguatu no dia 22 do mês de março, até ontem, passaram 75 dias. Até o momento, a cidade Iguatu tem média de 3,6 casos confirmados por dia.
USA
Em Atlanta, estado da Geórgia, com a esposa, três filhos e uma neta, o caminhoneiro Charles Medeiros, 51, reside na América do Norte há 22 anos. Ele enxerga com preocupação o caminho que o Brasil percorreu tonando-se o segundo do mundo com maior no número de óbitos. “Aqui nos EUA, acompanhamos as notícias do Brasil e do mundo pelas redes de televisões locais, CNN e a Globo Internacional. Estamos preocupados com a situação do Brasil que além dos problemas na saúde e na economia causados pela pandemia, problemas esses comuns ao mundo inteiro, ainda enfrenta uma crise política sem igual que agrava ainda mais a calamidade”, relatou.
Depois de muitas semanas de isolamento, o governador da Geórgia decidiu flexibilizar o isolamento, mas com restrições, tendo em vista o achatamento da curva de progressão do surto. “Passados esses 30 dias, o que eu pude perceber, sem sombra de dúvidas, foi uma grande mudança de hábitos por parte da população como o distanciamento social e o uso de máscaras”, contou Charles.
Elton Brasil, 29, Engenheiro Eletrônico da Freehand Engineering, EUA, mora há 1 ano na cidade de Columbus, no estado de Ohio. Semana passada, ele retomou as atividades no escritório da empresa em que trabalha, saindo do home office, mas com adoção de procedimentos sanitários exigidos pelo governo. “No Brasil, estudos apontam que teremos 1 milhão de casos, se não forem tomadas ações inteligíveis. O nosso país já é um péssimo exemplo de combate à pandemia do Covid-19. No Iguatu, é preciso orientar a população de maneira eficaz, acompanho de “perto” a situação e percebo que atitudes são tomadas de maneira alheia, sem eficácia, eficiência e estudo científico. De modo geral, o Brasil está imerso em uma distopia”, disse Elton.
Portugal
A fotógrafa Cleidivânia Alves, 34, percebe um avanço no afrouxamento das medidas de isolamento em uma fase mais avançada que no Brasil. “Já não somos obrigados a ficar em casa. Porém, as restrições existem, sim, fora, e são bem rigorosas. Se não cumprirmos, somos penalizados. É obrigatório o uso da máscara ou viseiras em qualquer estabelecimento comercial. Agora, estamos na segunda fase do desconfinamento, e serão reabertas as lojas dos shopping. Minha família me informa sobre tudo que se passa em Iguatu. Colegas que estão sempre querendo saber como estou em Portugal e acabo por perguntar o mesmo a eles”, disse a iguatuense que mora com o marido em Portugal há dois anos e meio, próximo à região de Lisboa.
Também em Portugal, Sheyla Márcia de Andrade, 46, reside há 11 anos em Faro, capital do Algarve, onde há dias não contabiliza casos. Ela afirma temer uma segunda onda do vírus com abertura das fronteiras com a Espanha, mas afirma entender a retomada das atividades econômicas. “Percebo que as pessoas perderam o medo de estarem nas ruas. O confinamento estava deixando as pessoas apreensivas”, contou a vendedora. No mesmo país ainda moram a mãe irmã e duas filhas. “O Brasil tinha tudo pra dá certo. Teve tempo para aplicar um planejamento com base em que ocorreu na Itália e outros países. Vejo um presidente sem capacidade de agregar as pessoas. Não leva a sério a doença. Diz comentários infelizes. Ele é o responsável por mortes que ocorreram”, finalizou.
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