“Não há democracia que permaneça em pé, se não houver um capitalismo forte que a sustente.”
Valeria Nunes de Almeida e Almeida
Imagine-se, prezado leitor, vivendo em um mundo onde a sua vontade própria lhe seja impossível de exercer. Um mundo ditado pelo Estado máximo. Ali, independente de qual seja a sua necessidade imediata, de bem de consumo, por exemplo, o processo sobre a sua vida estará na decisão do títere da vez.
Você, ao acordar, faminto por um simples e comum pão com manteiga e café, se depara com a mesa exposta com umas poucas azeitonas, um copo d’água e nada mais. Assim decidiram que seria a sua alimentação matinal – e a da sua família. Ele, o títere da vez, assim determinou.
Nesse momento o amigo leitor é tomado por uma nostálgica saudade dos tempos em que, ao acordar, poderia ir à padaria da esquina e comprar, ainda que com seus recursos parcos, com poucas moedas, o que bem desejasse.
A simplória analogia aqui exposta, tem por finalidade fazer com que reflitamos um pouco mais sobre o que temos (e muitas vezes não valorizamos) e o que pensamos querer, apostando num ilusório mundo colorido de uma sociedade ‘‘para todos’’. Cuidado! A proposta da inclusão, da democracia, pode esconder um grande perigo! Quanto mais se aposta na coletividade, mais perde-se no quesito individual.
E é exatamente a riqueza de identidade (o indivíduo) que faz da coletividade (o todo) um ambiente rico e determinante para os rumos que o livre mercado concorrencial tomará, posto que nós, primeiramente enquanto seres únicos, somos quem ditamos as regras de consumo. Customizar o mundo seria um erro a não se cometer, preclaro leitor! Não me apetece abandonar a liberdade residente no capitalismo mediante uma proposta coletivista socialista – agora o amigo leitor certamente entendeu a simplória alegoria inicial desta igualmente simplória coluna.
E o porquê disso? Explico. Estamos nos aproximando de mais um período eleitoral, e logo virão as propostas aparentemente humanistas e paladinas dos candidatos que veem no homem a bondade como um estado de natureza perene (e sabemos que não é bem assim, não é mesmo, perspicaz leitor?!).
A minha postura é, mediante o establishment – seja ele de direita, esquerda, centro ou qualquer outra que seja -, de ceticismo. Portanto, meu caro leitor, mantenhamos a salutar conduta de manter o que funciona e aperfeiçoar o que não deu tão certo assim. Destruir um sistema vislumbrando uma fantasia no porvir, é, além de uma imaturidade juvenil, uma postura típica de inconsequentes que não pensam nos que se foram e nos que estão por vir, onde, aqui, estamos no papel de intermediários, comunicólogos entre o passado e o futuro, no presente.
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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