Incêndio atinge 100 hectares de vegetação nativa em Iguatu

06/11/2021

Na zona rural de Iguatu, uma Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN, que é exemplo de conservação do bioma caatinga, foi atingida por um incêndio no final de outubro, quando uma área com 150 hectares, preservada, teve pelo menos 100 hectares queimados, por um incêndio com características criminosas, na região do Sítio Santa Clara, zona rural de Iguatu.

“Foi assustador. A gente se viu cercado pelo fogo destruindo as árvores. Esse incêndio veio de outras propriedades de sítios vizinhos até atingir nossa reserva. Foram mais de cinco dias de fogo direto, destruindo tudo. Meu pai ficou arrasado. Mas, graças ao apoio da prefeitura que enviou um trator de esteira, conseguimos fazer um aceiro que protegeu pelo menos uns 50 hectares, senão o fogo teria consumido tudo”, lamenta o produtor rural e formando em engenharia agrônoma, Pedro Henrique Gomes, filho do engenheiro agrônomo, professor e doutor em fitotecnia, Braúlio Gomes, que inclusive escreveu um livro, tendo a área como referência de estudos, fotografando, catalogando as espécies presentes na área. “Tudo isso aqui é a vida do meu pai. Uma importante área de estudos, que através do livro escrito por ele, passou a ser estudado por muitas pessoas em universidades espalhadas pelo país. Uma referência. A gente jamais pensou que aconteceria incêndio aqui”, lamentou Pedro.

Em meio às cinzas o ‘desenho’ de árvores inteiras queimadas no chão. Nenhum animal de pequeno e médio porte foi visto, alguns pássaros parecendo caminhando sobre o chão seco e uma pequena cobra que logo sumiu em das pedras. “Eu vi tatu morto, até um bicho parecia uma onça ou algum gato do mato. É triste a gente ver o fogo destruindo tudo e não poder fazer nada. A sensação é de impotência”, ressaltou o médico veterinário e produtor rural Adão Gomes. “Esperamos que daqui a dois, três anos a gente possa ver tudo reflorestado de novo. A caatinga surpreende por sua beleza e capacidade de sobrevivência”, acrescentou.

Esperança

A ideia do professor Bráulio com criação da reserva foi fundamental para o conhecimento da caatinga. No meio da mata nativa ele buscou mais conhecimento sobre o bioma, fez estudos aprofundados da vegetação que compreende esse sistema. Segundo relatos presente no livro, durante as pesquisas foram identificadas 256 espécies de plantas. Entre elas grande aroeira com mais de 15 metros de altura, angicos, sabiá, frei-jorge, cumaru, jucá, catingueira, jurema-preta e muitas outras árvores nativas. O estudo se deu pela divisão da área em parcelas. “A caatinga realmente surpreende. Esperamos ver isso aqui logo com as primeiras chuvas renascendo. As árvores são importantes para a proteção de nascentes, do microclima, atração de chuvas. É muito bonito isso aqui no inverno. Às vezes vinha até aqui no inverno, só para meditar. Ficar nas pedras sobre a sombra das árvores escutando o barulho da água descendo nas pedras. Esperamos ver isso de novo”, afirmou Pedro Henrique, ponderando ainda que o incêndio serviu de alerta para os cuidados que são necessários a fim de continuar com o pensamento de mudança de atitude, de preservação da caatinga.

 

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