Os focos de incêndio continuam devastando grandes áreas de pasto e vegetação nativa no Centro-Sul do Ceará. Na tarde de ontem, sexta-feira, 20, todas as guarnições do Corpo de Bombeiros de Iguatu estiveram em ocorrências nas cidades de Acopiara, um incêndio que acontece desde quarta-feira, e outras equipes em Várzea Alegre, na região do Distrito de Calabaço, em virtude de incêndio que devasta várias áreas de vegetação, pasto e plantações.
Mas foi em Icó um dos maiores incêndios acontecidos nos últimos dias. Os focos de incêndio iniciaram desde quinta-feira da semana passada e consumiram mais de dois mil hectares de vegetação, além de ter dizimado também animais da fauna silvestre. Ainda ontem, de acordo com moradores de Icó, era possível ver focos de incêndio na Serra da Bertioga.
De acordo com bombeiros que atuaram diretamente no combate aos focos de incêndios em Icó, houve muita dificuldade para ter acesso por se concentrar em áreas de mata fechada. De acordo com cabo Sérgio, Bombeiro Militar do Quartel de Iguatu, diante de dificuldade de acesso aos focos mais distantes o combate aconteceu às margens da BR 116 e próximo aos currais e residências, com o objetivo de resguardar a vida.
O incêndio muitas vezes é extinto complemente por conta da dificuldade de acesso. Onde há foco, o fogo continua queimando áreas principalmente em localidades rurais e aumenta a intensidade das chamas no período da tarde quando a temperatura está mais elevada e o vento mais forte.
Rastro de destruição
De acordo com Carlos Meneses, presidente da Associação de Moradores do Sítio Brito II, em Icó, o incêndio começou na quinta-feira da semana passada, na região do Sítio Belo Monte. “Esse mato seco é pior que gasolina, e o vento forte espalha e leva o fogo longe. Aqui pra gente só sobrou um grande rastro de destruição. A gente anda no meio da mata, encontra carcaça de tatu, aves mortas, aqui nessa região ainda tem macaco, veado campeiro, gato do mato, mas na serra tem até onça. Tudo isso morreu. Quem não foi morto perdeu o local que morava. É triste!”, lamenta.
No Sítio Santo Antônio, criadores ainda não contabilizaram os prejuízos. Severino Parnaíba tem um rebanho com 40 cabeças de gado bovino. Dos 196 hectares, perdeu praticamente tudo. “Minha terra tinha feito a cerca esses dias. Perdi tudo. Meu prejuízo passa de R$ 20 mil, sem contar com pasto que perdi com madeira da reserva que toda foi queimada. O pior que a gente não tem nenhum tipo de amparo. O agricultor é desprezado em tudo. Agora só resta levantar a cabeça, pedir a Deus chuva para no ano que vem recomeçar tudo de novo”, comenta o agricultor, emocionado ao relembrar da dificuldade que teve em tentar apagar as chamas, tentando salvar a propriedade de onde tira o sustento do no campo.
Ainda no Santo Antônio, o fogo chegou bem próximos de currais e casas. Em uma propriedade, destruiu sala, quarto e garagem. No local não mora ninguém, mas a casa estava mobiliada. O fogo assustou moradores.
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