Instituição transforma óleo de cozinha usado em benefício social

04/09/2021

Uma importante ação de cunho social vem sendo desenvolvida pela paróquia do Prado, através da instituição de caridade Casa de Acolhimento Pe. Zé Marques, que faz a doação de alimentos para famílias carentes do próprio bairro e adjacências. Parte dos recursos para investir na aquisição dos insumos, a instituição consegue através de outra ação, de cunho ambiental. Há cerca de três anos a paróquia vem fazendo o recolhimento de óleo usado de cozinha junto à população. Toda a gordura recolhida é repassada para a empresa Juá, de Juazeiro do Norte, fabricante de produtos de limpeza. A empresa tem atuação em todo estado. Troca óleo de cozinha usado por dinheiro. No caso de Iguatu, o óleo coletado junto à população, através da mobilização de instituições sociais e religiosas, é todo reaproveitado e deixa de ir parar na natureza agredindo o meio ambiente e seus parcos recursos naturais.

À medida que evita o derrame de toneladas de óleo no meio ambiente, ao mesmo tempo as ações voluntárias ajudam a manter projetos sociais, como o da Casa de Acolhimento Padre Zé Marques que fornece cerca de 750 refeições por semana para pessoas em situação de vulnerabilidade social. As refeições são entregues já prontas, mas há dias em que os assistidos recebem carne de frango e levam para preparar em casa.

A empresa Juá recebe o óleo recolhido e repassa recursos em dinheiro para quem arrecada. Todo o óleo arrecadado vai para a produção de sabão e outros produtos da linha da fabricação. Em nível local, o órgão responsável pelo recolhimento do óleo e envio à empresa é a Secretaria de Meio Ambiente.

Em Iguatu, algumas instituições estão empenhadas em juntar o óleo usado para entregar à empresa e receber recursos em dinheiro. Uma delas é a paróquia de N. S. do Perpétuo Socorro, no bairro Prado. Através de trabalho voluntariado, as quantidades de óleo vão chegando de vários pontos da cidade. Dona Maria Trindade, 62, que reside no cemitério Parque da Saudade, é uma voluntária. Ela junta em média 40 litros de óleo por mês, com o que retira das frituras no preparo de alimentos para pelo menos 100 animais, entre cães e gatos, a maioria abandonados e vivendo na rua. Agora que ela conheceu o projeto da Casa de Acolhimento está doando o óleo para a paróquia do Prado. Os alimentos, ela consegue também de doações.

O dinheiro arrecadado vai para cobrir fundos da Casa de Acolhimento Pe. Zé Marques. Através de um trabalho social de atendimento a famílias carentes, a casa alimenta, por dia, cerca de 150 pessoas. Outras instituições como Sesc, através do programa Mesa Brasil, Supermercado Leandro e AC Aves, do empresário Amauri Carneiro, esta última doa carcaças de frango para complementar as refeições. Há situações em que as famílias também recebem as carcaças (carne com osso) do dorso das aves, excluídos o filé do peito, coxa, asa.

Por causa da pandemia, as famílias são atendidas na área externa da casa. Elas são organizadas em filas e recebem marmitas com a refeição que pode ser levada para casa.

De acordo com Francisco Djalma Pereira da Silva, sacristão da paróquia do Prado, que coordena a Casa de Acolhimento, o trabalho já funciona há três anos. As mulheres que trabalham na cozinha da casa também são voluntárias. Um gesto contagiante de amor ao próximo demonstrado num rosário ações solidárias, entrelaçando muitas mãos, alma e coração, resultando na iniciativa em prol do auxílio a quem está necessitado.

Djalma informou que a paróquia recebeu um equipamento exclusivo para receber as doações. É uma espécie de caixa construída com madeira e metal que funciona como um tipo de depósito e serve para que os fiéis depositem ali as garrafas pet com o óleo. Dalí a gordura é armazenada em tambores de 25 litros para ser recolhida pela empresa Juá. Ainda segundo o coordenador, já houve etapas em que a paróquia recebeu cerca de R$ 3 mil.

 

Parcerias

Monaliza Sales, Superintende Regional do Consórcio de Resíduos do Cariri, explicou que a indústria Juá é parceira nos projetos do órgão. Segundo ela, o consórcio é o responsável por firmar as parcerias entre as instituições. “A gente leva e apresenta nos municípios e aqueles que aderirem as campanhas a gente faz a implementação junto às secretarias municipais de resíduos”, frisou. Ela explicou que é trabalhada, não somente a questão do óleo, mas também outros produtos que podem degradar o meio ambiente como pneus, baterias, pilhas, eletrônicos e vidro.

No município de Iguatu, em se tratando do recolhimento do óleo para ser reciclado, Monaliza explicou que o projeto vem funcionando desde 2018 com o nome de Ecojuá. Segundo ela, o trabalho envolve a Secretaria de Meio Ambiente do município e os restaurantes, lanchonetes e outros estabelecimentos que produzem muito óleo, a partir das frituras de alimentos. Conforme Monaliza, em cada local funciona ponto de armazenamento do óleo, onde são deixadas ‘bombanas’, vasilhames de 25 litros para acumular a gordura doada pelas pessoas. Ainda de acordo com a superintendente, mensalmente é feita a coleta do produto que é encaminhado para a região do Cariri onde é reciclado e transformado em produtos de limpeza. “Em Iguatu, são nove Ecopontos onde a população pode fazer o descarte do óleo. “Cada dono ou dona de casa só precisa colocar o óleo numa garrafa pet e deixar num desses Ecopontos, lembrou.

Monaliza citou a paróquia do Prado, a catedral de São José, Assembleia de Deus, no Centro, a Secretaria de Meio Ambiente e o Residencial Dom José Mauro, como pontos de recebimento. Ela informou que é a Secretaria de Meio Ambiente que faz a coleta em cada ponto; todo o óleo é acondicionado em vasilhames próprios e a indústria Juá vem até a cidade para recolher. Monaliza informou ainda que a empresa paga em torno de R$ 1,50 (um real e cinquenta centavos), por cada litro de óleo entregue pelas instituições. “O foco do projeto é atender instituições que tenham o viés social e atendam pessoas em situação de vulnerabilidade, como é o caso da Casa de Acolhimento Pe. José Marques”, ressaltou.

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