Por Milena Dias, estudante de Medicina Veterinária na cidade de Iguatu
Isadora Alves Vieira de Carvalho tinha 25 anos quando teve sua vida interrompida por uma doença muitas vezes silenciosa e de difícil diagnóstico. Natural de Barbalha-CE, era extremamente apaixonada pela vida, dedicada, trabalhadora e corria atrás dos seus sonhos para que pudesse proporcionar uma vida melhor para seus pais. No dia 9 de junho de 2023, após sentir fortes dores, foi levada ao Hospital Regional de Barbalha, onde o médico solicitou o exame físico para suspeita de leishmaniose e infelizmente foi constatado o diagnóstico. No dia 11 de junho, apenas dois dias após a confirmação do diagnóstico, Isadora faleceu.
Popularmente conhecida como “calazar”, a leishmaniose visceral humana é transmitida pela picada do flebotomíneo, conhecido como mosquito-palha. Já a fêmea do inseto é hematófaga, se alimenta de sangue e infecciona principalmente cães. É importante deixar claro que a transmissão não ocorre de um humano para outro ou de um animal para outro, ou até de um animal para um humano e vise versa, é preciso de um vetor para que a transmissão aconteça, que no caso é o mosquito. Os principais sintomas em humanos são: febre irregular e prolongada, anemia, indisposição, falta de apetite, dor abdominal, perda de peso e inchaço abdominal devido ao acometimento do fígado e do baço. Já em cães os sintomas apresentados são febre, inapetência (perda de apetite), pode haver vômito e diarreia, crescimento exagerado das unhas, sangramento nasal, afeta os principais órgãos (fígado e rins) causando alterações de insuficiência hepática e insuficiência renal. A doença recebe o nome de leishmaniose visceral justamente por alterar e atacar as principais vísceras dos acometidos.
Embora o caso de Isadora pareça ser uma realidade distante da qual vivemos, ele está mais próximo do que imaginamos. Apesar de ser fato público e notório que a cidade de Iguatu vive uma epidemia de leishmaniose onde várias pessoas perderam seus pets para a doença, a informação recebida até o momento desta matéria é que o município não registra tais dados, e se registra, não repassa ao estado, pois essa foi a informação obtida de um agente da vigilância sanitária estadual. Não se veem orientações, informações e principalmente prevenções sobre o contágio da doença por parte das autoridades e vigilância sanitária da cidade, assim dando a entender que não querem que a população saiba da extrema gravidade do problema.
Uma das medidas de prevenção que deveria estar sendo colocada em prática pelos órgãos “competentes” da cidade inclui o controle populacional de cães por meio de castração. Em Iguatu não existem realmente políticas públicas para que isso venha a ser colocado em prática, e muito menos cobrança e conscientização da população a respeito de tamanho descaso. Em março de 2023 o deputado estadual Célio Studart anunciou o envio de recursos para um castramóvel em Iguatu, mas até então não se sabe o paradeiro deste recurso que já havia sido enviado aos cofres municipais.
Abaixo flagrantes de animais em situação de rua em Iguatu.
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