A cachaça Kaipu é um produto genuinamente cariuense. A ideia de produção e nome nasceu na localidade de Estreito, região do distrito de Caipu. E foi para valorizar o nome do lugar, que o empreendedor José Taveira, 49, colocou na cachaça o nome de Kaipu. É motivo de orgulho conhecer os expositores do produto nos supermercados da cidade.
Estrategicamente colocada em expositores especiais nos supermercados da cidade, a bebida revela um padrão de qualidade na visualização, pelo acabamento da embalagem, lacre, rótulo, com informações do fabricante, composição do produto e da própria bebida.
Sendo uma bebida destilada e paixão nacional, a cachaça é produzida, na maioria das vezes, de forma artesanal e supre apenas os mercados locais. No caso da cachaça Kaipu, devido ao seu padrão de qualidade, no produto, e no formato da embalagem, a bebida abastece nosso mercado, mas também viaja para outros centros. José Taveira é o herdeiro da propriedade, onde a cachaça Kaipu é produzida, sítio Estreito, zona rural de Cariús. Zé Taveira informou que em 2020 conseguiu produzir uma medida de dois mil e quinhentos litros da bebida. Toda a bebida envasada em garrafas pequenas de 275ml e de litro. Taveira explicou que a produção vai praticamente toda para Fortaleza e região metropolitana. Assim, a cachaça Kaipu é comercializada no Mercado Central, em restaurantes rústicos, nos engenheiros e outros pontos turísticos da BR-040, roteiro de visitantes no Estado.
Zé Taveira é um cara inquieto e impulsivo. Agora ele quer desenvolver outro instrumento para agregar ainda mais valor à cachaça. Depois de descobrir o cumaru, que deixa a bebida mais suave e com sabor original, ele trabalha para produzir um barril pequeno com torneiras por onde possa sair o líquido, dando mais charme ao produto. A descoberta do cumaru, árvore nativa da nossa caatinga, como envelhecedor revela que quando armazenada em tonel desse tipo de madeira, ajuda a suavizar a bebida, oferece mais cor e sabor, sendo um gosto único, já que cada madeira tem suas próprias características. “O cumaru foi a melhor das nossas madeiras que já testei”, contou.
Percurso
O criador da cachaça já trabalhou como empregado durante muito tempo, inclusive aqui em Iguatu, foi comerciante em Fortaleza, até descobrir que tinha um tesouro, nunca explorado. Quando José Taveira voltou para o sítio Estreito e viu tudo praticamente abandonado e desvalorizado, arregaçou as mangas e começou a trabalhar para resgatar o que havia perdido.
“Mas nem tudo veio de graça”, conta o empreendedor. Para começar a produzir e ver os primeiros resultados foi preciso investir na produção. Por isso José Taveira foi para Minas Gerais onde fez curso de produção de bebida destilada, aprendeu a trabalhar com o padrão de embalagens.
Cultivar a cana-de-açúcar, montar um alambique, investir em treinamento para aprender a fabricar a cachaça, foi tudo fase vivida, uma após a outra, na trajetória de Taveira, no seu retorno para o sítio deixado por seu pai. Lá também estavam guardadas as lembranças da infância, quando ainda criança, via a luta de seu avô, Luiz Taveira, para produzir rapadura, num velho engenho existente na propriedade. “Desde aquela época, eu ainda criança, sempre tive curiosidade pela produção de cachaça”, disse.
Desde a primeira produção em 2017, até a safra recorde do ano passado, o produtor conseguiu avançar. Ao longo dos anos conseguiu somar aliados, com a ajuda técnica da EMATERCE, a inclusão do projeto no DAP-Declaração de Aptidão ao Pronaf e adesão à Agricultura Familiar. Talvez tenham sido estas as ações de maior cunho em toda caminhada até aqui, além da força braçal dos trabalhadores. Para José Taveira, “Ver as primeiras gotículas de cachaça escorrer pelo cano do decantador, após longa trajetória de batalha, desde a preparação do terreno, plantio da cana-de-açúcar, montagem do alambique, beneficiamento da cana para transformar na bebida, até a embalagem e envasamento, algo que realmente não tem preço.
Conquistas
A cachaça Kaipu, produto originalmente cearense, já é uma realidade, nas versões, ‘Ouro’ e ‘Prata’. Se continuar seguindo os padrões de qualidade no acabamento do produto, valorização da embalagem, rótulo, tampa e principalmente no sabor, em breve estará fabricando remessas tipo exportação. Conseguir mercado não será difícil, já que os estrangeiros, principalmente os europeus são apaixonados pela cachaça brasileira.
Há três anos, em 2018, este mesmo projeto foi notícia neste jornal A Praça. Agora o tema é outro, a brilhante safra de cana-de-açúcar no ano passado na região, que apontou para produção recorde e as conquistas importantes do produto no mercado consumidor cearense.
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