Leonardo Macedo apresenta ‘Retratos de um viajante’

18/10/2024

O primeiro momento diante do cenário montado é de se estranhar: um monitor de 14 polegadas, com uma filmadora de mão ligado a ele, algumas impressões fotográficas sobre a mesa, equipamentos eletrônicos, computador e uma guitarra elétrica. Esse é o projeto ‘Retratos de um viajante, em um lugar que o Sol queima mais forte’. Depois das explicações sobre o objetivo daquele momento, o público é convidado a interagir. Assim, tudo faz sentido.

“O Retratos de um viajante, em um lugar que o Sol queima mais forte” faz referência aos três anos em que Leonardo Macedo, ou Leon The Wizard, morou em Iguatu. Natural de Crateús, sertão cearense, morou na capital Fortaleza, cresceu acostumado com a brisa da praia, mas depois de ‘grande’, resolveu se aventurar por aqui, chegando por essas bandas. Confessa que não se acostumou com o ‘sol iguatuense’, mas atualmente sente falta do calor humano e acolhimento que por aqui recebeu, deixando também bonitas amizades. “Esse projeto é um conjunto de entrelaçados entre o mar e o sertão. Eu cresci em Fortaleza e tive essa vivência de morar uns três anos aqui em Iguatu. Eu sentia muita falta do mar, ao mesmo tempo que eu me aventurei muito aqui na paisagem, na beleza do sertão da Região Centro-Sul. Esse projeto é esse encontro de fotografias, com esses atravessamentos poéticos e paisagísticos com a minha produção musical. Eu tenho duas músicas autorais lançadas em plataformas digitais, no quesito da música eletrônica. Atualmente, ando investigando um instrumento de cordas, que é a guitarra elétrica, tem efeito de pedais, som estéril, glacial. Essa junção do audiovisual com a música é onde estou no meu ápice de demonstrar meu potencial artistico”, ressaltou Leon.

Rio Jaguaribe

Outra face do projeto é o olhar ambiental do artista que passou a aguçar mais, depois que conheceu de perto o rio Jaguaribe, sua beleza e principalmente sua degradação. “Atualmente estou em Fortaleza, mas confesso estar com muitas saudades do rio Jaguaribe. Foi um processo muito sentimental, trabalhar com imagem, fotografia, é guardar momentos de coisas eternas. Eu fiz questão de registrar coisas que muito me atravessam. Essa questão do sol, principalmente, que simboliza esse momento escaldante do calor que eu passava aqui. A vontade que mais tinha era de mergulhar no rio. Ainda bem que a gente tem essa água para se banhar, mas algo que quis frisar nesse trabalho é a questão da conservação ambiental porque o aquecimento global é uma realidade, e nossos rios estão sendo poluídos, principalmente o rio Jaguaribe, a gente vai na ponte e vê que tem gente que joga todo tipo de lixo. Isso é nosso maior tesouro que é a natureza, eu friso essa questão da preservação mesmo”, pontuou o artista.

A instalação audiovisual de Leon chamou atenção do ativista ambiental Neto Braga que por impulso faz defesa permanente do rio Jaguaribe. “Fiquei muito feliz quando vi que a temática era o rio Jaguaribe. Isso é uma luta nossa. Temos jogado sementes e algumas delas têm germinado. A juventude discutindo a temática do rio Jaguaribe, jogando luz nessa artéria fluvial que hoje está morrendo. Portanto, salvar o rio Jaguaribe é salvar nós a mesmos, nossos filhos, nossos netos”, afirmou.

José Braga, jovem estudante e ativista que segue os passos do pai Neto Braga, pontou outro fator apresentado pelo artista a antiga estação ferroviária. “O que me chamou muito atenção foi um outro contexto, outra coisa da união do sertão ao litoral, foi nossa linha ferroviária, aquela imagem da antiga estação de trem de Iguatu, que deveria ser um centro cultural, talvez a própria Secretaria de Cultura, mas que está abandona”, afirmou José.

A exposição no Teatro da Escola de Música Humberto Teixeira realmente o que foi apresentado despertou essa curiosidade e pensamentos do público. O músico e rapper Dantt gostou de participar dessa experiência. “Esse trabalho me chamou muito atenção. Quem vê não acredita nessa abrangência que ela tem. Além de ser participativa, essa interação, pois o público pode participar. Usar a filmadora para construir junto com ele enquanto ele toca a guitarra. Eu que sou amigo do Leo, fico orgulhoso de ver o trabalho dele sendo materializado, executado, quando ele queria colocar esse trabalho em prática. Foi um experimento muito interessante”, comentou o rapper iguatuense.

O resultado é que o público pequeno, seleto, pôde vivenciar a arte com a proposta da nova misturando imagens, sons e interação com o público focando principalmente no recado da preservação das matas nativas, reflorestamento e cuidado com os mananciais, mais especificamente o rio Jaguaribe.

Leon agradeceu a participação do público. “Esse momento é o fechamento de um ciclo, mas com vontade de querer voltar e fazer mais.”

As pessoas interessadas em conhecer mais sobre o trabalho de Leonardo Macedo, bastam seguir o perfil no Instagram: @leon.thewizard.

 

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