Crônica
A pouca validade dos nossos dias,
a efemeridade do Cronos,
o ser como jornal,
no outro dia vencido,
vêm me deixando abatido
nessa busca do ser sendo não ser…
Um acidente de trânsito…
O velho senhor da antiga rua onde morrei… se foi ontem à tarde…
Aquela que já foi bela…
Aquela que era uma pirralha…
A primeira velha… a outra… grandes pernas… a desfilar pelas calçadas…
Um velho professor vejo na rua…
Já foi esbelto e jovem…
Eu me vejo em uma vidraça…
Estou na curva implacável do destino…
Rugas, obesidade, calvície e reclusão…
Típicos sinais da insatisfação, que o tempo nunca me deixou perder, mas me maltratou me fazendo ser em o não ser…
Velhos cabarés das pedrinhas…
Parecem ruínas da Babilônia…
Uma boca banguela vejo na esquina…
Um busto magro, queimado e madeixas brancas a balançar ao vendo…
Meu Deus, por que tanto descontentamento? A Dário Rabelo pra mim era o mundo… hoje um resquício de perfume… passando em frente à casa dela que era pra ser, mas se tornou um não ser…
Uma música do Raul em bar aguça meus sentidos… aí no mesmo instante me deixa deprimido… ele viveu alguns sentidos a mais destes que sinto… vou chegar ao seu estado? Quero correr, beber, amar… viver e morrer em meio ao paradoxo do ser em não ser, como um quadro barroco na psicodelia diversa, rural, LGBT, puta, cafona, brega, chique, religiosa tradicional do centro de minha amada Iguatu…
Ah…. meu Deus… treme a alma na vida…
Aquele meu amigo se deu mal…
Outro vive muito bem…
Outro inventa… mas faz o convencional…
Outro casou por conveniência…
Outro… engana… é omisso e vive a pederastia enrustida de uma vida funcional e cafona de inventar o que não é… aliás… o ser no não ser…
Estou cansado… vou dormir…mas a mente não dorme…
O corpo treme…
O coração queima…
Os pensamentos me matam… além do ofício de ser em um mundo que nos deixa em não ser…
Uma amiga me faz pensar coisas boas… Só… Deus… uma esperança que ainda teima…
amém!
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