No conglomerado de letras, páginas e ilustrações, o professor Rubismar Marques traça um perfil cronológico do período 1870/1930, fase da implantação e funcionamento da estrada de ferro no Ceará, com capítulo especial sobre a chegada do desenvolvimento a Iguatu
No livro “Ferrovias no Ceará, suas tramas políticas, seus impactos econômicos e culturais, 1870/1930”, o professor universitário paraibano Rubismar Marques Galvão, da cidade de Cajazeiras/PB, traça um perfil socioeconômico deste importante fator desenvolvimentista para o estado do Ceará, em particular, o Centro-Sul e a cidade de Iguatu, um dos municípios beneficiados diretamente com a passagem por aqui dos trens de carga e passageiros.
O evento aconteceu na quarta-feira, 8, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas, com a participação de autoridades locais, intelectuais, acadêmicos, empresários e profissionais liberais. O lançamento foi uma parceria firmada entre o autor do livro, a CDL, o jornal A Praça e a FASC – Faculdade São Francisco do Ceará.
Vera Claudino, diretora-presidente da FASC, foi a primeira oradora da noite. Ela destacou a importância daquele momento literário e cultural, para os parceiros, e enalteceu a pessoa do professor Rubismar, seu desprendimento, coragem em percorrer o sertão em busca de informações para compor sua obra.
Também estavam no lançamento, outra conterrânea do autor, Sandra Belchior, o esposo Ednando, gestores da Unific, Hudson Breno Elói, secretário de Ciência, Tecnologia, de Iguatu, Jaquilini Viração e Everton Alencar, professores da URCA e FECLI, respectivamente, José Roberto Duarte, diretor de ensino da FASC, dentre outros convidados.
O lançamento do livro contou com dois momentos distintos, primeiro quando os convidados que compunham a mesa se pronunciaram e após a solenidade formal, em que o autor se dedicou autografar o livro. Rubismar Marques, no momento de seu pronunciamento, lembrou os primeiros contatos com Iguatu e as conversas preliminares com o memorialista e jornalista Wilson Lima Verde. “Eu recebi a indicação e fui falar com ele, aquele senhor, de sorriso largo, simpático, acolhedor e grande conhecedor da história”, frisou.
A obra
A apresentação do livro ficou a cargo do professor José Roberto Duarte, Diretor de Ensino da FASC, professor de Português, Redação e Literatura, e Diretor de Redação do jornal A Praça, órgão da imprensa de Iguatu, parceiro na promoção do evento. José Roberto traçou uma linha tênue do tempo e do espaço, para relatar de forma comentada, os fatos políticos e socioeconômicos que estão nos registros da obra, inclusive o que foi dito pela imprensa escrita, na época, década de 1910, nos anais da história do estado, que a ‘chegada do trem’ foi a mola propulsora para o salto de progresso de Iguatu. O professor citou que com a desativação da estrada de ferro, em meados dos anos 90, Cedro, foi a cidade mais prejudicada. Antes Iguatu era como ‘ponto de partida e chegada, uma vez que os passageiros que embarcariam para Fortaleza vinham apanhar o trem em Iguatu. Quem iria viajar de Fortaleza até o Cariri, antes da expansão da linha férrea (Fortaleza-Crato), desembarcava em Iguatu. O professor lembrou o episódio da ‘queda de braço’ entre Fortaleza e Aracati, do ponto de vista socioeconômico e político, porque Aracati era protagonista, sendo a cidade que economicamente era mais forte, porque detinha o porto em suas areias e Fortaleza, ainda não. Voltando para Iguatu, Zé Roberto lembrou que “A história econômica de Iguatu está dividida em duas fases: antes e depois da chegada da linha férrea”.
O livro é uma dissertação do Mestrado em História, pela Universidade Federal de Campina Grande. Do capítulo 1 ao capítulo 3 o livro mostra como Fortaleza ganha força política e econômica, para determinar de onde sair e para onde ir as ferrovias do Ceará. Mostra as interferências, as tramas políticas, na instalação das ferrovias, tanto no Brasil e mais especificamente no Ceará.
No capítulo 3 o escritor trata exclusivamente sobre Iguatu, relatando os impactos econômicos e culturais da implantação da ferrovia em Iguatu. “Eu posso dizer que a história de Iguatu pode ser dividida em dois momentos: antes e depois da chegada da ferrovia”.
Segundo a obra, em 1910, Iguatu era uma cidade atrasada, sem muita importância no cenário político e econômico do Ceará. Com a chegada da ferrovia, Iguatu se transforma profundamente, passa a ser uma cidade mais pujante, mais moderna. E como consequência, chegam outros benefícios, como a energia elétrica, os jornais impressos, o cine teatro, construído, moderno e grandioso, o que tem de grande no Ceará chega a Iguatu. É criada a Associação Comercial, a indústria, o comércio e agricultura se fortalecem tudo como consequência da chegada da ferrovia na cidade. “Com a chegada da ferrovia Iguatu se desenvolve acentuadamente”.
O escritor ressalta no livro que não se pode esquecer da participação efetiva de homens públicos, empreendedores, políticos renomados que tiveram intensa atuação nesta empreitada. Conforme pesquisa, a ferrovia não passaria por Iguatu, segundo o que rezavam as orientações técnico-econômicas, mas a força política do cel. Belizário, junto ao Presidente do Estado, Nogueira Aciolli, fez a diferença e ele conseguiu trazer a ferrovia para Iguatu. “A chegada da ferrovia a Iguatu deve-se, antes de tudo, ao Cel. Belizário e ao Presidente Aciolli”.
No livro o escritor lembra que a segunda pessoa mais importante neste processo de expansão de Iguatu foi o Dr. Gouvêa, que o professor intitula de ‘Paladino da Modernidade’. Conforme o escritor, esses homens devem ser lembrados pelos iguatuenses, porque, em algum momento de sua história, eles foram fundamentais para aquela arrancada do Iguatu, o que explica em boa parte, o que Iguatu foi naquela época, e o que ele é hoje.
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