Mais um ano quadrilhas deixam de se apresentar por causa da pandemia

29/05/2021

O mês de junho já se avizinha, época das tradicionais festas desse período, porém 2021, assim como foi ano passado, vai ficar sem as apresentações, os verdadeiros espetáculos que eram proporcionados pelas quadrilhas juninas devido à pandemia do novo coronavírus. “Pra mim está sendo muito triste. Quando chega esse tempo, a gente fica com a ansiedade a mil, um frio na barriga, emoção a flor da pele, só de imaginar que não vai ter São João, por mais uma vez. A gente cresceu vivendo essa tradição”, comentou Janaína Lima, designer de unhas e rainha da Junina Santo Antônio.

E nesse tempo não vão existir bandeirinhas colorindo e balançado no céu, muito menos o casamento, os passos marcados de cada dança, figurinos ricos em detalhes e brilho, que enchiam os olhos do público que lotavam os quadrilhódromos. “Não vamos poder mais uma vez levar toda essa alegria e magia ao público. De tudo isso sentimos falta, até dos nossos gritos de guerra, do frio na barriga antes de pisar na quadra para apresentação dos jurados. Infelizmente, estamos em uma situação difícil com o vírus da Covid. Estamos nos cuidando para que ano que vem seja um São João lindo. Enquanto isso vamos fazer nossas bandeirinhas dormirem um pouco para acordar com fé Deus é acima de tudo saúde”, fortaleceu o recado da jovem Janaína Lima, que ainda tem guardada em casa a faixa de rainha da Junina Santo Antônio 2019, último ano em que brincou nos festivais juninos com todo o seu grupo.

 

Prejuízo financeiro e cultural

“O tempo do São João sempre foi motivo de alegria, reencontros e muita paixão pela tradição dos festejos juninos, amor esse sendo obrigado a se conter no peito contido por conta da calamidade sanitária a qual estamos vivendo. Noites e mais noites de estudos, coreografias, figurinos…  mas há dois anos não está sendo possível desfrutar, causando prejuízos financeiros e principalmente cultural”, afirmou Soraia Oceti, presidente do grupo junino Nação Nordestina e facilitadora de dança, ressaltando que assim como os demais brincantes do grupo sentem saudades do ritmo as batidas do forró tocado pelo ‘Regional’, das ruas enfeitadas, das fogueiras acessas nos terreiros das casas, da alegria contagiante dessa tradicional cultura nordestina. “Os trabalhos continuam na certeza que um dia tudo isso vai passar. Vamos poder fazer aquela aglomeração cheia de alegria e dança do nosso São João ”, mostrou-se confiante.

Mas não é fácil vivenciar tudo isso, são muitos meses de preparativos, ensaios, construção de figurinos, cenários, projetos que precisam de muitos investimentos financeiros, no mínimo um grupo necessita de R$ 80 mil para produção. “São João não dá dinheiro, no final dá muito gasto, muita conta pra pagar. Nem que um grupo ganhe vários festivais, não cobre o que é investido”, relatou Júnior Alves, produtor cultural da Junina Santo Antônio.

Ação social

“Mas não ficamos parados, somos uma associação, sabemos que nossos integrantes, muitos, infelizmente, são de famílias carentes. E também nessa pandemia vimos o tanto de famílias sem ter o que comer em casa, infelizmente ainda continua essa situação. Nós arregaçamos as mangas, fomos atrás de alimentos, montamos cestas básicas e distribuímos para muitas famílias. E continuamos fazendo essas ações sociais. Fomos contemplados com a Lei Aldir Blanc, fizemos algumas apresentações, participamos de festivais ano passado, mas é diferente, falta a energia do povo, das torcidas”, lembrou Júnior Alves, afirmando que tudo o que já era difícil principalmente pela parte financeira está mais complicado ainda. “Muito difícil nesse momento pra todos, muita coisa parada. A quadrilha é uma grande empresa e com ela parada, para tudo, as costureiras, os sapateiros, os cenógrafos e muitos outros colaboradores estão sem a renda que ganhavam nesse período. Até quem trabalha com sublimação de tecidos e camisas. Além da movimentação de renda no município. Mas estamos continuando nosso trabalho com a Associação fazendo nossa parte também social”, complementou Júnior, apontando que toda a cadeia produtiva do movimento junino foi prejudicada. Ele espera que em 2022 o cenário seja bem melhor.

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