Manejo no rio Jaguaribe já recuperou mais de um hectare de mata ciliar

12/06/2021

Uma área total de 5,5 hectares de cadeia produtiva é focada na conservação ambiental

O extenso cordão verde de mata fechada e nativa há cerca de sete anos praticamente não existia na propriedade da família do engenheiro civil José Edvan Teixeira, no Sítio Penha, à margem esquerda do rio Jaguaribe, na zona rural de Iguatu. A mata ciliar vem sendo ampliada pela ação natural, pelo menos nos últimos quinze anos, desde quando Dr. Zé Edvan, como é conhecido, passou a tocar a propriedade com visão voltada para sustentabilidade ambiental.

Na propriedade todo o manejo é feito de forma integrada, isso quando se fala do aproveitamento de áreas em conjunto com a criação dos animais, área de pasto e reserva natural. Um bom exemplo são dois grandes tanques onde são criadas tilápias, antes eram áreas para extração de barro para fabricação de tijolos. Além disso outros espaços foram bem reaproveitados, tem criação de gansos, patos e porcos. Uma área total de 5,5 hectares de cadeia produtiva focada na conservação ambiental. Mas o grande resultado que é apresentado com orgulho pelo agropecuarista é a área de mata ciliar que voltou a ter vida. É um hectare de mata ciliar, parece pouco, mas o resultado é visível. “Quando se há respeito, a natureza reage de forma positiva. Isso aqui é uma croa do rio, eu cerquei e deixei que a natureza fosse fazendo o resto. A cada cheia do rio, ela traz uma camada fina de solo, mas depois de cada cheia você não mexe, a própria natureza vai se encarregando de colocar a vegetação. Isso é uma sequência que vai aumentando, é processo demorado, mas para ser ter uma ideia já temos hoje mais de 2 metros de profundidade de solo desde quando começamos há 15 anos. É fácil de comparar com as propriedades vizinhas que não fizeram nada, e a degradação continua. Já recuperamos cerca de 1 hectare de mata ciliar, onde havia degradação total”, comemora. “O melhor é que é sem custo nenhum para manter o espaço nativo”.

Bom exemplo

O trabalho desenvolvido na propriedade é visto também como um bom exemplo. Tudo isso segundo o agropecuarista quando se alia o trabalho no campo com proteção e preservação ao meio ambiente. Mesmo trabalhando por cerca de 47 anos na atividade de engenheiro civil, sendo que atuante no Nono Distrito Operacional do antigo D.E.R, atualmente Superintendência de Obras Públicas, órgão do Governo do Estado, o gosto pelas ‘coisas’ do campo sempre esteve caminhando lado a lado. José Edvan espera que outros produtores rurais e também moradores se conscientizem sobre a importância que tem o rio Jaguaribe, não só pela história, mas como fonte de riqueza natural. “Aqui era bonito. O rio era mais estreito, tinha muita água, peixe a vontade. Depois começaram a destruir as barreiras para retirar areia, foram acabando com tudo. Aqui onde Dr. Zé Edivan vem cuidado está tudo diferente, tem verde, tem água”, comentou o agricultor Júlio Belo da Silva, 74.

Degradação

Mesmo assim, segue a contramão de todas as ações ambientais de proteção, e o rio Jaguaribe continua sofrendo degradação diariamente, um problema antigo. O manancial com seus mais de 610 km de percurso, nascendo na Região dos Inhamuns, passa por Iguatu bem antes de desaguar no Litoral cearense, em Aracati. Em todo esse trajeto é feita deposição de lixo, entulhos além de esgotos que são despejados diretamente no rio. Em Iguatu não é diferente. São vários pontos da degradação ambiental. Um desses locais fica na chamada Beira-Fresca, no Bairro Prado. “A gente que está aqui não se acostuma, a água suja fica acumulada prejudicando ainda mais a gente, não tem que aguente ficar com uma janela aberta, é muito mal cheiro, invasão de insetos, ratos, cobras e muita muriçocas nas casas. Seria bom que as autoridades olhassem para cá e resolvessem isso. A gente vai falar para as pessoas não jogarem lixo, brigam com a gente”, lamentou o aposentado Francisco Fenelon, que há mais de vinte anos mora na localidade, ressaltando que a situação vem se agravando cada vez mais.

Fiscalização

Já não bastasse isso tudo, outros problemas também recorrentes são a devastação da mata ciliar para criação de animais, áreas de pastagens e até mesmo extração irregular de areia, como aponta levantamento da Secretaria do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Proteção Animal de Iguatu. Esta semana duas empresas foram autuadas por retirada de areia de forma irregular do rio. “Estamos fazendo uma fiscalização dura desses que retiram areia, que têm licença ambiental. Alguns trabalham certo, mas outros ainda insistem em destruir a mata ciliar, retirando aquelas barreiras, quem têm o chamado arisco, que tem mais valor comercial agregado. Atuamos duas empresas essa semana. Vamos continuar com a fiscalização com a Guarda Municipal que será treinada para nos auxiliar nessas fiscalizações”, explicou o secretário da pasta, Mário Rodrigues, afirmando ainda que através do empréstimo feito pelo município, através do BNDES, serão investidos recursos no sistema de esgotamento sanitário da cidade, retirando os esgotos que são despejados nas lagoas e nos rios, além do reforço na fiscalização com a Guarda Municipal. “Esse trabalho feito por Dr. Zé Edvan mostra que é um exemplo, que existe a condição, a possibilidade de recuperação dessa mata. A gente pretende desenvolver uma parceria com proprietários de terrenos na região ribeirinha para que nos ajudem no sentido de ampliar as áreas de mata ciliar. Estamos montando um projeto para justamente cuidar do nosso rio e das nossas matas. Vamos produzir mudas e vamos tentar recuperar nossas matas ciliares”, finalizou Mário Rodrigues.

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