Memória fotográfica de Iguatu – Entrevista: Paulo Cézar Barreto Arquiteto e Urbanista

18/03/2023

O arquiteto e urbanista Paulo Cézar Barreto vem usando as redes sociais para divulgar farto acervo de imagens da cidade de Iguatu, um dos mais ricos materiais da nossa memória fotográfica das décadas de 1980 e 1990, trabalho que ele fez ainda quando estava na Faculdade de Arquitetura, mas que já revelava seu olhar sobre a cidade, suas transformações e desenvolvimento. Sobre o acervo, um futuro registro literário e até uma exposição aberta ao público, o arquiteto conta em entrevista exclusiva nesta edição do A Praça

 

A Praça – Como conseguiu fazer esse registro fotográfico de Iguatu? As fotos são suas?

Paulo Cézar – São minhas mesmo as fotos. Fiz essas fotos quando estava no curso de Arquitetura e vinha passar férias em Iguatu.

A Praça – E o que conseguiu produzir em termos de arquivo?

Paulo Cézar – Só daquele período fiz um arquivo com quase 270 fotos. Além do aspecto urbano da cidade de Iguatu, destaquei o lado humano de sua gente sempre em condição de dignidade e expressividade.

A Praça – Como as pessoas reagem ao se depararem com as imagens?

Paulo Cézar – Muitas pessoas que veem estas fotos, muitas jovens que não tinham ainda nascido naquela época se emocionam porque sabem que aquela realidade foi vivida por seus pais e avós. Também fiquei emocionado por tanta receptividade.

A Praça – Que tipo de equipamento usou para captar as imagens?

Paulo Cézar – Era uma máquina fotográfica, semiprofissional com resolução mediana, e outros recursos que tinha que fazer adaptações a cada ambiente e luz. Bem diferente das possantes fotografias de que hoje dispomos em todo celular que configura automaticamente cada cenário e alta resolução.

A Praça – Então revelou tudo? Em qual loja?

Paulo Cézar – Aqui em Iguatu tinha algumas lojas faziam esta revelação em preto e branco. A fotografia colorida era incipiente e cara naquela época. Estas fotos em sua maioria revelei em laboratório de fotografia da Faculdade de Arquitetura, pois cursava uma matéria curricular de Fotografia.

A Praça-  E como conseguiu preservar o arquivo original?

Paulo Cézar – Ainda conservo os negativos destas fotos. Os negativos eram um produto que resultava do ofício fotográfico e partir deles e que fazíamos a revelação – impressão.

A Praça – Nunca pensou em fazer uma exposição? Lançar num livro? É um acerto muito rico e inédito.

Paulo Cézar – É uma iniciativa a se pensar. Várias pessoas já me incentivaram a transformar esta memória fotográfica em um produto cultural de alcance maior e que mais pessoas possam vir a apreciá-la. Embora as mídias sociais tenham hoje um poder de alcance democrático inigualável.

A Praça – Que canais digitais utiliza para postar as imagens?

Paulo Cézar – Uso muito a página do meu Facebook, podendo os internautas acessarem através do perfil Paulo Barreto. Também tenho perfil no Instagram, com o nome: @ paulo.cbarreto.

A Praça – Em algum período compartilhou essas imagens com os colegas da faculdade, seus professores? Houve reação deles? Surpresa?

Paulo Cézar – Na época significava a interação técnica, qualidade estética e debates referentes à prática desta matéria entre alunos da turma e professores. Acontecia uma boa avaliação deste trabalho. E claro, o exercício profissional da Arquitetura.

A Praça – E qual é o olhar do arquiteto Paulo Cézar Barreto da cidade hoje? Os contrastes, as mudanças físicas, o que avançou, do Iguatu de hoje para o Iguatu daquele ano do registro?

Paulo Cézar – A cidade mudou muito. Se você observar as fotos, havia a predominância da bicicleta, existia quase um vazio de carros. O meio ambiente era bem mais valorizado e preservado. Veja como a população ia ao rio Jaguaribe para se divertir, trabalhar e admirar sua beleza. Também era perceptível uma interação e camaradagem entre as pessoas. Era uma vida bem simples, mas intensa. Também a agropecuária dominava as transações financeiras.

A Praça – Os avanços são necessários ao desenvolvimento, mas é possível perceber isso na transição dos anos, vendo os registros e comparando com a realidade atual?

Paulo Cézar – A cidade cresceu. Virou um centro regional de serviços e comércio. Faculdades, hospitais, centros atacadistas. Hoje vivemos o impacto de uma grande demanda por empregos, infraestrutura urbana, respeito à nossa memória paisagística e histórica. Mobilidade esgotada. Os desafios são imensos, mas passíveis de resolução com o envolvimento de todos.

A Praça – Dá um certo saudosismo daquele Iguatu registrado em suas lentes?

Paulo Cézar – Sim, e também um amor espontâneo e sincero daqueles que nasceram aqui ou vivem aqui.

A Praça – Em relação ao rio Jaguaribe, um dos mais relevantes patrimônios ambientais, em suas imagens aparece muito, com seus extensos bancos de areia e monumentos. Nos dias atuais o rio parece ter sumido?

Paulo Cézar – Sim, infelizmente.

 

Perfil

Paulo Cézar Barreto é arquiteto e urbanista, formado pela Universidade Federal da Paraíba, campus João Pessoa. Após 35 anos de serviços prestados ao município, Paulo Cézar se aposentou, mas pelo seu espírito público e dedicado às causas de interesse da sociedade, está atualmente se dedicando a trabalhos nas áreas ambiental, saneamento básico e planejamento urbano.

 

 

 

 

 

 

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