Basta abrir a torneira que a água que sai na casa da Silva Kelis logo apresenta tonalidade amarelada. Ela mora no Novo Iguatu, na periferia da cidade. A primeira água sai clara, logo depois muda de cor. Hoje está saindo é limpa, mas tem dias que é uma borra de café, igualzinho. A gente tem que colocar um pano na torneira para poder usar com melhor qualidade, mas a conta no final do mês chega bem limpinha”, ironiza a dona de casa, reclamando da situação que tem vivido nos últimos dias em relação à água distribuída pelo Serviço Autônomo de Agua e Esgoto, SAAE de Iguatu, quando chega a pagar em média R$ 50,00 por mês pelo consumo de água. “A água estava com boa qualidade, mas de um tempo para cá ficou assim. Esperamos que esse problema seja logo resolvido. Eu tenho medo até que cause problema de saúde principalmente nas crianças”, ressaltou.
De acordo com moradores, o problema persiste desde os últimos dois meses, e em diversos bairros de Iguatu. Os relatos e vídeos de moradores reclamando sobre a falta de qualidade da água são divulgados também nas redes sociais. Dona Rosa Vidal, que é lavadeira, também passou a enfrentar problemas no trabalho por causa da água com tonalidade mais fora do padrão. “Tem dias que a água chega boa, normal, bem transparente. Mas tem outros que é amarelada, cheio de impurezas. Eu lavo roupa para fora. Minha responsabilidade é grande porque meu serviço precisa de água e com qualidade. A gente paga por um serviço caro. Tive que mandar lavar a caixa d’água, e eu encho, espero a água decantar para não descer sujeira. Ainda bem que melhorou esses dias. Mas a gente fica monitorando na torneira da rua. Se muda de cor, não deixo essa água subir para caixa”, pontuou.
Sistema de tratamento
O abastecimento de Iguatu é feito pelo açude Dr. Carlos Roberto Costa, Trussu. O reservatório fica no distrito de Suassurana, distante cerca de 20km da estação de tratamento de água do SAAE, no bairro Cocobó. A água é filtrada e tratada antes de ser distribuída para cerca de 30 mil unidades consumidoras. De acordo com Wilton de Souza, gerente técnico do SAAE, apesar da água com tonalidade amarelada, não há impurezas como coliformes fecais e outras bactérias. A água passa por sistema de tratamento antes de ser destinada aos usuários. Um dos fatores que tem contribuído para essa tonalidade fora padrão, tem a ver com a recarga hídrica do Trussu, que está com cerca de 28% da capacidade de armazenamento. “O problema decorre da recarga do açude Trussu, isso porque graças às boas chuvas o açude recebeu novas águas e trouxe muita matéria orgânica para dentro do reservatório, isso acontece uma mistura dessa água. Acaba carreando esse material. Mas já tem melhorado e muito. Ainda em alguns bairros há essa reclamação dos moradores. Mas estamos trabalhando para sanar esse problema”, disse.
De acordo com o superintendente do SAAE de Iguatu, Demir Amorim, o órgão recebeu visitas técnicas de parceiros, entre eles a COGERH, na Estação de Tratamento de Água e no Trussu, para ajudar a descobrir e solucionar o problema. “Já estamos trabalhando no sentido de melhorar a qualidade da nossa água. É tanto que já melhorou e muito. As reclamações acontecem sim, estamos com nossa equipe técnica sempre à disposição para resolver todos os problemas. Até porque o prefeito Ednaldo Lavor pediu empenho de todos nós para resolvermos o quanto antes essa situação. Estamos empenhados nisso”, afirmou o superintendente.
Nova adutora
O atual sistema de abastecimento da cidade, que é bastante antigo, precisa ser atualizado e modernizado. De acordo com Amorim, há ainda um projeto para a implantação de uma nova Estação de Tratamento de Água para a cidade, orçado em pouco mais de R$ 34 milhões. “Estamos trabalhando para isso. Vamos pedir a Deus um bom inverno no próximo ano. Iguatu além do Trussu, nós temos área de captação no rio Jaguaribe e também vamos trabalhar para implantação de uma nova adutora que vai melhorar a qualidade da água ofertada para os consumidores de Iguatu”, finalizou.
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