O aumento de focos de incêndio nas regiões de serra tem deixado moradores do distrito de José de Alencar em estado de alerta. Além do período de seca e baixa umidade do ar, há muitos relatos de práticas de incêndios criminosos. Há quase uma semana que focos de incêndios são registrados por moradores dos sítios Estrada e Aroeiras, na região do Alencar. O fogo está consumindo grandes áreas de vegetação nativa.

O fogo que já causou prejuízos para agricultores e produtores rurais com a destruição de pastagem, sistema de irrigação, cercas, provoca também danos à saúde de moradores, além da destruição da fauna e da flora nativa. Nesta semana foram registrados incêndios novamente no distrito de Gadelha, que atingiram a reserva ambiental do Instituto Federal – IFCE Campus Cajazeiras. Também houve registro de destruição no Barro Alto, Fomento, além de outras localidades. Os incêndios em vegetação ocorrem não só em Iguatu, mas em outros municípios que são atendidos pela Corporação dos Bombeiros em Iguatu.

Essa situação preocupa moradores e movimentos ambientais de Iguatu. Neste sábado, 22, está prevista reunião para tratar sobre esse assunto, no Sindiguardas, às 15h. “O objetivo dessa reunião é reunir o pessoal que se interessa pelo tema ambiental, principalmente nesse período de incêndios que ocorrem com mais intensidade e causam prejuízos econômicos a produtores rurais que perdem pastos, cercas, animais e também os prejuízos que a população sofre com a fuligem, com a fumaça, estradas interditadas e outros prejuízos. A questão ambiental é mais grave ainda, porque sabemos que não dá para desassociar a vida humana da natureza”, apontou o agricultor agroecológico Dauyzio Silva, integrante do movimento.

“Estamos numa região semiárida. A gente depende do clima, da vegetação, da água. Quando é retirada a vegetação, acaba não tendo plantas para atrair as chuvas na época certa. Então a gente tem um prejuízo muito grande. Além do calor. Iguatu é uma cidade muito quente. A umidade do ar baixíssima, graças, muito graças ao desmatamento e às queimadas que estão ocorrendo agora. Isso agrava cada vez mais a situação”, destacou Dauyzio, convidando as pessoas para participar desse momento, quando serão tratados questão ambientais e apresentado propostas de ações para amenizar essa situação.

Diante dos registros de incêndios na região de José de Alencar, na segunda-feira, 24, também está marcado uma ação de conscientização. Haverá concentração por volta das 8h, na barragem da localidade, logo em seguida uma caminhada até o açude do governo. Já faz uma semana que focos de incêndios atingem grandes áreas, consumindo vegetação nas serras dos sítios Estrada e Aroeiras. “O ato é para pedir mais conscientização sobre a referida situação. Um apelo as autoridades para que se envolvam mais em meio a essas questões ambientais, e as pessoas em geral para cuidar mais do meio em que vivemos, valorizando assim a fauna e flora da nossa região”, ressaltou Eliardo Lavor, agente jovem ambiental.

Aumento de incêndios preocupa bombeiros

“Estamos com equipes atendendo diariamente os chamados das pessoas. Nessa região do Alencar, equipes passaram a semana toda combatendo focos naquela região. Há áreas que se avistam realmente fumaça, fogo, mas são em pontos isolados. São focos em troncos, que infelizmente ficam em áreas de difícil acesso e continuam queimando. Desde a semana passada que a gente vem combatendo esses incêndios. Realmente o clima não está favorável, está muito seco. Tem muitos incêndios acontecendo em vários locais. A gente não consegue atender os chamados ao mesmo tempo. Apesar de termos homens preparados, equipamentos, infelizmente o motivo ainda é a ação humana. Na estrada, a gente ver roças queimadas, tem umas com aceiros que evitam essa propagação. Muitos agem de forma criminosa tocando fogo, fazendo a limpeza dos terrenos. Só que fogo nesse momento quente, com umidade baixa, fica difícil não se propagar. Mas estamos sempre à disposição”, disse o quartel local dos bombeiros.

Moradores também reclamaram que não conseguiram contato direto para chamado de urgência com a Corpo de Bombeiros, de Iguatu, através do número 193. Conforme a corporação, o telefone teve que passar por manutenção apenas um dia da semana passada, mas o problema foi logo solucionado. O número continua à disposição para chamados.

Crime ambiental

A prática de incêndio florestal é considerada crime ambiental pelo artigo 41 da Lei nº 9.605/98, que dispõe sobre as sanções derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Ainda assim, dados demonstram que a maioria dos incêndios nesta época do ano são provocados pela ação humana.