Moradores de rua recusam isolamento em abrigo improvisado

28/03/2020

Nesta semana  a secretaria de Assistência Social, através de equipes do CREAS-Centro de Referência da Assistência Social, realizou abordagens com pessoas em ‘situação de rua’, com o objetivo de encaminhá-las para um abrigo provisório na escola Pacífico Guedes, visando prevenir a proliferação do coronavírus, já que essas pessoas permanecem aleatoriamente nas ruas geralmente aglomeradas em grupos nos mesmos locais. Todavia, elas se recusaram a ir para o abrigo e algumas continuam perambulando pelas ruas da cidade.

Roxanny Sarmento, assistente social, coordenadora do CREAS, que acompanhou pessoalmente as abordagens, informou que ao todo foram identificadas 10 pessoas, entre moradores e pessoas em situação de rua. Deste total, segundo ela, somente três, de fato, têm perfil de ‘morador de rua’. Os demais, três são de outros municípios, um de Jucás, dois da Paraíba, um de Cariús e outro de Juazeiro do Norte. Conforme Roxanny, apesar da ajuda ofertada pelo município para levar os paraibanos de volta para suas cidades de origem, eles não quiseram retornar e preferiram permanecer em Iguatu, embora advertidos dos riscos de contribuírem para proliferação do coronavírus.

O morador da cidade de Jucás aceitou retornar e foi encaminhado para aquele município. O morador de Cariús também não quis ir para o abrigo alegando que posteriormente irá retornar para seu município, e o morador de Juazeiro do Norte também se recusou a ir para o local assistencial. Conforme a coordenadora, das outras cinco pessoas, duas estão num ‘abrigo de acolhimento’ do pastor Paulo Henrique, na vila DAER, e os demais, dois deles não revelaram suas cidades de origem, e um preferiu ficar num local onde já tem espaço para dormir.

Boa vizinhança

Numa mensagem de áudio divulgada pelo WahtsApp, o prefeito Ednaldo Lavor explicou que o trabalho assistencial a moradores e pessoas em situação de rua está sendo feito num entendimento com outros prefeitos, com a troca de informações. Ele citou o caso do morador de Jucás e acrescentou que num contato com o prefeito de lá, Raimundo Luna, uma equipe daquela cidade já veio buscá-lo. O prefeito ressaltou que é a política da boa vizinhança e se houver alguém de Iguatu num dos municípios da região, o município de encarregará de ir resgatá-lo para que ele seja cuidado aqui. “Sabemos que o morador de rua tanto pode trazer o vírus como pode levar. Então a ideia é que a gente possa acolher essas pessoas e cuidar delas”.

O gestor informou que encarregou o secretário de Educação, Pablo Neves, para, numa parceria com a secretaria de Assistência Social, organizar a estrutura na escola Pacífico Guedes para receber os moradores e pessoas em situação de rua. De acordo com Ednaldo, a escola é equipada com salas climatizadas, banheiros, cozinha e pode oferecer aos assistidos atendimento com o café da manhã, almoço, jantar e lugar para dormir e tomar banho. Além disso, o acompanhamento de uma assistente social, equipes da saúde com palestras informativas com eles, de como adotar hábitos de higiene, com o uso dos equipamentos de proteção individual, principalmente a máscara, para afastar qualquer risco de contaminação.

Outras famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social, também receberão assistência. O prefeito informou que a gestão está providenciando cestas básicas para as famílias que residem precariamente nos assentamentos, os ‘picolezeiros’, pipoqueiros, ambulantes, e outros públicos que direta ou indiretamente estejam nas ruas, morando ou trabalhando para sobreviver.

Resistência a regras

A secretária de Assistência Social, Patrícia Diniz, informou que Iguatu não tem histórico de moradores de rua. Segundo ela, do ano de 2015 para cá, a secretaria de Assistência Social, através do CREAS – Centro de Referência da Assistência Social, identificou 10 pessoas com o perfil de situação de rua. Conforme Patrícia, as abordagens com este público ocorrem com frequência através das equipes do CREAS, mas, segundo ela, há resistência dos abordados em aceitarem os encaminhamentos para os abrigos. “O município tem local preparado, tem toda logística, porém não existem pessoas em condição de rua para serem abrigadas”, frisou.

A secretária ressaltou que algumas pessoas preferem permanecer nas ruas porque nos abrigos sociais existem as normas de cumprimento dos hábitos de higiene, horários para se recolher para dormir, alimentação e é necessário abdicar do uso de entorpecentes. Contudo, ela lembrou que por parte do município existem as ações planejadas para atender esses grupos e apesar da resistência deles, as abordagens continuarão.

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