Apesar da quadra chuvosa deste ano ter sido considera boa, até mesmo melhor em que anos anteriores no Estado do Ceará, a terceira melhor das últimas duas décadas, de acordo com dado da FUNCEME, entre fevereiro e maio, choveu 823,7 milímetros, o que equivale a quase 3% a mais em relação à média histórica para o estado para o ano, que é de 800.6mm, algumas cidades cearenses já enfrentam problema com o abastecimento hídrico. Iguatu é uma delas. Na Região Centro-Sul cearense, o período de inverno não foi satisfatório para encher reservatórios. Situação que prejudica o acesso à água potável e alimento para criação dos animais.
A cisterna e a caixa d’água no terreiro da casa do agricultor José Bento estão praticamente secas. A água armazenada, pouco mais de um palmo, ainda foi captada das últimas chuvas. “Aqui não choveu, serenou. Veja a situação de toda área sem pasto, sem água mesmo. Estamos enfrentando um problema grande com a falta de água”, destaca José Bento, morador do sítio Tabuleiro, na região do distrito de José de Alencar.
40 famílias prejudicadas
A situação não é diferente de outras famílias do sítio, onde José Bento mora. O sistema de abastecimento de água não tem mais capacidade de atender todas as moradias. São cerca de 40 famílias que dependem do sistema hídrico, que só tem capacidade de fornecer água uma vez por semana. “Já perdemos vários motores por conta da falta de água. A gente se quiser tirar alguma coisa do poço, tem que esperar uma semana. No domingo, é que a água é liberada para a caixa e distribuída para as casas. Tem casa que nem chega mais”, lamenta.
Com o fim do inverno, a tendência é que o acesso à água fique cada vez mais difícil. Na casa de agricultora Cida Catirino, a água da cisterna que antes era só para beber e cozinhar está sendo utilizada para outros afazeres de casa. “Ainda temos que poupar. É pouca água, tem que servir pra tudo, até para os bichos brutos. Se tivesse chovido, a situação seria outra. Esperamos que pelo menos o carro-pipa traga água pra gente”, afirma Cida Catirino.
Por causa da escassez de água potável para o consumo, moradores esperam a continuidade pelo menos da operação carro-pipa da Defesa Civil do estado do Ceará, para amenizar essa situação. No sítio Tabuleiro, a principal fonte de renda é o trabalho no campo. Muitas famílias recebem benefícios sociais e sobrevivem com aposentadoria. Mas há cerca de seis anos a situação para quem depende do trabalho na roça está difícil, por falta de água.
O agricultor Ednaldo Ferreira colheu as últimas espigas de milho que vingaram. “Plantei em fevereiro. Todo ano planto milho e feijão nesta área de 2 hectares. Se o inverno tivesse sido bom, iria tirar mais de 50 sacas de milho, mas não vou colher praticamente nada, olhe se tirar umas 6 sacas”, disse.
Defesa Civil
Em Iguatu, mais de cem comunidades rurais necessitam de abastecimento por pipa, outras dezenas de poços profundos. Situação que preocupa porque o açude Trussu, principal reservatório que abastece a sede, está com menos de 3% da capacidade de reserva hídrica. O que diminui o acesso para atender também as comunidades rurais.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Iguatu, José de Arimateia, o município conta com dois carros-pipa para atender todas as comunidades. O município já solicitou a inclusão para receber mais caminhões da Operação Pipa para atender a demanda da população. “A demanda é que aumente ainda mais o número de comunidades que necessitem de abastecimento por pipa. Estamos nos virando para atender todas as solicitações com os dois carros que temos. Quando inicia o inverno, a operação pipa é suspensa. Aqui não tivemos um bom inverno, muitas comunidades estão secas. Esperamos o retorno da operação para nos ajudar e atender todas as comunidades rurais”, concluiu Arimateia.
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