A redução no volume hídrico do açude Dr. Carlos Roberto Costa, o Trussu, que tem capacidade para 300 milhões de metros cúbicos, e está com 2,44% desse total, corresponde a cerca de 7 milhões m³. O baixo volume afeta a qualidade da água, dificulta também o acesso até mesmo para comunidades ribeirinhas, que antes tinham água praticamente na porta, como a Agrovila Tamboril, na região que faz divisa com o município de Acopiara.
O agricultor Roberto Flávio tinha plantando no quintal da casa dele um verdadeiro pomar, uma grande variedade de frutas, entre elas: coco, acerola, laranja, siriguela e manga, mas praticamente tudo morreu. “Resta apenas um pé de caju. Até os pés de coco, que são resistentes, morreram. Aqui era muito bonito, bem diferente de hoje, estamos sem nada. O quintal tinha vida, mas por falta d’água morreram”, lamenta, o morador da Agrovila Tamboril.
A comunidade fica às margens do açude o Trussu, mas devido à seca nos últimos anos, o acesso à água até para quem tinha bem perto de casa está cada vez mais difícil. O pouco de água na cisterna da casa do pescador Ailton Brito é captado do açude, que está a quase 2 km de distância. “Aqui a gente tinha água na porta. Hoje pra ter tenho que levar o motor até o açude, puxar uma extensão e ligar a bomba que enche a cisterna, mas a gente vê aí água sem qualidade. Antes a gente bebia do açude de tão boa que era. Era limpa demais! Agora só serve pra cuidar da casa. Pra gente beber tem que comprar o galão”, explica o pescador, ressaltando também que a pesca de onde tira o sustento da família está bem difícil.
Demora do carro-pipa
As cisternas não pegaram recarga de água durante o inverno. Dos 16 reservatórios da comunidade, muito mais da metade estão vazios. “A situação é essa aqui. Quem ainda tem um motor mesmo com dificuldade ainda consegue puxar água do açude. Quem não tem fica à espera do carro-pipa que demora e não atende todo mundo. Abastece só umas e outras não. Seria bom que viesse com mais frequência pra cá”, cobra Francisco Cabral, presidente da Associação de Moradores do Tamboril.
Ainda segundo Francisco Cabral, a comunidade atualmente depende do abastecimento por carro-pipa. Mas diante dessa situação, cobra a perfuração de um poço profundo, que já foi marcado há mais de três meses, o que amenizaria a escassez de água para as 19 famílias do sítio. “Foram perfurados dois poços, um não deu água, o outro foi bem pouca a vazão, mas também que não atende. Foi apontado que outro local daria água, mas ainda não foi perfurado. Cobramos isso: que o município olhe hoje pra gente!”, reclama.
Abastecimento assegurado
De acordo com Edmilson Rodrigues, secretário de Agricultura e Pecuária de Iguatu, o abastecimento da comunidade está assegurado. Ainda segundo o gestor, por conta da demanda de solicitações, a Defesa Civil de Iguatu tem dificuldades, pois está apenas com dois veículos para atender a comunidade, assim como as outras que também dependem do carro-pipa. Em relação à perfuração de poços na localidade, o secretário explicou ainda que já foram feitos vários estudos e sondagens na Agrovila, mas que os resultados não são satisfatórios pelo difícil acesso à água no lençol freático e que, mesmo assim, a comunidade não deixará de ser atendida.
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