Moradores de Iguatu estão insatisfeitos com a qualidade da água fornecida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto, SAAE. Há cerca de um mês, a água que sai de muitas torneiras tem coloração turva e exala forte cheiro.
A dona de casa Kely Silva apara um pouco de água no balde para mostrar a tonalidade da água que chega à casa dela. “Agora está mais limpa, as primeiras são escuras, têm uma borra preta em cima e um cheiro forte. Estou com uma máquina cheia de roupa pra lavar. Tenho que aparar, deixar descansar pra poder usar. Antes não tinha esse trabalho todo. Estamos evitando usar roupas brancas por conta da água que não dá mais pra lavar roupas. Tá bem difícil”, reclamou a moradora do Conjunto Habitacional Novo Iguatu, no bairro Cohab.
Na casa dos vizinhos a situação não é diferente. “Aqui, acordo de madrugada, uso uns panos de pratos na torneira pra coar a água. Faço isso porque é com ela que faço tudo, beber, cozinhar, tomar banho, limpar a casa. Não tenho dinheiro para comprar água mineral, não sou aposentada. Temos que se virar com a água que temos. Às vezes mesmo coando tem dias que não limpa”, acrescentou a dona de casa Paula do Nascimento.
“Aqui em casa moro com minha mãe que tem 101 anos de idade. Encho um balde pra limpar a água pra banha ela. A gente compra água, mesmo sem poder. Por causa dela, que é idosa, tem saúde frágil. Mas não era assim. A gente tinha uma água boa. O Trussu secou, a promessa era que a gente ia ter água com mais qualidade dos poços, mas está pior. Nem do Trussu vinha suja assim”, lamentou José Martins, outro morador do bairro.
A reclamação parte também de moradores de outros bairros que utilizam água pelo SAAE. O problema começou há pouco mais de um mês quando mudou o sistema de abastecimento de Iguatu que antes recebia água do açude Trussu.
Análise
De acordo com informações do SAAE, na última terça-feira, 05, foram coletadas amostras da água tanto nos poços do aquífero Julião, na área de captação do Jaguaribe, na Vila Neuma e vários outros pontos, inclusive na casa de moradores. Todas as amostras foram encaminhadas para análise técnica em Fortaleza. O diretor da autarquia informou ainda que não sabe o que vem provocando essa mudança de tonalidade (turbidez) na água. “As águas que chegam dos poços à Estação de Tratamento no Bairro Cocobó são limpas, recebem cloro e flúor, são tratadas e saem limpas, dentro dos padrões de consumo. Inicialmente identificamos que o problema não está na distribuição. Oficialmente iremos apresentar os resultados das amostras de água coletada, assim como uma solução para o fornecimento de água com qualidade para os moradores. São mais de 33 mil pontos de fornecimento de água pelo SAAE. A gente acredita que alguma reação química está acontecendo, não podemos apontar o que seja, temos suspeitas que essa reação acontece depois que a água é distribuída, respondeu a nossa reportagem o servidor público Edval Lavor, representando a diretoria do SAAE. Ele afirmou que a água não é contaminada e que não causa risco à saúde da população. “Essa água sai da ETA, dentro de todos os padrões exigidos pelo Ministério da Saúde, inclusive micro biologicamente falando. Nós fazemos análises bacteriológicas da água. O que está acontecendo é essa diferença de cor e turbidez, e estamos trabalhando para resolver o mais breve possível esse problema”.
Edval recomenda que as pessoas descartem as primeiras águas, um balde, dois baldes que chegam com coloração mais forte. “A gente acredita que ela fique parada na tubulação entre a rede de distribuição e a residência. Estamos com o Governo do Estado fazendo esse trabalho com o objetivo de detectar o que está acontecendo para que possamos entrar com a ação corretiva para melhorar esses dois parâmetros que estão fora dos padrões”, finalizou.
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