Morre Evaldo Gouveia aos 91 anos

30/05/2020

Morreu na noite desta sexta, 29 o cantor e compositor iguatuense, Evaldo Gouveia, aos 91 anos. Segundo informações que circularam na imprensa, o cantor foi mais uma vítima da Covid 19 no Ceará. Evaldo estava internado no hospital São Camilo, em Fortaleza, em tratamento para cuidar ainda de sequelas deixadas por um AVC-Acidente Vascular Cerebral, sofrido em 2019. De lá para cá o cantor e compositor, dono de grandes sucessos da música popular brasileira vinha se limitando a aparições públicas por causa da saúde debilitada. A família não informou o local do velório e sepultamento. Apenas circula a informação de que será restrito a famílias, por causa da Pandemia que assola o país.

Evaldo em seu último show em Iguatu no dia 12 de junho do ano de 2011 – Crédito: Paulo de Tarso Bezerra.

A última vez em que ele foi visto em público foi em agosto do ano passado, para ser homenageado no lançamento do livro, ‘O que me contou Evaldo Gouveia’, livro de histórias da vida e carreira do cantor e compositor, lançado após mais de 400 horas de conversas e gravações entre o autor, o produtor cultural e comunicador cearense Ulysses Gaspar e Evaldo, entre Fortaleza e o Rio de Janeiro. Segundo Gaspar, o livro foi finalizado em 2017, mas por motivos de agenda o lançamento só aconteceu dois anos depois.

Em Agosto deste ano Evaldo Gouveia completaria 92 anos. O cantor e compositor, orgulho dos iguatuenses, por uma coincidência nasceu no município de Orós, (na época distrito), no dia 08 de agosto de 1928, mas seus pais moravam em Iguatu. A mãe dele, a senhora Maria Gouveia estava grávida, e foi visitar uma irmã em Orós. Lá, entrou em trabalho de parto e Evaldo veio ao mundo. Quando a família regressou para Iguatu ele foi registrado como sendo natural de Iguatu.

O cantor e compositor, Evaldo Gouveia, (na cadeira de rodas) que ainda se recuperava de um AVC, presente no lançamento do livro “O que me contou Evaldo Gouveia”, de autoria do produtor cultural e comunicador Ulysses Gaspar, no mês de agosto de 2019.

Carreira        

O sucesso de Evaldo Gouveia aconteceu a partir do seu rico e reconhecido repertório, interpretados pelas vozes de grandes intérpretes da música brasileira, como, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Alaíde Costa e Maysa Monjardim. Antes de decolar na carreira solo, Evaldo integrou o famoso e inesquecível ‘Trio Nagô’, ao lado de Mário Alves e Epaminondas Souza.  De todos os intérpretes que gravaram suas músicas, Altemar Dutra foi o que fez o trabalho mais emblemático, porque foi através de Altemar que o público conheceu o compositor iguatuense.

A amizade de Evaldo Gouveia com Altemar Dutra, foi duradoura, de 1940 até a morte do cantor mineiro em 1983). Através das interpretações marcantes de Altemar Dutra, a carreira de compositor de Evaldo Gouveia alcançou o estrelato que merecia. Sem esquecer que o também compositor Jair Amorim foi grande parceiro de Evaldo Gouveia em muitas composições de sucesso.

Entre as canções marcantes que nasceram na parceria com Jair Amorim, interpretadas por Altemar Dutra estão, ‘Sentimental Demais’, ‘A Pretendida’, ‘Brigas’, ‘Alguém me disse’. Evaldo compôs ainda ‘Bloco da Solidão e ‘Tango para Tereza’, esta, gravada por Ângela Maria.

Evaldo amava Iguatu. Era prazer para ele afirmar que era filho natural da ‘Terra da Telha’. Sua ligação com Iguatu era umbilical. Um amor como poucos ele demonstrava por esta terra e sua gente. A última vez em que o cantor e compositor esteve em Iguatu foi no dia 12 de maio de 2011, Dia dos namorados, no histórico show acústico no CRI-Clube Recreativo Iguatuense.

Evaldo Gouveia numa das vindas a Iguatu, ao lado do então prefeito Hildernando Bezerra

“Estou deveras triste, nesse momento. Há poucos minutos, recebi a notícia da morte de Evaldo Gouveia, em Fortaleza, vítima da Covid-19. Aos 91 anos, lutando contra as sequelas de um AVC sofrido há pouco mais de um ano, era mesmo um paciente vulnerável ao vírus. Abro a porta do meu relicário de lembranças, e um filme vai passando diante dos meus olhos: suas vindas a Iguatu, a felicidade de andar nas ruas, contando orgulhoso que seu pai era feirante, em nossa terra. Amava Iguatu com uma intensidade imensurável. Quando questionado que não era iguatuense, respondia de forma jocosa que “nasci em Orós para estar sempre perto da minha mãe”. O Brasil perde uma das maiores personalidades do cancioneiro popular e romântico, que fez e faz a felicidade de várias gerações. Não é possível enumerar suas composições aqui, pois são, ao todo, pouco mais de mil. Não vou me referir tanto ao artista, mas muito mais ao ser humano. Evaldo era um exemplo de virtudes. Sereno, ético, muito ligado à família, sempre ligado nos filhos, e de uma dedicação extrema à sua esposa Liduína. Por sinal, nos últimos anos, Liduína cuidava dele como se fosse um pai ou um filho, tal sua dedicação e carinho. Nos últimos dias, mantive contato diário com ela, que apesar de abalada, mostrava-se esperançosa da sua recuperação. Agora, já não teremos mais aqueles papos alegres, divertidos e plenos de arte. Como quando compôs um samba, na varanda da nossa casa, no Trussu, e os parentes e amigos presentes é que escolhemos o título. Só sua voz e o som do seu violão. E saudade. Muita saudade. Obrigado, Evaldo. Por ter vivido, por ter sido Evaldo Gouveia. Nosso muito querido e amado Evaldo Gouveia de Oliveira. Agora, o Senhor o receberá, na morada eterna, com lugar garantido no Panteão Celestial das Divindades Artísticas. Você fez por merecer. Adeus”. – Hildernando Bezerra, médico, ex-prefeito de Iguatu, ex-deputado estadual

O NOTÁVEL EVALDO GOUVEIA

A música popular brasileira perde um de seus grandes poetas, o notável Iguatuense Evaldo Gouveia de Oliveira. Sua poesia ficou imortalizada nas vozes de Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Pixinguinha, dentre outros. Para tentar dimensionar a importância de Evaldo Gouveia nos cenário musical, é preciso lembrar que ele compôs músicas como: – Alguém me disse – Tango para Tereza – Bloco da solidão – Sentimental demais – Brigas. Como ele mesmo se intitulava, “um homem de 1000 canções”. Esse vai fazer muita falta, não somente porque era famoso, e sim, porque sabia como ninguém importar valores à nossa alma com suas canções. Ele é imortal, pois morrer é ser esquecido e isso ele não será. Saibamos que o verbo utilizado para morrer e esquecer no grego arcaico é Lethon de onde se originou a palavra letal. Enquanto alguém derramar uma lágrima por você, sorrir com algo que fez e recordou, lembrar de um momento, reviver paixões e amores com suas musicas, alcançarás a imortalidade. Muitos se enganam com a imortalidade, por isso, tanto se buscou o “elixir da juventude” ou a “pedra filosofal”. Imortalidade não é um fenômeno meramente físico, é imaterial, intangível, intocável, são valores e sentimentos nobres que nada e nem miguem é capaz de tirar de você, nem mesmo a inexorável marcha do tempo. Enquanto estivermos na recordação e na memória afetiva de quem nos leva no coração, estaremos vivos. Evaldo escrevia como poucos, e com isso construiu uma grande obra, para seguir o conselho de grande Mário Quintana, cuja frase deixou recomendada para gravar em sua lápide: “Eu não estou aqui…”. E não estará mesmo, estará sim em suas obras, multiplicando, iluminando… e encantando ainda. Certa vez, quando um jovem o abordou perguntando-lhe se ele se denominava um compositor brega, recebeu a seguinte resposta – “Brega não, apenas SENTIMENTAL DEMAIS”. – DANIEL GOUVEIA FILHO PROCURADOR GERAL DO MUNICIPIO DE IGUATU

O Brasil e os iguatuenses perdem Evaldo Gouveia

Evaldo Gouveia, um dos expoentes da música brasileira, deixa centenas de composições de sucesso gravadas nas vozes de grandes intérpretes como Altemar Dutra, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Gal Costa etc. Honra-nos saber que a sua primeira manifestação pela música surgiu aos seis anos, como contou ele em entrevista, quando cantava no alto-falante da pracinha lá de Iguatu, no sertão cearense. Guardamos momentos memoráveis de Evaldo Gouvêa, na nossa Iguatu, quando da realização de inúmeros shows descontraídos e de afinada interação com o seu público conterrâneo. Nessas apresentações sempre demostrou amor a terra que lhe serviu de berço e nunca deixou de enaltecer com palavras carinhosas, amigas e de gratidão a pessoa do seresteiro Assis Galdino, seu grande amigo, com quem, segundo o próprio Evaldo, aprendeu a tocar violão. O Brasil está de luto e o Iguatu chora a perda de Evaldo Gouveia. José Hilton Montenegro, engenheiro e historiador

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1 Comentário

  1. Antônio Roberto de Melo

    Boa tarde , moro no Estado de Goiás no entorno do Distrito Federal , o objetivo do meu contato é conhecer alguns dos familiares de Evaldo Gouveia que é primo primeiro de minha mãe , que por sinal não tem contato com nenhum de seus parentes no Estado do Ceará especificamente Fortaleza a mais de cinquenta anos . Se puder nos ajudar ficarei grato.

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