Faleceu nesta quinta-feira, 09, Claudízio Vieira de Paula Filho, 19, “Claudizinho de Paula”, jovem artista sanfoneiro que figurava no cenário cultural de Iguatu e região desde cedo. O falecimento ocorreu na residência de seus pais. A causa da morte e o laudo médico ainda não foram divulgadas pelos seus familiares.
Apesar de ter se submetido em um passado recente por complexa cirurgia, a morte ainda não foi esclarecida e se há relações com a intervenção médica. Pessoas próximas a ele afirmaram que o jovem artista apresentava bom quadro aparente de saúde e que tinha agendado uma análise de um check-up clínico marcado com um médico no Cariri no dia em que faleceu.
Início
Filho de Claudízio de Paula e Isabel de Alencar, Claudizinho iniciou a carreira aos 10 anos. Desde então, trabalhou para se firmar como um dos importantes representantes do forró da terra natal de Humberto Teixeira, parceiro de Luiz Gonzaga.
Claudizinho gravou dois CDs, realizava shows com banda própria. Participações em shows de cantores do gênero já consagrados como Ítalo e Renno e Fábio Carneirinho, deram a tônica de sua carreira. Mesmo jovem, assinava 22 composições em parceria com o pai Claudízio.
O “Principezinho do Forró”, como é conhecido na Região Centro-Sul, aprendeu sozinho a tocar bateria aos cinco anos. Depois, ingressou na Escola de Música Popular Humberto Teixeira. Foi quando começou a estudar sanfona, com o professor Paulo Cascavel. O jovem era multi-instrumentista, tocava violão, cavaquinho, piano e pandeiro.
Obras musicais
O CD “Xote conversador”, lançado em 2012, marcou o início oficial da trajetória artística. Nas 16 faixas, o resgate da musicalidade nordestina, era homenagem ao centenário do Rei do Baião. Foi também para reverenciar seu Luiz que participou da abertura, em dezembro de 2012, da primeira edição do show “Encanta Ceará”, promovido pela TV Verdes Mares, em Fortaleza. Na mesma noite em que subiram ao palco nomes como Waldonys, Chico Pessoa, Elba Ramalho, Chambinho, além de Ítalo e Renno.
Superação e sonho
Bravura para seguir no seguimento cultural e na vida foi outra marca também na breve história de Claudizinho. Um ano depois de lançar o segundo CD, “Cheguei”, com participações especiais de Fábio Carneirinho e Luiz Fidélis, teve de interromper a carreira para se submeter a uma delicada cirurgia em Porto Alegre. O procedimento lhe causou a perda de parte do seu cérebro e deixou sequelas.
Ativo em movimento religiosos católicos do meio da juventude, Claudizinho cursava 3º ano do ensino médio no colégio Polos, que interrompeu suas atividades no dia, em homenagem ao aluno. O artista planejava ingressar no curso superior de música, em João Pessoa, no propósito de continuar compondo e expandir suas fronteiras musicais para além do Centro-Sul do Ceará.
O sepultamento ocorreu na cidade de Acopiara, terra natal de seus pais. O velório e missa de corpo presente aconteceram em Iguatu. Na Igreja Catedral de São José, sanfoneiros e artistas do cenário cultural local bem como amigos prestaram suas homenagens.
Perda grande para Iguatu, que talento! Acompanhei sua trajetória, desde pequeno, meus vizinhos, país maravilhosos e dedicados, e ele era um ser humano sem igual, que Deus em sua infinita bondade console Isabel, Claudizio e família, muito triste para toda a classe artística de Iguatu e região. Ariosto Bezerra Vale – médico oftalmologista
Fiquei com meu coração doído em lágrimas quando soube ontem pela manhã dessa notícia do Claudizinho ter morrido. Ele era um jovem lindo, cheio de sonhos, amável, carinhoso, talentoso, que contagiava a todos que estavam ao seu redor. Sou amiga dos pais dele Claudízio e Isabel, pessoas maravilhosas que faziam de tudo para ver o Claudizinho realizado. Não lembro de ter tido o privilégio de ter dividido o palco com ele. Ontem estive no velório e me emocionei bastante com tantos jovens, pessoas do meio musical, a família. Muita gente comovida com a triste partida do Claudizinho. Clamo a Deus que derrame a cada dia sobre a família o bálsamo da cura para que amenize tamanha dor. Meus sinceros sentimentos. Fiquem todos na paz do Senhor Jesus. Lanne Santos – cantora
Claudizinho estava conosco desde a infância e era muito amado por todos, pois soube conquistar os seus colegas, professores e funcionários através do seu sorriso, do abraço e da maneira carinhosa como tratava o próximo. Na verdade, ele veio ao mundo para iluminar vidas e partiu como um raio. Vai deixar muita saudade, mas tenho certeza que em algum lugar ele está espalhando o seu sorriso e o seu canto. Virginia Montenegro – diretora do colégio Polos
Tive a honra de tocar e cantar junto desse garoto que sempre guardou por mim um carinho sem igual. Eu o amava e hoje meu coração se despedaça ao vê-lo daquela forma. Ainda ecoa dentro de mim sua voz todo santo dia pelos corredores do colégio a falar e tratar a todos com imensa satisfação. Juro que preferiria mil vezes passar o dia me estressando, tentando educar os que pouco fazem questão disso a ter que velar uma pessoa que sempre quis além de suas forças. Esse garoto tinha em si a marca celeste, a bênção de Deus, a proteção do Altíssimo e para junto dele se foi. Lincoln Lavor – professor
Muito triste ter acordado com essa notícia que nos pegou de surpresa. No dia anterior a sua partida, falava com o pai dele por telefone já agendando shows juntos para o São João e no fundo eu escutava o som da sanfona ecoando. Conheço Claudizinho desde quando ele tinha 5 anos de idade. Me recordo dele chegando à escola de música com muita vontade de aprender a tocar instrumentos. Acabou se tornando muito próximo a mim e minha família. Faltam palavras pra dizer o quanto ele era um menino bom, sem maldade e de muito talento com o instrumento que tive o prazer de ensinar com os primeiros acordes. Agora é hora de todos termos força e confortar os pais que faziam de tudo por ele. A cultura perde sem Claudizinho. Paulo Cascavel – músico
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