Mulheres trocam de profissão para investir na culinária

08/08/2020

A pandemia do coronavírus, além de virar o mundo pelo avesso e promover mudanças profundas na forma de agir e pensar da humanidade, está provocando também mudanças de comportamento, hábitos e até profissões.

Foi ficando de quarentena em casa que mulheres protagonistas de suas próprias vida e carreira estão revendo profissões e buscando na culinária novas fontes de renda. Isso requer coragem, determinação e certeza daquilo que quer. As decisões tomadas por elas ocorrem também por questões relacionadas à necessidade de cada uma gerar renda para casa, sustentar a família, e de certa forma fugir do ócio.

Para essas mulheres empreendedoras, o caminho da gastronomia é como um atalho em caráter emergencial, como forma de assegurar renda para pagar as contas de casa, num momento em que muitos profissionais foram pegos de surpresa pelas mudanças ocasionadas. Muda a cultura, a rotina, o emprego, mas não muda um hábito milenar da humanidade, o hábito de preparar e saborear um bom prato, à base de tempero, doce, ou sobremesa. É nesta seara onde entram nossas heroínas protagonistas.

Nesta edição do A Praça, o caderno ‘Pequenos Negócios e os efeitos da Pandemia’ vêm à tona as histórias e relatos de mulheres que estão empreendendo, mesmo dentro de casa, fazendo bolos, doces, sobremesas e outros pratos da nossa rica culinária.

Quem são elas? Onde estão? O que fazem?

Para responder a essas perguntas que o A Praça foi em busca dessas empreendedoras.

Ângela, formada em Educação Física, estava trabalhando em três lugares diferentes, quando veio a Covid-19 e a colocou no ‘isolamento social’. Sem renda e sem trabalho, Ângela foi buscar na culinária um meio de gerar renda para casa, ao mesmo tempo em que se realiza também numa área que sempre foi, para ela, inspiração. Ela está produzindo lasanha e vendendo como miniaturas em marmitas.

Nailê, outra mulher empreendedora, era dona de um lava-jato, então resolveu vender e investir na área de produção de bolos confeitados para aniversários e outras ocasiões.

Luana, casada, mãe de três filhos, morando na zona rural, viu sua renda despencar quando a pandemia se instalou. Ela e o esposo geravam a renda de casa ministrando cursos de confecção de flores artificiais, só que depois do nascimento do terceiro filho ficou difícil viajar. Outro motivo par não sair de casa? A pandemia. Então ela, não sendo uma mulher acomodada, ao mesmo tempo inquieta, foi se especializar na área de confecção de bolos confeitados, cujo pequeno negócio é a principal fonte de renda atualmente para sua família.

O que essas guerreiras têm em comum? Elas usam as redes sociais para interagir com seus públicos-consumidores, usam a estrutura de casa para produzir seus pratos, e entregam os produtos nos endereços dos consumidores, se assim eles quiserem.

Bolos da Lê

A vida reserva boas surpresas para todos, em particular para as pessoas que perseveram. Nailê Gomes Lacerda, 40, sempre sonhou em ser confeiteira, mas nunca havia vivenciado a experiência. Ela tinha um lava-jato e um sonho. Em determinado momento resolveu vender o lava-jato e partir em busca do sonho de ser confeiteira.

Nailê sempre foi uma mulher que de tanto perseverar agora está vendo seu sonho se concretizar. “Sempre foi um sonho fazer bolos confeitados, trabalhei um tempo em uma panificadora bem conhecida daqui, fazendo faxina e sempre admirava aqueles bolos e doces; depois que saí de lá, comecei a fazer bolos para meu filho pequeno, fazia também para minhas sobrinhas e para a família, nada profissional”, afirmou.

Em 2019, Nailê deu um passo à frente e começou a fazer cursos na área de confeitaria visando aprender mais sobre bolos. Ela estava atuando em outro negócio completamente diferente, num lava-jato, mas estava difícil continuar, então resolveu vender o lava-jato e se dedicar completamente à confecção dos bolos e confeitos. “Comecei aos poucos, fazia aqueles bolinhos caseiros e um ou outro decorado, até fevereiro desse ano tudo estava indo bem, mas de março para abril, com a chegada da pandemia, os pedidos diminuíram e alguns foram cancelados”, afirmou.

E quando a pequena investidora achava que tudo estava perdido, o empreendimento começou a reagir. A clientela começou a voltar e os pedidos começaram a chegar. “Minhas vendas aumentaram. Tenho tido um número bem maior de pedidos e cada mês tenho superado minhas expectativas, graças a Deus”, frisou.

O empreendimento da Nailê produz bolos comuns, mas com tendência maior aos bolos decorados personalizados.

A maioria dos pedidos, atende pelo WhatsApp, alguns pelo Instagram e outros pelo Facebook. Mas a empreendedora garante que é também através do boca-a-boca que muitos pedidos acontecem. “Eu divulgo através das redes sociais, mas a indicação, pelo boca-a-boca tem sido uma boa alavancada para os negócios”, revelou.

Para entregar os bolos e confeitos, Nailê informou que em alguns casos vai entregar com o esposo, o filho, em outros os clientes vão retirar em seu endereço, na Rua Edite Carneiro, loteamento Ramiro Rolim, bairro Areias 2.

Nailê alimenta o sonho de construir na futura casa um espaço exclusivo para trabalhar na confecção de seus produtos. O terreno do imóvel, com muito esforço ela e o esposo já adquiriram. O sonho dela é permanecer trabalhando em casa, futuramente criar um lugar (uma cozinha separada da casa onde tenha mais privacidade para criar suas receitas e elaborar seus pratos. Nailê quer ir mais além. “Pretendo fazer novos cursos, quando essa pandemia passar, para me profissionalizar e melhor atender. Sei que existem muitas portas fechadas pela frente e desejo abri-las uma a uma”, afirmou.

Serviço

Bolos da Lê Confeitaria (Nailê)
WhatsApp: (88) 9.9251-9306
Instagram: @nailebolos_da_le
Facebook: Naile Gomes

Educação física e culinária

Eis que surge mais uma linda história de amor entre uma mulher e a culinária. Entre tantas outras que a literatura já contou, esta, não vem das páginas dos livros, mas sim, dos bancos da universidade. 

Quando concluiu seu curso de Educação Física, pela Urca/Iguatu, Ângela nunca imaginou que seria na culinária sua próxima aposta. E foi exatamente isso o que aconteceu. Ela continua educadora física, porém com uma habilidade a mais no currículo: a de confeiteira de massas.

Ângela Gomes da Silva, 24, moça simples que migrou para Iguatu, do distrito de Umari, zona rural de Acopiara, para estudar, acaba de descobrir na culinária, além de uma fonte de renda, um futuro negócio, do qual ela não quer abrir mão. Foi dela a ideia de criar as ‘lasanhas em miniatura’ para servir na marmita. Um prato inédito na praça e nunca lançado antes, por qualquer restaurante ou casa de massas. O produto é leve, simples de transportar, pode ser servido de modo simples, para uma, duas ou mais pessoas e de preço acessível.

Ela mesma escolhe os ingredientes e mescla os sabores. Ângela usa a cozinha de sua casa para preparar e finalizar as massas. Além da lasanha tradicional, um prato feito à base de massa de macarrão com recheio de carne, molho, presunto e queijo, é meta futura lançar as versões em ‘vegetariana’ e ‘light’.

Ângela revelou que começou pouco depois que a pandemia se instalou. E foi exatamente a pandemia, que a deixou em quarentena, que ajudou a educação física a descobrir sua fonte de renda e o futuro negócio. “Com a Pandemia fiquei sem trabalhar, fiquei sem renda, então bateu o desespero”, frisou. Ela relatou que a crise sanitária do coronavírus reduziu suas atividades profissionais na área de Educação Física, em instituições de Educação em Iguatu e Quixelô e isso fez despencar também seus rendimentos. Com tempo livre de sobra e precisando reforçar o orçamento de casa, ela criou a ‘minilasanha’ servida na marmitinha. A empreendedora disse que a escolha do prato se deu em razão de ainda não existir nada parecido nos cardápios existentes.

Ângela e o namorado Estênio Leandro, 25, parceiro no empreendimento, receberam o aval e o incentivo dos amigos para alavancar o negócio. “As primeiras remessas produzidas foram um verdadeiro sucesso de consumo e vendas”, contou. “Me apaixonei pela ideia e ‘minilasanha’ é meu foco, quero investir e ampliar, é um produto de boa aceitação e mexe com o gosto e o paladar das pessoas que experimentam”, ressaltou.

As lasanhas produzidas e embaladas em vasilhames de 500ml em papel alumínio podem ser entregues no endereço do cliente, ou retiradas na casa de Ângela, na Rua Padre José Gonçalves Landim, bairro Flores. O tipo de entrega ela deixa a critério de quem faz o pedido. Ângela frisou que também recebe encomendas, o cliente faz a encomenda, ela prepara o prato e combina a entrega, tudo muito simples e prático.

A empreendedora disse à reportagem que quando a pandemia acabar pretende conciliar a carreira profissional como educadora física, com sua nova paixão: a culinária. “Eu gosto muito de cozinhar, sempre disseram que eu me saio bem com relação a esses tipos de comida, quando vejo o retorno que as pessoas estão me dando sobre a ‘minilasanha’ me faz querer continuar sim, e irei continuar, acharemos um jeito de conciliar, afinal vendemos só no final de semana”, contou.

Ela pensa em formalizar o negócio, criar uma marca profissional e se especializar na área, a cada dia conquistando mais paladares e melhorando seu conceito perante o público consumidor.

Serviço

Ângela – Mini-lasanha
Instagram @minilasanha
WhatsApp: (88) 9.8843-0089
Delícias da Lu, de artesã a confeiteira

Toda e qualquer pessoa almeja e deseja ser independente economicamente. Ter seu próprio dinheiro, administrar um negócio, trabalhar para si mesmo e gerenciar suas próprias receitas.

Ao longo de dez edições do A Praça, com a publicação do caderno de empreendedores, as matérias têm revelado histórias de homens e mulheres que estão empreendendo e lutando pela sua liberdade socioeconômica.

Não por acaso, esses pequenos empreendedores estão se adaptando ao espaço de casa, improvisando o lugar ocioso da garagem ou da cozinha de casa, para fazer um empreendimento acontecer.

Luana Rodrigues de Souza, 26, é uma dessas pessoas que arregaçou as mangas e foi à luta. Mãe de três filhos pequenos, ela e o esposo desempregados, a mulher artesã, especialista na produção de flores artificiais buscou se aperfeiçoar na produção de bolos e confeitos visando gerar renda para auxiliar nas despesas de casa.

  Cosmopolita, viajante de cidade em cidade ministrando juntamente com o esposo cursos de flores artificiais, Luana viu sua atividade econômica ruir quando nasceu o terceiro filho do casal, um bebê hoje com 4 meses. Ela disse que com dois filhos conseguia viajar e levá-los junto, mas com o recém-nascido ficou inviável sair.

Foi em plena pandemia, com as pessoas isoladas em quarentena, que Luana viu nascer seu quarto filho: o “Delícias da Lu’. Ela revelou que ao decidir iniciar a atividade pensou logo em criar um selo para divulgar nas redes sociais e assim tem feito usando o Facebook, o Instagram e WhatsApp para receber os pedidos. No caso da Luana, a pandemia, ao mesmo tempo em que a confinou e sua família em casa, a reboque lhe oportunizou se lançar sobre uma atividade econômica, que era um sonho dela. “Sempre gostei, sempre achei muito bonito, era uma arte que eu tinha muita vontade de me envolver, de conseguir fazer, confeitar um bolo, deixar ele lindo, perfeito.

A decisão de iniciar o pequeno negócio de produção de bolos comuns e decorados foi há pouco mais de um mês, mesmo assim, já está funcionando, ela está conseguindo produzir e vender. Luana reside com a família no sítio Várzea de Fora, região do distrito de Barreiras, Iguatu, mas a distância não é problema, pois a internet acaba sendo o elo com os clientes que usam os canais das redes para pedir os bolos que ela faz.

Para confeccionar os bolos e atender os clientes, a maioria de bairros de Iguatu, Luana contou que recebe o auxílio de pessoas da família, inclusive sua mãe que mora perto de casa. A mulher revelou que pretende se aperfeiçoar em cursos profissionalizantes para cada vez mais aprender novas técnicas em ‘confeitaria’ e passar a confeccionar outros tipos de produtos, visando ampliar o leque de confeitos e também fortalecer o empreendimento, quem sabe até sair da informalidade e ter sua própria empresa.

Serviço
Doces da Lu
Facebook Luana Rodrigues
Instagram: @delícias da luh_confeitaria
WhatsApp: (88) 9.8881-4393

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