Natural do distrito de Palestina, Orós, Mauricio William de Souza, 26, conhecido por Zet Snow, é músico autodidata, baterista, vocalista e produtor musical, e está lançando em todas as plataformas de áudio e vídeo seu mais novo trabalho. “Intermitente”, seu terceiro álbum musical. Há cerca de 10 anos atua no cenário artístico de forma autoral adotando o estilo como classifica de rap alternativo. “Estou desde 2015, nessa correria música independente dentro do rap com dois álbuns, mais um para sair agora esse mês, um EP, além de diversos trabalhos e participações, produções de artistas e muitos shows nessa caminhada até aqui”, destacou.
Devido à falta de financiamento e também de oportunidade para conseguir uma produtora, aos poucos começou a comprar equipamentos e vem montando o próprio estúdio, que funciona em casa, onde mora com os avós, no bairro Altiplano, em Iguatu.
O A Praça foi conhecer o trabalho que é desenvolvido pelo artista bastante conhecido principalmente em cidades do interior de São Paulo, de onde começou a desenvolver com mais afinco essa arte. O nome artístico surgiu de apelidos, mistura de ZET com Snow.
“Sempre fui muito fissurado em cultura oriental assim, mais precisamente eu gostava muito do mangá de um personagem que se chama Zet Man, a história do menino órfão que acaba descobrindo uns poderes e eu vivia lendo esse mangá e de tantas pessoas me verem na escola com esse mangá começaram a me chamar de Zet. E o Snow veio de uma piada interna no trabalho que eu tinha em São Paulo, num lava-rápido, um dos caras, eu com cabelo grande na época, dizia para mim que eu parecia um figurante de um clipe de rap e ele não sabia dizer como que era a batida do rap. Aí para imitar batida ele fazia um som brincando, adotei os dois nomes Zet Snow”, contou.
Intermitente
Atualmente Zet trabalha na produção do novo trabalho. “Intermitente é um álbum duplo, a primeira parte sai agora dia 25 de abril e a segunda dia 06 de junho. É um trabalho conceitual que as faixas se ligam entre si. Possui uma história que trata basicamente sobre a questão de saúde metal dentro da visão de um personagem, como ele lida com esses conflitos desde de crises internas, ansiedade, autossabotagem, tudo isso como ele enfrenta na perspectiva desse personagem e como ele imagina todo o cenário em torno disso. É um álbum que trata muito sobre essa questão de oscilação da vida assim de altos e baixos, momento de adrenalina outros de calmaria. É um trabalho que está sendo muito difícil de produzir justamente por isso, pela questão de manter uma estrutura que as faixas não fiquem desconexas e a história mantenha a estrutura e que entregue uma verdade na letra, não identificação porque é um assunto muito pesado querendo não, questão de saúde mental e é uma coisa que abrange muito nos dias de hoje e por experiências pessoais minhas também. Até para mim, tem sido como cutucar uma ferida. Às vezes para escrever alguma letra pra cantar de algum assunto, então é um trabalho que eu estou me dedicando muito para fazer”, pontuou. O trabalho conta com a participação de músicos do cenário local, também já fez feat (participação) com a música ‘Poliglota’ do rapper angolano Isi Seven, parceria que aconteceu de maneira inesperada e importante na carreira do artista que se considera iguatuense.
Investir no próprio estúdio, segundo o artista, foi a forma que teve de conseguir entrar no cenário musical, por não ter condições financeiras de alugar ou mesmo pagar para produzir as músicas. Com isso Zet faz desde a composição, letra, música, produção, artes, faz literalmente tudo e ainda divulga através das redes sociais e streamings seus trabalhos. Ele é uma artista da Distribuidora SoundON, distribuidora do Tik Tok, onde consegue ter maior alcance de seus trabalhos. São mais de 40 plataformas espalhadas pelo mundo conectadas nessa distribuição.
Rap alternativo
Ainda segundo o artista, não dá para ficar brincando de fazer música, o caminho é árduo e longo até alcançar o sucesso, objetivo de todo artista. Sendo dono do próprio estúdio, Zet experimenta novos sons, pesquisa, estuda, independentemente de estilo musical: funk, sertanejo, rock, pagode, gospel, e daí surgem novidades e inspirações para o seu rap alternativo. “O rap alternativo é basicamente um formato de que não busca seguir basicamente os parâmetros de estrutura que geralmente falam mais sobre viver. Lógico, a gente aborda a questão de cotidiano, mas o rap alternativo não se prende muito a um estilo de som, está mais questão do instrumental, mais experimental, assim dá mais abertura para experimentar, misturar outros ritmos como nesse mesmo meu trabalho misturo muito elementos de rock, de percussão, cepos, por exemplo, de Luiz Bonfá, alguns artistas da cultura brasileira, da música brasileira. É basicamente isso. É uma música que não tem aquela estrutura quadrada, ela se mantém livre para levar o ouvinte aonde ela precisa levar. Ela é alternativa por causa disso. Você nunca espera uma coisa naquele padrão, vem de uma forma diferente para a pessoa que escuta”, ressaltou.
Por amor e visibilidade
Investir no próprio espaço requer altos investimentos, mas Zet vê como uma oportunidade para a divulgação e lançamentos de outros artistas independentes. “É um trabalho difícil, ainda mais há dez anos correndo atrás, a gente escuta muito não, muito não para coisa simples. Às vezes, tipo, uns vinte minutos para poder mostrar um som para poder ter visibilidade. Às vezes no nosso próprio convívio assim, é difícil de ter um espaço, então a gente já lida com isso de uma forma que é por amor mesmo, se não for por amor não tem outro motivo porque é um investimento que é muito alto, o retorno que nem sempre é o esperado. É fazer por amor mesmo, deixar uma mensagem, na minha questão é querer deixar uma mensagem, para mim é o meio de desabafo. É muito relacionado ao estado de espírito que eu estou na hora. É uma coisa que eu tenho visto muito desde essa questão de dificuldade financeira para poder produzir. Tanto que na época que me fez ter vontade de montar o meu estúdio, querer ter curiosidade de aprender como produzir foi justamente isso, porque na época em 2016, quando estava começando fazer as primeiras músicas, assim tipo uma gravação, em um estúdio profissional, não pagava menos de R$ 300,00 numa faixa. Dá para segurar mais um tempinho e investir. E foi o que acabei exatamente fazendo, na verdade. É tanto que esse espaço a meta é até o final do ano estar com o isolamento, com aquário dela de gravação certinho para poder não só não só produzir artistas também que estão começando a aparecer para serem produzidos, mas também entregar uma qualidade para os artistas daqui. Aqui tem muito talento escondido e ninguém faz ideia principalmente nesse âmbito do rap, querendo ou não é uma região que é muito carente de dessa exposição. Então, a minha intenção além disso é poder trazer esses talentos que estão perdidos aqui, dá a visibilidade a eles.”
De coração
Por meio das redes sociais e plataforma de streamings Zet vem conseguindo visibilidade. “Assim que sair as duas partes do álbum, a partir de junho, eu já começo a fazer apresentações. Sair daqui do Ceará para São Paulo divulgando o trabalho do álbum novo e também cantando algumas músicas que eu já tenho lançado, começando inclusive por aqui no Inbraza que vai ser a festa de lançamento em junho e a partir daí já começar subindo, ver se a gente consegue fazer mais algumas datas aqui no Ceará e subir em direção a São Paulo, Itaquaquecetuba, São Bernardo do Campo, esses lugares assim que desde quando já comecei do nada, lá sempre abriram as portas e quando eu anunciei que ia voltar para fazer um bate volta por lá todo mundo já ficou na expectativa. As redes sociais têm me ajudado muito nesse processo de produção desse álbum novo porque tem muita gente que tem engajado que se identificado com as letras”.
O trabalho do Zet Snow está nas redes sociais Instagram @zet.snow, TikTok, YouTube e todas as plataformas digitais Spotify, Deezer, Apple Music, basta procurar por Zet Snow, inclusive o novo trabalho que foi lançado ontem, sexta-feira. “Espero muito que as pessoas gostem, porque é um trabalho feito de coração”, convidou o artista.
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