Atualmente, 9% dos iguatuenses receberam a imunização com as duas doses da vacina contra a Covid-19. Por outro lado, a maior parte da população da cidade ainda espera sua chance na fila de espera. Se o município mantiver o atual ritmo de vacinação, levará dois anos para imunizar por completo sua população contra Covid-19. A perspectiva de atingir só em 2023 a cobertura que permite a volta ao “velho normal” é desanimadora, mas há espaço para melhorar o desempenho.
O levantamento foi feito pelo A Praça através do professor e economista Marcelo Ximenes. “A pandemia do COVID-19 bateu a marca de 400 mil brasileiros mortos. A população atordoada tenta se proteger como pode e enfrenta uma das piores crises econômicas já vista. A vacina passou a ser grande esperança para se sair desse quadro trágico e sua descoberta foi comemorada no mundo todo. Porém, a lei da oferta e da procura, a disponibilidade de insumos e a capacidade de organização e logística dos países acabaram sendo um fator preponderante no processo de aquisição dos imunizantes”, avalia.
Após 100 dias de campanha de vacinação, foram aplicadas 24.695 doses da vacina. Aproximadamente 15 mil pessoas foram beneficiadas. Destes, apenas 9.577 receberam as duas doses da vacina e estão completamente imunizadas.
Uma média de 246 doses aplicadas por dia – contando do início da campanha – e com aproximadamente 15% da população iguatuense tendo recebido pelo menos a primeira dose da vacina, é normal a população se questionar quanto ao tempo necessário para imunizar todo município ou pelo menos os 60% da população, percentual esse defendido pelas autoridades de vigilância em saúde para o controle da pandemia.
Se o foco for os 60% da população imunizada, essa marca poderá ser atingida entre agosto e setembro de 2022. Por outro ponto de vista, levando em conta que 15% da população recebeu pelo menos a primeira dose, pode-se imaginar que até outubro de 2022 a população inteira terá sido vacinada com pelo menos a primeira dose. “É importante destacar que não é uma tarefa fácil traçar uma previsão plausível diante de um cenário tão instável, sem um plano confiável de recebimento de vacinas e de vulnerabilidade externa acentuada. A boa notícia é que ao imunizar as classes prioritárias, o número de mortes deve cair, trazendo assim uma tranquilidade maior”, pontuou Ximenes.
Otimismo
O quadro seria revertido se houvesse avanço na aquisição de vacinas. O Programa Nacional de Imunização (PNI) tem afetado sua logística, pela escassez dos imunizantes, pois quanto menos vacinas, mais complexo é organizar a fila de vacinação e suas prioridades. “Além do número de doses adquiridas, a vacinação depende de fatores, a capacidade do sistema de saúde em aplicar as doses, da confiança que a população tem na vacina, das fontes de informações disponíveis dentre outras. Se por um lado o Brasil enfrentou uma grande onda negacionista da pandemia e da própria vacina, e cerca de 10% da população tem como principal fonte de informação as redes sociais; por outro lado nossa capacidade de vacinação é reconhecidamente eficiente. Assim, o grande problema da campanha de vacinação é essencialmente o acesso aos imunizantes. Isso explica o baixo número de pessoas imunizadas até o momento”, acrescenta Marcelo.
Um cenário mais otimista pode ser traçado, levando em consideração os esforços para aquisição das vacinas por parte do Governo Federal e Estadual, pela maior conscientização e pela grande eficiência do sistema de vacinação nacional. O Ministério da Saúde promete receber um grande lote de vacinas entre maio e julho e o quadro da imunização pode dar um salto significativo, reduzindo as projeções em mais da metade. Assim, as estimativas para esse novo cenário apontam para uma imunização completa até o fim de 2021.
Perfil
Marcelo Ximenes Teles da Roza é formado em Ciências Econômicas – UFC, mestre em Economia Rural pela UFC, professor da URCA-Iguatu desde 2012, coordenador do curso de Ciências Econômicas da URCA-Iguatu entre 2014-2019, professor da FASC – Faculdade São Francisco do Ceará desde 2018. Atualmente é diretor geral adjunto da URCA-Iguatu e coordenador do núcleo de mobilização da Plataforma Ceará 2050 na Região Centro-Sul.
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