Holandinho foi mais um iguatuense vítima da pandemia. Ele havia contraído o vírus que transmite a doença e estava no hospital Uniclinic para tratamento quando sofreu uma parada cardíaca. O óbito foi registrado pelo hospital na segunda-feira, 01/03. Foi sepultado na terça-feira, 02, no cemitério São João Batista.
Familiares e amigos mais próximos lamentaram a morte do cantor. O fato teve ampla repercussão nas redes sociais, quando os amigos usaram suas páginas de relacionamento no Facebook, Instagram e WhatsApp para deixar uma última mensagem de carinho para o amigo que em vida sempre transmitiu alegria, quando cantava e enchia os corações das pessoas de amor. A velha guarda do bairro Prado, onde o cantor nasceu, em Iguatu, chorou a morte dele, principalmente os amigos da infância e juventude, com quem Holandinho compartilhou seus melhores momentos sempre que retornava à cidade natal.
Holandinho estava morando com a esposa Socorro, fruto do seu 2º casamento, na Rua Francisca Clotilde, nº 130-A, no bairro Parque Araxá, considerado um reduto de iguatuenses e acopiarenses.
Prado e família
Nascido no bairro Prado, em Iguatu, em 1949, Holandinho trouxe na veia o talento natural para a música. Tocava mais de um instrumento, tornou-se um dos melhores intérpretes de sua geração e um compositor de renome. Aos vinte anos, resolveu ir morar em Fortaleza. Permaneceu na capital cearense, mas era uma tradição voltar sempre a Iguatu para cantar suas músicas em apresentações de casa cheia em churrascarias da cidade. Através dele, os familiares também migraram de Iguatu e foram morar na capital.
Dos relacionamentos que construiu em dois casamentos com as esposas Irlande e Socorro teve quatro filhos: Alanio Morais Holanda, Alandriana Morais Holanda, Antônio Holanda Duarte Júnior (saudosa memória) e Monalysa de Alencar Holanda. Já era avô de cinco netinhos, por quem se revelava um vovô muito dedicado e apaixonado. Alandeson, Rebeca, Ana Paula, Adriano e Lis Alencar.
Polícia e música
Além da música, Holandinho fez carreira na Polícia Militar do Estado do Ceará. Estava na reserva, aposentado como 1º sargento, desde 1996. Havia ingressado na corporação em 1969, mesmo ano em que migrou de Iguatu para Fortaleza. Ele também integrava os quadros da maçonaria há mais de 25 anos.
Alandriana, uma das filhas que falou com a reportagem do jornal, disse que ele vai deixar muitas saudades. “Ele foi um pai maravilhoso, um avô amoroso e dedicado, sempre estará em nossos corações”, recordou. O esposo dela, Paulo Cézar, (subtenente da Polícia Militar, atualmente lotado no Batalhão de Choque) também lamentou a morte do sogro. Paulo lembrou que no ano de 1992, quando ingressou na Polícia Militar, no CFAP, Holandinho foi seu instrutor. Durante sua carreira como miliar, foi instrutor de muitas turmas de praças iniciantes da gloriosa polícia cearense. Alanio, filho de Holandinho, é outro herdeiro seu na carreira militar, como subtenente do Corpo de Bombeiros. Rosimeiry, esposa de Alanio, afirmou que o sogro deixará um espaço que nunca será preenchido.
Durante a carreira artística como intérprete, Holandinho participou de vários programas de auditório da TV, sendo recebido com aplausos por apresentadores como Irapuan Lima, Augusto Borges, fazendo apresentações no Show Mercantil e cantou no conjunto The Spalas da Polícia Militar, depois ingressou no PM Som, que também pertencia à Polícia Militar do Ceará.
Suas letras e composições, todas no estilo pop romântico, algumas foram gravadas por ele, ainda em disco de vinil e CDs e também fizeram sucesso com outros intérpretes. Foi vencedor de muitos concursos musicais, fez parcerias diversas com outros nomes de expressão da música e sempre afirmava que a música para ele era como um bálsamo para aliviar, muitas vezes, o peso das agruras da vida. Sempre visitava Iguatu, nunca esqueceu sua terra natal. Cantou diversas vezes no La Barranca e no Walters, acompanhado pelo violão do seu tio Antônio Duarte, Toinho.
O professor Deuzimar Uchôa, contemporâneo de Holandinho, escreveu no grupo Fatos & Fotos – Gente e Cultura, do Facebook: “O Prado recebeu com muita tristeza a notícia do falecimento de seu filho artista Holandinho. O jovem rapaz sonhador que aprendeu a cantar nas quermesses do bairro e nos shows de calouros da cidade. Empolgado com o movimento Jovem Guarda, partiu do Beco do Arranco direto para a tela da TV Ceará Canal 2, brilhando no programa de auditório do Augusto Borges. Era final dos anos 60, época que o “Pessoal do Ceara” também disputava espaço no mesmo horário de sábado à tarde. Holandinho, muito talentoso, tinha a mesma vontade de sucesso do Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Roberto Carlos, mas sua influência musical maior era do Paulo Sérgio. Neto de Seu Joaquim Antônio, figura importante da história do bairro, e sobrinho do violonista Toinho, músico que também fez história nas cordas de aço da cidade, o nosso saudoso artista tornava mais alegre o bairro, quando se apresentava na televisão de Barrão, sempre esbanjando do seu talento. Deixou registado algumas composições em vinil e tornou as noites da capital mais românticas. Holandinho sempre será lembrando pela Velha Guarda do Prado. Descanse em Paz, Holandinho..
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