Momentos de comoção e tristeza marcaram a cerimônia de sepultamento do sanfoneiro José Vieira de Araújo, 79, Zé de Aquino, na tarde desta sexta-feira, 28, na cidade de Orós, terra natal do músico. Ele faleceu no domingo, 23, por volta das 14h no Hospital Leonardo da Vinci, em Fortaleza, após passar mal. O corpo chegou a Iguatu na madrugada da segunda-feira, 24, e por decisão da família foi embalsamado para o sepultamento somente nesta sexta, pois as três filhas dele que moram na Alemanha estavam vindo para o Brasil para participar do último adeus ao pai.
Zé de Aquino vinha há algum tempo fazendo tratamento com medicamento para controlar um problema cardíaco de obstrução de cinco artérias do coração. Francisca Pastor de Araújo ‘Fransquinha’, 77, esposa do sanfoneiro, revelou que ele também havia passado por cirurgia por causa de um problema na próstata e mais recente também fez cirurgia nos olhos por causa de um problema de catarata. Fransquinha contou que apesar dos problemas de saúde, Zé de Aquino nunca se reclamou. Ele encarava tudo de bom humor e sempre grato por tudo que a vida lhe deu, sendo a família, esposa e filhos como maior presente. “Ele disse que quando morresse, não queria tristeza, que fosse sua despedida com música, de maneira mais alegre, assim como era ele”, disse a esposa.
Trajetória
Depois que passou a fazer sucesso com a sanfona, foi com o instrumento que Zé de Aquino viveu e sustentou sua família. Tudo que ele conquistou e construiu foi com a sanfona. Viveu para a música e transmitir alegria às pessoas com seu jeito de falar usando o instrumento.
Filho natural do município de Orós, Zé de Aquino morou em Iguatu de 1985 a 2004 quando resolveu ir morar em Fortaleza com a família, tendo permanecido na capital até seus últimos dias de vida. As três filhas do casal, Maria Lúcia, Maria de Fátima e Gleidimar, moram na Alemanha. Apesar dos apelos das filhas para que os pais também fossem para a Europa, ele sempre resistiu e preferiu ficar no Brasil e no Ceará, lugar em que sempre viveu.
Zé de Aquino foi um dos sanfoneiros mais renomados da região. Era dele a fama de tocador que fazia a sanfona falar, por causa de suas habilidades em manobrar o instrumento. Assim que se espalhou a notícia de sua morte, amigos, admiradores e fãs lembraram grandes momentos da carreira do músico que alcançou o auge nos anos 70 e 80 e 90. Zé de Aquino era estrela das festas juninas nos bailes e festas populares da região. Era o tocador preferido das festas de casamento, os forrós das noites iluminadas, quando os dançadores, embalados pelo som alucinante de sua velha companheira, a sanfona, viravam noite e madrugada até pegar o sol com a mão. “Um forró com Zé de Aquino tocando só tinha graça de a gente amanhecesse o dia dançando. Quanto mais ele tocava, mais dava vontade de dançar”, contou Jucileuda, uma admiradora que lamentou a morte do músico.
A esposa Fransquinha contou que o músico já estava casado com ela, quando se apaixonou pela sanfona, dali em diante, não demorou muito para comprar um instrumento e aprender a tocar. “Ele aprendeu muito rápido e em pouco tempo já estava era tocando em festa”, lembrou. O nome artístico Zé de Aquino herdou de um tio, que foi incentivador de sua carreira na música. A esposa explicou que ele nunca quis gravar em disco, nem CD, suas músicas. Segunda ela, ele gravava em fita K-7 e guardava. A esposa lembra que em 1994, Zé de Aquino, no auge da carreira resolveu parar de se apresentar em festa. Ela disse que foi uma decisão dele, uma vez que estava passando muito tempo fora de casa e ficando distante da família, então ele fez a escolha de voltar para perto da família, que considerava seu maior patrimônio.
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