Klériston Monte (Economista)
O momento por que estamos passando é, no mínimo, tenebroso e preocupante, conclusão que parece ser reconhecida pelos pesquisadores mais respeitados do nosso País, independentemente da área do conhecimento humano.
Numerosos estudiosos econômicos reconhecem que o ambiente que se vislumbra tende a ganhar contorno de tempestade perfeita, uma vez que, concomitantemente, poderemos vivenciar uma crise sanitária e uma crise econômica jamais vistas no nosso País.
Não é descarte da relevância do quesito saúde na essencialidade da sociedade brasileira, assim o presente trabalho tem como escopo principal apresentar, de forma direta e sem maior profundidade acadêmica, o que representou para o município de Iguatu a existência do auxílio emergencial em 2020.
O Quadro 01 mostra o quantitativo financeiro e o número de beneficiários do auxílio emergencial e do programa bolsa família, bem como da população estimada, todos relativamente ao ano de 2020, segundo o Portal da Transparência da Controladoria Geral da União e do IBGE.
Quadro 01 – Auxílio emergencial, bolsa família e população estimada de Iguatu em 2020.
Município | Auxílio emergencial | Bolsa família | População | ||
Iguatu
|
R$ |
Número de
Beneficiados |
R$ |
Número de
beneficiados |
Estimada 2020 – IBGE |
106.722.000,00 | 36.548 | 18.290.061,00 | 11.218 | 103.074 |
Fonte – Portal da Transparência – Controladoria Geral da União e IBGE (2021)
Diante do exposto, o Quadro acima expõe informações relevantes:
– considerando toda a população iguatuense, inclusive os menores de 10 anos e os maiores de 65 anos (a população economicamente ativa), 35,45% da população iguatuense recebeu o auxílio emergencial.
– usando o raciocínio anterior, em 2020, apenas 10,88% dos iguatuenses receberam o bolsa família, o que dizer que o número de beneficiários do auxílio emergencial representou, em nove meses, 3,25 vezes mais do que o número de beneficiários do bolsa família em doze meses.
– o auxílio emergencial, lei que foi publicada em 02 de abril de 2020 e vigorou por 9 (nove) meses, injetou na economia iguatuense R$ 106.722.000,00, expressando destarte um desembolso médio mensal de R$ 11.858.000,00.
– o bolsa família injetou R$ 18.290.061,00, logo um desembolso médio mensal de R$ 1.524.171,75, ou seja, o valor do repasse médio mensal do auxílio emergencial representou, no exercício financeiro anterior, 7,77 vezes mais do que o programa bolsa família.
Outro contraponto interessante que retrata a magnitude do auxílio emergencial se dá quando o comparamos com a maior fonte de receita do Município, o FPM, conforme constam na Tabela 01 e com as fontes especificadas.
Tabela 01 – Auxílio emergencial e FPM
Município | Auxílio emergencial – R$ | FPM – R$ |
Iguatu | 106.722.000,00 | 33.340.706,61 |
Fonte – Portal da Transparência – Controladoria Geral da União (2021). Sefaz-Iguatu (2020)
Fazendo uma relação entre o montante do auxílio emergencial e o total do FPM no período compreendido entre abril e dezembro de 2020, verifica-se que o valor do auxílio emergencial foi 3,20 vezes maior do que o do FPM.
O que foi manifestado acima não pretende externar nenhum juízo de valor ideológico por parte do subscritor, e sim levar aos legentes elementos investigativos relativos ao cenário econômico herdado pelos gestores públicos que assumiram seus mandatos em 1º de janeiro, ficando aos leitores a liberdade de tirar suas conclusões sobre os efeitos que o fim do auxílio emergencial repercutirão na sociedade iguatuense.
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