Já se tornou cena corriqueira o prezado leitor se deparar com as ‘caixinhas’ que são colocadas estrategicamente nos estabelecimentos comerciais nesta época do ano, com as sedutoras mensagens de ‘Colabore com o nosso Natal’, ou ‘Doe seu troco aqui”, ‘Faça alegria de nossa confraternização’.
As caixinhas estão se espalhando e já fazem parte da tradição das festas de final de ano. O efeito delas é visível, especialmente quem usufrui do dinheiro doado. Todo mundo apoia a ideia. Para que haja o efeito natural da solidariedade, a doação tem que ser espontânea.
O dinheiro arrecadado, geralmente, é dividido com o grupo que trabalha no local, ou é usado para comprar os ingredientes da ceia de Natal, ou confraternização, isto é, se todos forem comemorar juntos. Há casos em que o numerário arrecadado é destinado aos colaboradores, individualmente. Os estabelecimentos abraçam a ideia e não interferem na política de utilização ou divisão dos valores depositados. “Aqui a gente deixa colocar a caixinha, não interferimos, eles sempre usam democraticamente o dinheiro e para alguns até ajuda bastante”, explicou um gerente de loja.
Numa casa lotérica da Rua Epitácio Pessoa, no Centro, cada funcionário que trabalha no guichê adotou uma caixinha. Tudo que cair lá é destinado individualmente para aquele colaborador. Os colaboradores decoraram as caixinhas com enfeites de festas natalinas, figurino e adornos que lembram Papai Noel e festejos. Cada um dos funcionários tem planos diferentes com o valor doado. Alguns vão comprar o presente, outros vão pagar conta e até comprar o material escolar do filho. Lá as caixinhas só serão abertas na próxima semana, já no ano novo.
Pandemia
Bruno é um adolescente e trabalha no primeiro emprego, numa casa de vinhos na Rua Cel. Virgílio Correia. Lá funcionou a ‘caixinha’ das moedinhas, mas só até a véspera do Natal. Ele confessou que gostou da ideia, o dinheiro arrecadado neste ano foi pouco, mas ano que vem ele vai repetir o apelo e espera juntar mais donativos.
Já houve ocasião em que as caixinhas conseguiram arrecadar um bom dinheiro. Por isso o sucesso delas vem aumentando. Em muitos estabelecimentos elas estão sempre num cantinho, ou mais expostas aos olhos de quem entra e sai à espera de uma moedinha. Joaci de Souza Gomes, 58, hoje trabalhando num estabelecimento onde as caixinhas já reinaram, disse que os tempos de pandemia minaram muitas coisas, uma delas as doações para as ‘caixinhas’. “Antes o pessoal doava mais, agora diminuiu bastante”.
Generosidade
Doar um dinheirinho nas caixinhas dos atendentes é um gesto de generosidade. Um reconhecimento também pelo trabalho deste pessoal, ao longo do ano. É também uma tradição que vem atravessando o tempo. Em outras épocas remotas já existiam os primeiros sinais de doação, não de dinheiro, mas de alimentos, incluindo sal, farinha, carne seca e azeite.
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