Desde 1965 Antônio Bêco mora num dos endereços mais populares de Iguatu. 13 de maio com Juvenal Barreto. Morada de uma vida toda, com a companheira Marieta Bezerra Nicolau, de saudosa memória. Antônio Bêco e Marieta conseguiram criar os filhos, educá-los, e colocá-los para servir à sociedade
A história de um homem são seus próprios passos e ações realizados ao longo do tempo. Antônio Vicente da Silva, 91, conhecido como Antônio Bêco, tem no currículo o que poucos mortais e pecadores conseguiram ao longo da existência. Aos 91 anos e com certa dificuldade para se locomover, por causa de um acidente doméstico, trabalha na roça todo dia, cuida de gado, constrói cerca e faz questão de dirigir sua velha caminhonete D-20, ano 1984, veículo que usa para se deslocar e suprir suas necessidades de transporte.
É bem verdade que após o acidente suas limitações para locomoção aumentaram, mas ele não para, é a própria inquietação em forma de pessoa. Em 2021 sofreu um acidente num elevador de casa, teve duas quebraduras no braço esquerdo, fratura exposta no joelho e o tornozelo quebrado em dois lugares. Hoje se desloca com o auxílio de uma muleta porque não consegue mais dobrar a perna esquerda, tem placas de metal praticamente em todo lado esquerdo, mas nada que o impeça de sua lida diária.
Diariamente Antônio Bêco trabalha cuidando de roça e gado numa propriedade sua na localidade de Varjota. Trabalho duro debaixo do sol causticante, mas que lhe dá entusiasmo e satisfação. Impressiona seu vigor físico e saúde. Não é hipertenso, nem diabético, não tem obesidade, nem sofre de nenhuma morbidade. Dorme cedo, acorda cedo e faz questão de trabalhar de domingo a domingo. Tem boa alimentação à base de frutas, legumes, cereais, mas confessa que já foi bom consumidor de alimentos à base de milho, feijão, jerimum, batata-doce, carne com pouca gordura. Sua preferência de cardápio é o tradicional baião-de-dois com carne suína frita ou frango. No almoço e jantar, não pode faltar a banana e o suco de acerola, que ele mesmo cultiva num terreno perto de casa.
Pouco estudo; muita inteligência
Mesmo tendo estudado pouco, Antônio Bêco é um homem dotado de elevado grau de inteligência. Tem conhecimento de causas, experiência de sobra sobre comércio e negócios, e ainda dono de uma memória privilegiada. Lembra fatos e histórias de tempos passados, como a data do seu nascimento, o casamento com Marieta, nascimento dos filhos, mas também capaz de lembrar fatos recentes. Antônio Bêco se orgulha de ter construído uma vida honesta, para ele e sua família, sempre ter dito a verdade quando foi preciso, sem nunca perder a moral, a razão e o caráter. “Digo isso, porque um homem sem razão, sem moral e sem caráter não vale nada”, frisou.
Desde 1965 Antônio Bêco mora num dos endereços mais populares de Iguatu. 13 de maio com Juvenal Barreto. Morada de uma vida toda, com a companheira Marieta Bezerra Nicolau, de saudosa memória, 61 anos vividos juntos, falecida em 2016. Depois que a companheira partiu, ele não quis mais saber de mulher.
Trajetória
Chegou a Iguatu vindo da comunidade de Gaspar, zona rural de Quixelô, que na época era território de Iguatu. Montou uma pequena mercearia na casa de morada e foi trabalhar vendendo lenha. Comprava lenha e transportava num velho caminhão de seu pai, Manoel Bêco, estocava e vendia no inverno quando a procura era maior e o preço subia. “No inverno a lenha ficava escassa por causa das chuvas e a Cidao sabia que eu tinha a lenha seca guardada, comprava a mim, as padarias também”, afirmou. Foi o começo da vida econômica, depois comprou seu próprio caminhão e não parou mais. Quando chegou a Iguatu, já tinha três filhos e dois propósitos: trabalhar para sustentar a família e colocar os filhos para estudar. “Marieta tomava conta deles e para levar para a escola, e eu corria atrás de lenha para comprar e vender”, lembrou.
Um casal admirável. Gente simples, honesta, de total idoneidade moral e conduta inabalável. Trabalhando na roça, fazendo economia e vivendo do pequeno comércio, Antônio Bêco e Marieta conseguiram criar os filhos, educá-los, e colocá-los para servir à sociedade. São quatro filhos médicos: Dr. José Humberto, Dr. Alfredo, Dr. Francisco Alberto, Dr. João Fábio e Antônio Filho, este, trabalhou na rede bancária e atualmente é aposentado pelo Banco do Brasil. Antônio Filho não fez carreira na Medicina, mas os três filhos dele também são médicos. Acrescente-se a esses os filhos do Dr. José Humberto, e já teremos uma nova geração de profissionais da saúde, e tudo começou com ele, Antônio Bêco.
Trabalho, saúde e vigor
Se alguém procurar Antônio Bêco no seu endereço, muito provavelmente alguém vai informar que ele saiu cedo para trabalhar. Trabalho, esta é a fascinação deste quase centenário senhor de estatura baixa, cabelos brancos e muita coragem, pois muitos poucos na faixa etária dele passam dos 90 anos com tanto vigor, saúde e disposição para o trabalho.
O apelido Bêco herdou do pai Manoel Bêco e assim ficaram conhecidos também os irmãos: Luiz Bêco, Zé Bêco (in memoriam), Pedro Bêco (in memoriam), Dó Bêco, Neném Bêco, Ana Lúcia, Adalia (in memoriam), Maria (in memoriam) e Alfredo Beco (in memoriam). Até sua mãe era assim conhecida: Aninha de Manel Bêco.
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