O que o Corona Vírus nos ensina sobre o Estado mínimo

24/04/2020

Erbson Lima, graduado em Economia pela URCA 

A “onda” neoliberal ganha força após a desintegração da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) em 1991. Os expertos dizem que passamos a ter uma ordem unipolar, já que os EUA passam a exercer uma influência socioeconômica a nível global sem adversários de mesmo peso. A influência da Rússia, o que restou da URSS, passa a ser a nível regional, especificamente, nos Balcãs e no Cáucaso europeu. Assim, os países emergentes passariam a ser os principais laboratórios de políticas econômicas de Estado mínimo, preconizadas pelos americanos. As instituições responsáveis pela disseminação dessa nova ideia são as antigas instituições criadas no pós-segunda guerra, banco mundial e FMI.

A partir disso, os Estados que queiram se inserir na ordem econômica multilateral terão que adotar políticas fiscais e monetárias ditadas por um “consenso”. O consenso de Washington foi criado na ideia de exportar o neoliberalismo para todo o campo de influência americano. A ideia de um consenso parte de pressuposto que todas as realidades são unívocas. Além do mais, existem “remédios únicos” para todos os países, seja congo ou Bolívia. Entre as medidas estão: a redução da influência do setor público na economia, privatização de estatais, abertura comercial, retorno aos ditames dos clássicos, no que tange a políticas econômicas (mão invisível), redução da tributação, etc.

E o que o coronavírus tem com isso? Com a pandemia instalada por mais de 120 países pelo globo, o que vemos são os Estados querendo controlar tudo com medidas econômicas anticíclicas. Isso seria medidas que vão de encontro a crise instalada pela disseminação da covid19. Até o ministro “posto Ipiranga” do Brasil teve que reeditar um pacote urgente para minorar os efeitos da recessão que já existia, o Brasil cresceu menos de 1% em 2019 além de ter 41% da força de trabalho no setor informal, conforme dados do governo. Também o parlamento teve auxiliar na tentativa de reduzir os impactos econômicos deletérios com o aumento do auxílio emergencial que foi para 600,00, uma briga entre o parlamento e executivo para se chegar a esse valor.

Assim, o que fica de lição para todos é que sem “Estado regulador eficiente” é impossível ter crescimento econômico com justiça social. As falhas de mercado e o surgimento de contingências exigem da sociedade uma infraestrutura pública forte para fazer frente às crises conjunturais. O coronavírus vai nos mostrar que, se a sociedade não compreender que setores sensíveis ao desenvolvimento econômico depende diretamente de um Estado justo, não poderemos sair de uma zona de países importadores de políticas macroeconômicas ditadas por ideias “universais”.

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