‘‘A leitura de todos os bons livros é uma conversação com as mais honestas pessoas dos séculos passados.’’ – René Descartes
Em um mundo idiotizado e idiotizante, poucos são os lugares aos quais possam ser considerados dignos de se fazer presente. A nossa contemporaneidade é feita de e para o supérfluo. Dificilmente encontra-se alguma conversa que ofereça algo para além da superficialidade. A cultura é inculta. São tempos inúteis.
Os bares, que antes cultivavam a boemia dos homens valorosos das décadas passadas, hoje, oferecem apenas frequentadores ‘‘problematizadores’’ e ‘‘desconstrutores’’, envergonhados (vejam só) por serem homens – mesmo não os sendo, na realidade. E patética pseudiontelectualidade desses ‘‘meninEs’’, oferecem estultícias de toda sorte.
Traumatizados e ansiosos por nada, essas criaturas amaldiçoam e patrulham tudo em nome do ressentimento banal criado por eles mesmos quando negam a realidade em nome de um ideal criado na oficina vazia de suas cabeças ocas. Admirável mundo novo que possui gente (coisa) assim.
Definitivamente, o mundo lá fora já não é um lugar sadio para quem tem brio e não tem saco para esse lamaçal de baboseiras vomitadas gratuitamente por esses seres. Há ainda um reduto, meu caro. Há sempre um recanto onde os remanescentes dos velhos tempos possam se refugiar, se proteger das medonhas companhias.
E este reduto é a solidão livresca. Sim, a solidão necessária em momento de contemplação da própria companhia e da dos verdadeiros bons livros! O livro certo é a chave para a fuga da ignorância, e o caminho para a libertação da doutrinação passada, presente e futura!
Tenho por certo de que tais momentos engrandecem o homem. É no trabalho diletante solitário da leitura que se forma uma mente saudável e consciente das ações que incidem sobre o indivíduo e o coletivo, e, nisso, tendo tal consciência, foge-se, invariavelmente, da alienação e da vida primaria animalesca a qual fomos jogados desde a nossa concepção.
Este é, portanto, prezado leitor, o meu reduto. O reduto dos últimos, dos remanescentes da velha geração de homens desprovidos da aprovação ou aceitação dessa medonha geração de frágeis criaturas. Criaturas ávidas por homogeneizar, padronizar a todos no seu ideário doentio.
Venha para o reduto dos últimos, amigo leitor! Ou melhor: crie o seu próprio solitário reduto caseiro. Estarás a salvo!
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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