Antônio Alves Sobreira Neto*
O uso de celular por crianças é um problema que prejudica toda uma geração em vários aspectos. No livro “O oceano no fim do caminho”, o autor Neil Gaiman apresenta uma narrativa protagonizada por uma criança de 7 anos, que é vista como “leitora assídua”. A partir disso, os eventos ocorridos utilizam a capacidade imaginativa da garota. É essa característica criativa que está ameaçada pelo uso excessivo das tecnologias durante a infância.
A utilização precoce de aparelhos eletrônicos, de um modo geral, promove uma dificuldade de interação, criando “ilhas” e fomentando o isolacionismo. Isso é a realidade de 91% das crianças e adolescentes do Brasil, que utilizam os dispositivos de maneira desregrada e ilimitada, confirmando a ideia da “Escola de Frankfurt”, que aponta a tecnologia como elemento escravizador do indivíduo.
A ausência do controle dos pais sobre o conteúdo consumido também ocasiona danos às petizes, tendo em vista que a principal plataforma de vídeos, o “Youtube”, não possui uma política clara de “sugestões” e “recomendações”, podendo apresentar situações de violência às crianças, o que se torna perigoso diante da indistinção entre o real e o virtual feita por elas. Ademais, ocorre também um aumento da suscetibilidade infantil a propagandas, que muitas vezes são conteúdos atrativos para a faixa etária entre 1-5 anos.
É necessário destacar os problemas que o abuso de celulares pode causar à saúde, gerando riscos de atraso no desenvolvimento da fala, além de limitar a capacidade criativa e potencializar danos oftalmológicos que surgem pela manutenção de um único foco visual por muito tempo, ocasionando enrijecimento dos músculos do cristalino (a principal lente do olho humano) e o surgimento da necessidade de se utilizar um par de óculos.
Faz-se necessário que as esferas pública e privada criem campanhas midiáticas de estímulo ao convívio social das crianças por meio de brincadeiras e “playgrounds” em praças públicas e privadas, de modo que elas socializem, para que as “ilhas” se tornem um “arquipélago”. Outra medida é o controle por parte dos pais do tempo diário de uso dos celulares, assim a utilização não será abusiva, impedindo a imersão no mundo virtual.
*Aluno do 2º ano da Escola Modelo de Iguatu
Texto produzido na Oficina de Redação do Professor José Roberto Duarte
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