‘‘O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam.’’
Platão (tradução adaptada do trecho de “A República”)
O brasileiro comum, via de regra, costuma votar por indicação de um ‘superior’, pressão ou até mesmo a pedido de algum familiar etc. Ocorre que poucos, presumo, são os que votam por afinidade ideopolítica. E acho que é precisamente esse quesito que deveria nortear o voto individual. Seria, portanto, este o genuíno voto consciente.
O homem livre verdadeiramente deve ser também livre para escolher o seu candidato mediante os critérios avaliativos que considere importantes para a referida escolha. Se o amigo leitor não tem em boa conta pensamentos progressistas de esquerda, certamente simpatiza com o conservadorismo e/ou liberalismo. Assim sendo, eis um bom norte para indicar o caminho certo para o voto consciente: a base ideológica que sustenta o pensamento político.
Nesse sentido, fica fácil descartar proposições de candidatos de viés aviltante, como é o caso do pensamento marxista em relação a propriedade privada e a tomada da mesma pelo proletariado. Trata-se do desrespeito ao que é do outro; um espólio sem precedentes. Se o amigo leitor valoriza o que é seu e respeita o que é do outro como direito inviolável e sagrado, certamente deverá repudiar tais concepções imorais.
O mesmo cabe em relação ao respeito à família. E sabemos bem quem há muito deseja a sua derrocada. A mesma sede pelo fim do cristianismo é também defendida pelos ‘canhotas’ mais radicais. Bem como a superação do professor pelo aluno, – embora eles usem de eufemismo tal intento, mediante o cansativo chavão do ‘‘não há saber mais nem saber menos…’’
Logo, atento leitor, fica mais uma vez evidente escolher um lado. Basta ir na contramão de tais perniciosas visões do mundo. Se valorizamos o trabalho, a família, a religião, não convêm nutrir ligação com os seus opostos, não é verdade? Claro que o assunto merece maior profundidade, mas estou sendo sucinto, para poder tocar na questão central: o incentivo a tornar-se um ser político.
Claro que há muitos outros conceitos aos quais poderíamos comparar, mas não há espaço para tanto no momento, nem mesmo laudas e laudas seriam suficientes para elencarmos as discrepâncias entre as malévolas ideologias da esquerda e as benéficas ideologias da direita. Embora não goste de maniqueísmo, estou utilizando-o, aqui, como alegoria, afinal, a vida não é apenas um amontoado de ideias dicotômicas, mas, ao contrário, um emaranhado tênue das mesmas. Por isso é importante identificarmos o cerne encoberto de tais problemáticas.
A minha sugestão é a de que, para as eleições de 2022, o amigo leitor e eleitor possa vir a considerar a ideia de ver a política pelo seu fundamento filosófico político; ou seja, no que se baseiam as múltiplas correntes. Leia sobre os autores conservadores, liberais, marxistas… em suma: leia as correntes da direita e da esquerda e veja em qual delas você realmente se identifica. Não seja apenas torcedor de político ou partido, mas seja um ser político pensante, de fato!
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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