Em Iguatu, no domingo, 17, data em que a igreja católica celebra o oitavo ano do Dia Mundial dos Pobres, A Obra Rainha dos Anjos – ORA realizou mais uma edição do evento “Como Tomé”, encontro especial com pessoas em situação de rua. O momento aconteceu na capela de Santa Luzia, na rua 15 de novembro. “Uma experiência de poder tocar na carne sofredora dos nossos irmãos desfigurados. No ‘Como Tomé’, além de dar alimentação, acontecem ainda triagem para o acolhimento para a casa da obra, pregações, adoração, lava-pés, testemunhos, e a missa de encerramento presidida pelo bispo diocesano dom Geraldo.
O evento contou com a presença de representantes de serviços, pastorais, voluntários, além e Ricardo Monte, fundador da ORA. “Somos uma comunidade a serviço da Igreja Católica Apostólica Romana, que há 15 anos vem atuando na luta contra a dependência de substâncias psicoativas. Nossa missão se funde com a minha história de vida, que vive no cativeiro das drogas por 17 anos, desses, 7 no crack, e após uma recaída, tive uma experiência profunda com amor de Deus por meio de Nossa Senhora. Me senti chamado por Ela primeiro a me resgatar e resgatar àqueles que se encontravam nessa mesma situação”, contou Monte.
O início
Devido a essa história e muitas outras, no dia 13 de maio de 2008 nasceu a Obra Rainha dos Anjos. No início, um grupo de oração para alguns dependentes químicos em situação de rua, no quintal da casa de Ricardo. Depois esse grupo sentiu a necessidade de ir às ruas, fazendo uma abordagem direta aos irmãos que sofriam com o uso de drogas. Assim seguiram, até chegar em um momento da fundação da primeira casa de acolhimento.
Na diocese de Iguatu, a Obra chegou em 2013. “Fomos convidados por dom João Costa, bispo diocesano na época, quando abrimos a casa em Milhã, uma casa masculina, onde os meninos passam nove meses em tratamento e em 2018 a casa em Iguatu. Um tempo atrás tínhamos a casa em Iguape onde passaram muitas pessoas. Hoje, temos um pequeno espaço onde a gente faz um pequeno trabalho de prevenção no Serviluz, em Fortaleza, próximo à praia do Titazinho. A Obra Rainha dos Anjos ainda é um embrião no seio da igreja. A gente tenta ser uma resposta para o espírito para esses tempos”, disse Ricardo Monte.
Transformação, conversão e cura
O principal trabalho da Obra é levar a experiência das ruas, proporcionar a experiência verdadeira com o Senhor, “Porque a partir dessa experiência começa um processo de transformação, de conversão. Costumo dizer que não é só virar o copo, empurrar a lata, o cachimbo, o prato de cocaína para debaixo da cama. Não se trata disso. Trata-se de uma transformação por completo. Pela Organização Mundial de Saúde, a Ciência fala que a dependência química, o uso, o abuso de drogas, que hoje se chama Transtorno Por Uso de Drogas e Substâncias Psicoativas, fala que a dependência química não tem cura, mas o homem tem cura. Deus cura, toca nossos corações. Não podemos minimizar o poder de Deus. Jesus ele transforma, cura nossos corações, vai nas raízes mais profundas de desamor. Em meio a tantas ausências, Ele é Deus fiel, presença fiel em todos os momentos. Então, a obra rainha dos anjos ela vai nas ruas, nos guetos, nas pequenas cracolândias, onde estamos. Resgatar, trazer para nossas casas, ser famílias para eles. Eles passam nove meses conosco, depois a gente tenta reinserir na sociedade, na vida eclesial e tudo isso são os meios que a nossa Santa mãe igreja nos dá. Os sacramentos, oração, palavra de Deus, Eucaristia, mas sabemos que não é só isso. O homem é um ser muito complexo, muitas vezes tem o profissional, psicólogo, assistente social, funcionários. A gente tenta ser uma resposta para esses tempos de muitos desafios”, destacou Ricardo.
“O Dia Mundial dos Pobres é um dia que tocamos na carne sofredora de Cristo. Para nós, os pobres são Jesus, abandonado no calvário das ruas, o desfigurado, o invisível, muitas vezes passamos como aquele levita, sacerdote que tantas vezes passa sente pena, pena é um sentimento terrível. Jesus sentiu compaixão, entrou na história do outro para mudar, então nós queremos cheios de compaixão entrar na história do outro para mudar, ser uma resposta, uma mão estendida que aponta que existe um caminho com Deus sempre tem jeito. A gente faz o evento para essas pessoas, mas costumo dizer para nossos irmãos que estão em serviço que Deus faz muito mais para nós, quando tocamos na carne sofredora desses irmãos, a revolução do amor acontece. Saímos daqui transformados, a indiferença acaba. É enxergar Jesus na beleza onde poucos encontram”, concluiu.
Ricardo agradece a todos os serviços, pastorais, voluntários, quem ajudou direta e indiretamente para mais um momento celebrativo no Dia Mundial dos Pobres. Além de palestras, adoração ao Santíssimo Sacramento, café da manhã e almoço, o encerramento foi com um missa presidida pelo bispo diocesano dom Geraldo Freire.
A Obra Rainha dos Anjos está localizada na diocese de Iguatu com duas casas de acolhimento e em Fortaleza com sede no bairro Vila União. As pessoas interessadas em ajudar e conhecer mais sobre essa importante missão basta acessar as redes sociais @obrarainha.
Quem foi Tomé na Bíblia
Tomé foi um dos 12 apóstolos, que acompanhou Jesus durante seu ministério. Como apóstolo, Tomé foi um dos fundadores e primeiros líderes da igreja. Tomé ficou conhecido principalmente por ter duvidado da ressurreição de Jesus.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco em 2016, ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A iniciativa surgiu como um chamado à Igreja e à sociedade para reconhecerem a presença de Cristo nos pobres e excluídos, e para responderem a essa realidade com amor e serviço.
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