– Jaaaaaaakson!
O grito acabou com a merecida sesta naquela casa de Olaria, zona norte do Rio de Janeiro.
– Ô, Jakson, têm dois cabeludos lá fora querendo falar contigo, homem!
O aviso de Tinda interrompeu o descanso do ritmista Jakson do Pandeiro naquela tarde qualquer do ano de 1972.
Jakson, com certa insatisfação, pois andava ocupado com a divulgação do seu novo disco “Sina de Cigarra”, atendeu as visitas inesperadas.
Do lado de fora, violões em punho, estavam os dois rapazes, um de cabelo até o ombro e barba enorme, o outro de cabeleira cacheada.
Tinda, os olhando de alta a baixo, pergunta:
– O que vocês vieram fazer aqui?
– Viemos falar com seu Jakson!
Tinda, então, repetiu o olhar perscrutador, e entrou. Depois de alguns minutos, voltou, ainda desconfiada, abriu a porta e os visitantes entraram. Jakson do pandeiro os recebeu com o mesmo olhar de desconfiança do irmão e os pediu que sentassem:
– O que vocês querem?
– Jakson, nós viemos aqui lhe convidar para defender com a gente uma música no Festival Internacional da Canção, o FIC.
– Que tipo de música?
– Uma embolada.
– Então cante!
O barbudo, que tinha tomado a dianteira da conversa, pegou o violão e começou:
“Estou montando no futuro indicativo
Já não corro mais perigo
Nada tenho a declarar”
Jakson começou a ficar animado e o rapaz continuou:
“Terno de vidro costurado a parafuso
Papagaio do futuro
Num para-raio ao luar”
Jakson, fisgado imediatamente, gritou: esses cabeludos não são cabra safado, não. Eles fazem coco de embolar!
E foi assim que Alceu Valença e Geraldo Azevedo convenceram o veterano ritmista a cantar com eles “Papagaio do Futuro” no palco do Maracanãzinho, naquele que seria o último grande evento brasileiro na era dos festivais!
Você conhecia a história por trás da canção “Papagaio do Futuro”?
Bom final de semana e até a próxima!
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