Luís Sucupira é repórter fotográfico, jornalista (MTE3951/CE) e escritor
Era setembro de 2017. Fazia uns meses que havia sido descoberto um ninho de caborés no Jiqui, em Quixelô, mas eles ainda estavam muito novinhos e escondidos no buraco. Apenas os pais estavam voando e do lado de fora. Tentei, mas não consegui as fotos que queria fazer.
Alguns meses depois me avisaram que eles estavam do lado de fora e decidi ir ao Jiqui registrar.
Saí cedo. Fui na companhia do Erick e do compadre Alex. Foi um exercício de grande paciência sob um sol de rachar. Passo a passo fui me chegando, quase me arrastando para conseguir boas fotos. É uma raridade registrar a família toda junta.
Eu estava determinado e, com a paciência de um fotógrafo do Nat Geo, comecei a minha campana. A cada clique eles se assustavam. Essas aves têm uma visão e audição apuradíssimas e sabia que não podia apertar o disparo contínuo. Teria que ser foto a foto. E assim foi.
Uma hora depois nos acostumamos uns aos outros. Eu entendendo como eles se movimentavam e eles percebendo que eu poderia não ser uma ameaça.
Em determinado momento, eles todos, pais e filhos, se perfilaram fazendo pose, como quem diz – “Olha aí, cara! Estamos prontos!” E nessa hora foi no disparo contínuo mesmo. Sabia que não teria outra chance. Fiz a foto que eu esperei por meses. Depois disso, relaxei e passei a buscar outras imagens de bônus. E elas vieram. Foram várias.
Era hora de voltar, o Erick seguiu na frente e chegou primeiro em casa. Minha doce e bela Jamile ainda dormia, mas ouviu de longe o Erick falar: – “Luís tirou um monte de foto dos ‘cabarezinhos’. Uns cinco! Um em cima do outro!” Foi o suficiente para Jamile se levantar e quase começar a Terceira Guerra Mundial.
– “Como assim cinco cabarezinhos, Erick?”
O Erick tentou explicar e só conseguiu com a ajuda da Cristina, esposa do Paulo.
– “Não, Jamile… Eu disse errado… são 5 caborezinhos… Corujas!”, disse o Erick.
– “Onde que tem cabaré aqui no Jiqui? Se um não tem, imagina cinco e um em cima do outro? Eita, mulher ciumenta!”
O riso foi geral. Minutos depois cheguei junto com compadre Alex e me contaram a história. Mostrei as fotos e até hoje o ‘meme’ rola. Sempre que contam é garantia de novas e boas risadas e, claro, alguns lembretes de cuidado.
Moral da história: antes de soltar uma notícia, tenha a certeza que a manchete está correta, senão…
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